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quinta-feira, 1 de julho de 2010

DESCAMINHOS DA CULTURA CATARINENSE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

A cultura em Santa Catarina não vai muito bem, obrigado. É frustrante dizer isso, mas é verdade. A Fundação Catarinense de Cultura, depois de uma gestão desastrosa de Edson Machado, de 2003 a 2007, período em que muito pouco foi feito e a entidade quase foi extinta, e da passagem de Elisabete Anderle, por apenas um ano, teve ares de renovação, com a administração de Anita Pires, de 2008 a 2010. Projetos que tinham sido abandonados foram retomados, como o Projeto Cruz e Sousa e a Lei Grando e editais de apoio à cultura foram levados a efeito. Não que tudo estivesse perfeito, mas apesar da equipe de retaguarda da presidente da Fundação não ser das melhores, um trabalho vinha sendo realizado.
E então, com a posse do "governador" Leonel Pavan, que chegou e já foi metendo os pés pelas mãos, a presidente da FCC pediu demissão, pois seu cargo tinha sido oferecido a outrem sem que ela tivesse sido comunicada. Com toda razão ela saiu, pois foi preterida, foi desrespeitada, e assim um novo gestor foi empossado. Vamos ver como correrão as coisas daqui por diante. A Lei Grando, por exemplo, tinha uma nova edição do edital prometida pela presidente anterior para este ano, mas até agora nada aconteceu. E o pagamento dos contemplados pelos últimos editais de apoio à cultura estão atrasando. Será que o atual governo vai possibilitar que tudo se regularize?
Outro fato que talvez devesse ter ficado só entre os envolvidos é o desentendimento entre o diretor anterior da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina e o gestor que está atualmente no cargo. Um desmerecendo o trabalho do outro, com direito a destaque nos grandes jornais. Isso, na verdade, desmerece a cultura de nosso Estado.
Outro acontecimento lamentável para a nossa cultura foi o repasse de verba, por uma Secretaria do governo catarinense, de verba que tinha sido solicitada pela Câmara Catarinense do Livro para a realização da Feira do Livro de Florianópolis e que, na verdade, apenas transitou pela CCL, indo para a realização do Donna Fashion, um evento de moda. A Câmara Catarinense de Cultura ficou apenas de patrocinadora no evento e nem conseguiu realizar algumas das sessões de autógrafos programadas pela própria organização do Donna Fashion, no espaço para esse fim destinado, que era tomado para transmissão de reportagens no horário dos lançamentos.
No final do ano passado, Santa Catarina foi o Estado homenageado da Feira do Livro de Porto Alegre e a Fundação Catarinense de Cultura nomeou uma comissão para escolher os escritores que mandaria ao Rio Grande do Sul. Os escolhidos, pasmem foram todos os integrantes da comissão, menos o professor Lauro Junkes e um outro escritor. Foram mais alguns, claro, que não eram da comissão, mas pra que a FCC formar um comissão para escolher ela própria?
E vou citar apenas mais um descaso oficial para com a cultura e para com o cidadão que paga impostos e gera a receita que é gasta tão perdulariamente: o show de natal, em Florianópolis, com um cantor internacional, que não foi realizado até hoje. O problema é que o espetáculo, que custou quase quatro milhões de reais, já tinha sido pago e não se tem notícia de que o dinheiro tenha sido devolvido.
Há mais, mas não me cabe ficar enumerando aqui os desmandos dos donos do poder com o dinheiro público. Temos é que exigir que isso acabe. As eleições estão aí. Vamos tentar votar bem, vamos verificar as fichas de nossos candidatos, saber se ela está limpa. A responsabilidade pelo mau uso do imposto que pagamos também é nosso, pois somos nós que elegemos os políticos que se locupletam no poder.

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