Por Luiz Carlos
Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
A Páscoa esta chegando e ela me traz a lembrança, mais uma
vez do meu avô Lúcio.
Digo que a Páscoa faz que ele se faça mais presente na
lembrança, porque ele morava em Corupá, quando eu era criança, mas quando eu
tinha uns 6 ou 7 anos ele mudou-se para Joinville. Ele era ferroviário, assim como
quase todos na família, e a imagem dele chegando a nossa casa com uma cesta de
vime pendurada no braço direito não me sai da memoria. Nossa casa ficava
distante da estação ferroviária, em Corupá, mais ou menos uns dois quilômetros.
Mas lá vinha ele, a pé, com a cesta cheia de guloseimas para nós, os netos. Ele
trazia aquelas balas grandes e coloridas, do tamanho de um ovo de galinha, que
hoje já não existem mais, trazia coco Indaial, um coco amarelo do tamanho de um
ovo de galinha, também, com uma ou duas amêndoas dentro, do tamanho de uma
castanha do Pará, talvez, coisa que já não vejo há décadas, infelizmente.
Trazia tucum maduro – uma fruta parecida com butiá, mas preta - a gente come a
casca e o coquinho que tem dentro. Trazia goiabas, trazia maria-mole, trazia
aquelas balas coloridas que eram cortadas em fatias grossas, nem sei se elas
ainda existem.
Era uma festa a chegada do meu avô a nossa casa em Corupá.
Acho que ele ficava colecionando todas essas frutas e doces para encher a cesta
e, num seu dia de folga, tocar para Corupá para entregar tudo aquilo pra gente.
Coisas simples, mas que eram oferecidas com carinho e tinham um valor
incomensurável.
Hoje os avôs não dão, absolutamente, esse tipo de presente.
Hoje os avôs dão brinquedos eletrônicos, como jogos, telefones, tablets,
consoles, etc. Mas aqueles tempos do meu avô eram felizes e dá uma saudade
muito grande.
Não lembro mais do rosto do meu avô, só lembro que ele era
careca, tinha apenas uma coroa ao redor da cabeça. Acho que lembro disso porque
também estou ficando careca e talvez fique igual a ele. E, engraçado, apesar de
não lembrar do rosto dele, eu ainda o vejo chegando com a cesta no braço, cheia
de oferendas. Saudade.
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