Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
A TV mostrou, nos últimos dias, o cão que acompanha seus donos até a escola e fica no portão da escola esperando por eles até a aula terminar. Isso lembra um filme que mostra outro cão, mais fiel ainda, que fica esperando por seu dono que não voltaria mais até a sua própria morte.
Os jornais mostraram, há algum tempo, a história de dois cães de rua que andavam sempre juntos pelo centro de Florianópolis, mais exatamente pela área da Beiramar. Eram amigos, pois não se separavam. Acontece que um belo dia foram atravessar a avenida e um deles foi atropelado e morreu. Pois o outro ficou ali, solidário e triste, rodeando o amigo, lambendo-o, como quem diz: “acorde, amigo, vamos embora!”. Não arredou pé do lado do amigo, mesmo quando alguém o colocou dentro de um saco plástico para levá-lo dali.
A imagem do cão velando o outro emocionou quem passou por ali e até a televisão parou para registrar o quadro inusitado. Uma senhora que parou para ver condoeu-se com a perda e a dor do cão remanescente e pegou-o, tirou-o de perto do amigo morto e levou-o para casa, adotou-o. Ela disse que iria dar um lar para ele, iria tentar retribuir o carinho que ele demonstrou pelo amigo. Belo gesto, minha senhora. Menos um cão abandonado na rua.
A fidelidade do cão de rua me lembrou de Pituxa, a nossa Xuxu, sobre a qual já escrevi algumas vezes. Mesmo que eu a segure para dar-lhe remédio – ela é muito forte, apesar dos seus dezoito anos -, mesmo que eu brigue com ela quando ela faz xixi onde não deve, ela sempre vem correndo para mim, quando chego, me lambe a cara, as mãos, mostrando que não guarda rancor, por mais que a gente tenha que fazer coisas que a desagradem. Sempre abana o toquinho de rabo, dando-nos boas vindas. Sempre late pra gente, quando estamos meio pra baixo, como quem diz: vamos, amigo, ânimo, vamos viver que a vida não espera, o tempo não para. E, é bom frisar, ele não ouve, enxerga quase nada, pois a catarata está tomando os seus olhos e também quase não sente mais cheiro.
O ser humano, infelizmente, não é tão fiel assim.
Verdade! Tomará a metade das pessoas seguissem o exemplo dos cães de fidelidade e amor. :)
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