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quarta-feira, 28 de julho de 2010

EU E OS JACATIRÕES

Recebi um texto de um amigo escritor de Joinville, e como pedi a ele para usar a crônica como prefácio em uma próxima edição do meu novo livro "Terra: Planeta em extinção", vou transcrevê-lo abaixo. O livro faz parte da coleção Letra Viva, publicada em comemoração ao trigésimo aniversário do Grupo Literário A ILHA e Jurandir também faz parte, assim como Célia e Mary.

JACATIRÕES CULTURAIS

Jurandir Schmidt

Cícero, o mais eloquente dos oradores romanos, ditou este conceito: “O estudo e a contemplação da natureza, é o alimento natural da inteligência e do coração”.
Eloquente, também é o meu amigo Luiz Carlos Amorim, embora redigir seja o seu maior campo de trabalho. Existem homônimos, mas este é natural de Corupá, uma bela cidade catarinense de natureza exuberante e destacada por suas grutas e cachoeiras. Formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Joinville, contabiliza um intenso período literário e educacional, tendo vários livros publicados e com participações em antologias nacionais e estrangeiras, possuindo ainda trabalhos em jornais, revistas e portais da internet.
Por saber que a natureza é uma imensa formação artística vegetal, ela tem forte influência em suas redações e uma de suas obras preferidas é o jacatirão (Tibouchina mutabilis), também denominada de manacá-da-serra. Seu florescer espetacular que inicia branco, no segundo dia fica lilás e no terceiro violáceo, desperta o ontem, o hoje e o amanhã deste meu amigo, revelando a saudade, a realidade e a esperança de seus sentimentos. Sabendo mostrar e valorizar os momentos de vida, o jacatirão registrou-se em sua mente e de imediato enraizou-se até o coração, sobrevivendo mesmo quando a temporada floral dá lugar a outras espécies. Parece que ele enxerga em cada pétala uma letra, em cada flor uma palavra e em cada ramo uma sentença, como um livro aberto de páginas oscilantes.
Viajar pela cultura do país é uma de suas necessidades e quando os caminhos estão ladeados de jacatirões, a felicidade é ainda maior. Esta árvore não apresenta raízes agressivas, permitindo seu plantio em diversos espaços, possuindo as mesmas estruturas das palavras do meu amigo: não são agressivas e podem ser lidas e utilizadas sem qualquer restrição.
Para muitas pessoas, o aprendizado termina quando recebe os méritos de alguma realização pessoal, muitas vezes sem a análise dos resultados finais. Para o Amorim, as realizações são apenas o início para outros estudos e aprendizado, que se renovam tal qual a floração do jacatirão e de outras plantas. Muitas delas estão perto do seu convívio familiar, em um jardim ecologicamente correto, onde desfruta do ensinamento de cada vegetal ali cultivado. Nunca dispensa o professorado da natureza e nem dela se utiliza descontroladamente, pois aprendeu que ela não se produz exclusivamente à vontade de seus discípulos.
Assim, meu amigo vai subsistindo aos dias, escrevendo pelos caminhos seus ideais cultivados, preservados, observados e sempre focados na liberdade de expressão. Sempre desejou solos férteis e com menos obstáculos para as pessoas trilharem, preferencialmente, repletos de jacatirões floridos, independente das cores apresentadas e dos sentimentos despertados.

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