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quarta-feira, 27 de março de 2013

AS VISITAS DO MEU AVÔ


    Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

A Páscoa esta chegando e ela me traz a lembrança, mais uma vez do meu avô Lúcio.
Digo que a Páscoa faz que ele se faça mais presente na lembrança, porque ele morava em Corupá, quando eu era criança, mas quando eu tinha uns 6 ou 7 anos ele mudou-se para Joinville. Ele era ferroviário, assim como quase todos na família, e a imagem dele chegando a nossa casa com uma cesta de vime pendurada no braço direito não me sai da memoria. Nossa casa ficava distante da estação ferroviária, em Corupá, mais ou menos uns dois quilômetros. Mas lá vinha ele, a pé, com a cesta cheia de guloseimas para nós, os netos. Ele trazia aquelas balas grandes e coloridas, do tamanho de um ovo de galinha, que hoje já não existem mais, trazia coco Indaial, um coco amarelo do tamanho de um ovo de galinha, também, com uma ou duas amêndoas dentro, do tamanho de uma castanha do Pará, talvez, coisa que já não vejo há décadas, infelizmente. Trazia tucum maduro – uma fruta parecida com butiá, mas preta - a gente come a casca e o coquinho que tem dentro. Trazia goiabas, trazia maria-mole, trazia aquelas balas coloridas que eram cortadas em fatias grossas, nem sei se elas ainda existem.

Era uma festa a chegada do meu avô a nossa casa em Corupá. Acho que ele ficava colecionando todas essas frutas e doces para encher a cesta e, num seu dia de folga, tocar para Corupá para entregar tudo aquilo pra gente. Coisas simples, mas que eram oferecidas com carinho e tinham um valor incomensurável.

Hoje os avôs não dão, absolutamente, esse tipo de presente. Hoje os avôs dão brinquedos eletrônicos, como jogos, telefones, tablets, consoles, etc. Mas aqueles tempos do meu avô eram felizes e dá uma saudade muito grande.

Não lembro mais do rosto do meu avô, só lembro que ele era careca, tinha apenas uma coroa ao redor da cabeça. Acho que lembro disso porque também estou ficando careca e talvez fique igual a ele. E, engraçado, apesar de não lembrar do rosto dele, eu ainda o vejo chegando com a cesta no braço, cheia de oferendas. Saudade.

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