Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Já falei aqui, várias vezes, do Memorial Cruz e Sousa, que foi prometido para o aniversário do poeta em 2008, mas que só foi inaugurado depois do aniversário de 2010, aqui em Florianópolis. Pois a polêmica não acabou. O espaço é pequeno para se realizar ali atividades culturais, literárias, eventos com algum público. Quando da inauguração, divulgou-se que ali, além de ser o jazigo de Cruz e Sousa, seria um novo espaço para acolher eventos artísticos e culturais. Mas a verdade é que o espaço é pequeno e desguarnecido de qualquer móvel para acolher reunião de pessoas.
Eu estive lá para comprovar o fato. Mais uma vez, o governo de Santa Catarina promete, mas não cumpre, ou cumpre pela metade. Promete espaço onde se poderia realizar lançamentos de livros, sessões de autógrafos, homenagens ao poeta, como saraus, exposições, mostras, mas não dá condições para isso.
Soube que a Fundação Catarinense de Cultura, que é quem administra o imóvel, vai reformar o Memorial, para torná-lo usável. A desculpa é que o referido está construído sobre a Casa de Força do Palácio Cruz e Sousa. Levou tanto tempo, mais de dois anos, desde a chegada dos restos mortais do poeta até que se inaugurasse o Memorial – pela metade, pois o projeto previa mais benfeitorias – e ninguém percebeu que estava sendo construído em lugar impróprio do jardim do Palácio, que era muito pequeno, que não seria possível realizar nenhum evento em espaço tão exíguo? Isso deve ser um capítulo desgarrado da reforma do CIC, que já tem três anos, gastou-se milhões e mais milhões dos cofres públicos e até o início do ano, não havia sido feito praticamente nada. O maior teatro do Estado está fechado por anos sem que, até agora, estivesse sendo feito absolutamente nada nele. As coisas precisam mudar por aqui.
Por outro lado, andei procurando, por vários dias, em quase todas as livrarias, o livro “O Fantástico na Ilha de Santa Catarina”, de Franklin Cascaes. Em algumas delas me disseram que faz algum tempo que não têm nada do autor, que as edições de seus livros estão esgotadas.
Não desisti e continuei procurando, até que em uma delas me disseram que havia, ainda, um exemplar da segunda edição de “O Fantástico na Ilha de Santa Catarina”. Esperei quase meia hora pela procura, achei que iam chegar à conclusão que o estoque estava errado e ali também o livro estava esgotado. Mas finalmente encontraram e eu comprei o último exemplar. Fiquei feliz, pois foi minha filha que está morando em Lisboa, fazendo um mestrado, que pediu.
Como é que um autor, um artista da importância de Cascaes, que já esgotou várias edições de seus dois livros, não tem a sua obra em todas as livrarias da cidade? Um artista da terra, que deve ser valorizado, não pode deixar de estar nas prateleiras de toda e qualquer livraria da Ilha e da Grande Florianópolis.
Franklin Cascaes dedicou sua vida ao estudo da cultura açoriana em Santa Catarina, notadamente em Florianópolis, incluindo aspectos folclóricos, culturais, suas lendas e superstições, registrando as histórias que ouvia do jeito que o ilhéu falava.
Tomara que novas edições dos livros de Cascaes sejam feitas, pois um escritor e artista do seu quilate merece ter a sua obra disponível. O centenário do nascimento do artista já vai longe, ocorreu em 2008, mas temos que comemorar a sua obra sempre.
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