Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Até pouco tempo atrás, eu só havia lido os autores
portugueses mais populares, mas conhecidos de nós, brasileiros: Fernando
Pessoa, Saramago e Camões. Pois estive algumas vezes em Portugal e lá encontrei
livros de outros autores da terrinha maravilhosa, na casa da minha filha Daniela
e de Pierre Aderne, o cantor-compositor-escritor-produtor-apresentador.
Encantei-me com Miguel Torga, ao ler pequenos trechos de um
grande livro antigo dele ou sobre ele, na Quinta do Crasto, no Douro, em um
jantar que nos fora oferecido lá.
Depois disso, ganhei alguns livros, outros comprei e comecei
a ler escritores portugueses contemporâneos, como o Torga, José Luís Peixoto,
Gonçalo M. Tavares e Walter Hugo Mãe, angolano que vive em Portugal. E que
mergulho agradável nas letras portuguesas atuais, embora os autores conhecidos
ainda sejam poucos e eu tenha lido apenas um livro de cada um deles, por
enquanto.
Os livros, como já disse, foram comprados em Lisboa, foram
publicados lá, consequentemente estão na língua portuguesa praticada em
Portugal. Sabemos que a unificação do português, falado em vários países, não será
uma realidade nem a curto nem a longo prazo, por mais que queiram alguns, mas
as palavras desconhecidas que encontrei nos livros que li não dificultaram a compreensão ou a recriação das belas obras.
De José Luís Peixoto, li “Dentro do Segredo”, uma viagem na
Coreia do Norte. Num tom quase coloquial, o autor nos dá a oportunidade de
conhecer um país tão fechado para o resto do mundo como aquele. Em seguida, com
certeza, vou ler a prosa de ficção e a poesia do escritor.
“Novos Contos da Montanha” é o livro que li de Miguel Torga.
Trata-se de um painel das almas da serra portuguesa, como o próprio autor diz.
Que magnífico contador de histórias! Quanta singeleza, quanto lirismo, quanto
conteúdo, quanta criatividade, nos contos desse grande escritor. Ele me lembrou
um pouco o nosso querido Júlio de Queiroz, pois muitos de seus contos chegam ao
desfecho com revelações impressionantes, surpreendendo sempre, nunca sendo
óbvio.
De todos que li, Gonçalo foi o mais singular, um pouco
difícil de digerir, mas sempre interessante. Preciso ler mais da obra dele.
E Walter Hugo Mãe, o angolano-português, também me
impressionou, não só pelo domínio sereno e tranquilo da língua-mãe, mas pelo
fôlego e pela excelência de sua criação, pela sensibilidade e profunda
percepção do ser humano. Li “A Máquina de fazer Espanhóis”, o quarto e último
volume da sua tetralogia que mostra o tempo da uma vida humana, desde a
infância até a velhice. É claro que vou ler os primeiros três romances, até já
os comprei.
Então se a literatura brasileira é boa, tem grandes autores,
não é por acaso. É porque a literatura portuguesa é riquíssima em conteúdo, em
estilo, em qualidade. Então os grandes escritores brasileiros têm a quem puxar.
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