Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Recebi “Gurita”, romance de Marcos Antonio Meira há meses, mas a correria não me deu tempo para pegá-lo e lê-lo com vagar: edição de livros, revisões, editoração de revistas, etc.
Quando conheci o autor, na entrega dos prêmios da Academia Catarinense de Letras, em dezembro, o livro já estava comigo. “Gurita” foi apontado como o melhor romance de 2011.
Neste carnaval, já que não viajei e não tenho mais pernas para usufruí-lo, comecei a ler “Gurita”, com tempo, calma e tranquilidade. De cara, gostei do fato de o autor ter escolhido como cenário o “nosso” bairro, Barreiros, o nosso mar, a nossa Grande Florianópolis. E fui gostando mais, quanto mais eu lia, pois ali estavam retratados costumes, sentimentos, maneira de viver da gente desta terra nos anos setenta e oitenta. E mais curioso, mais gostoso e interessante: a maneira de falar dos nativos desta região. O autor foi fiel, linguisticamente, ao jeito de falar único das pessoas da época, dos pescadores que ainda traziam consigo um pouco da herança açoriana que foi deixada pelos nossos colonizadores.
A luta pela vida e os dramas de uma gente simples, com detalhes de uma época que não vai muito longe, mas nos possibilita conhecer a cosmovisão, as emoções e os valores de personagens que poderiam ter realmente existido na nossa vizinhança.
Por falar em personagem, a literatura está presente em grande parte do romance e chega a ser quase uma delas. Um dos protagonistas, leitor inveterado, amante da literatura brasileira e portuguesa desde os clássicos, é quem faz com que os livros e a leitura estejam sempre presentes, a ponto de nos brindar com a transcrição de poemas de Cruz e Sousa e Fernando Pessoa e trechos de Machado de Assis. Aliás, isso evidencia o gosto pela leitura do autor, também pelo fato de citar, no romance, diversos grandes escritores e pensadores e até a Bíblia Sagrada.
Valeu a pena conhecer Gurita. Pela pedra em si, que passa a ser um marco para todos que lerem o romance, pela época que eu não vivi, aqui em Barreiros e na Grande Florianópolis – faz pouco mais de dez anos que moro aqui – e pelas ricas personagens do romance.
Salve, Amorim!
ResponderExcluirFoi com alegria no coração que li a resenha sobre o meu livro. Obrigado por respeitar as minhas palavras - via Gurita. A sua maneira de escrever, bem como os temas que elege, não deixam dúvidas: a sua alma é simples e, por isso mesmo, verdadeira.
Fraterno abraço,
Meira