Por Luiz Carlos
Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
O escândalo do ENEM da vez é a correção das redações das
provas do ano passado. O MEC, agora, é
obrigado a dar vistas da redação corrigida ao prestador da prova. Então o
jornal O Globo pediu que quem tivesse tirado nota mil na redação do Enem
enviasse cópia da mesma, para expor bons desempenhos, bons exemplos. Acontece
que o jornal recebeu redações nota 1000 com muitos erros, com erros crassos que
evidenciam o fato de que aqueles textos não mereciam a nota máxima que lhe foi
conferida.
As redações apresentavam erros de grafia e graves problemas de
concordância verbal, acentuação e pontuação. “Rasoavel”, “enchergar” e
“trousse”, são alguns dos muitos problemas encontrados. Quando questionado, o
Inep justificou: “uma redação nota 1.000 deve ser sempre um excelente texto,
mesmo que apresente alguns desvios em cada competência avaliada. A tolerância
deve-se à consideração, e isto é relevante do ponto de vista pedagógico, de ser
o participante do Enem, por definição, um egresso do ensino médio, ainda em
processo de letramento na transição para o nível superior”. Ainda o Inep: “um texto pode apresentar eventuais erros de grafia,
mas pode ser rico em sua organização sintática, revelando um excelente domínio
das estruturas da língua portuguesa”. Se faço erro de grafia e de concordância,
como posso ter excelente domínio da língua portuguesa? Que “especialistas” em
linguística e língua portuguesa são esses? Inep deve ser abreviação de ineptos,
pelo visto.
Quer dizer, o MEC dá nota máxima para redações com “desvios”,
confirmando a má qualidade do ensino no Brasil, atestando, mais uma vez, a
falência da nossa educação. Que gestores da educação de um país dão nota máxima
para uma redação com erros crassos, erros de quem tem uma escola ruim, que não
consegue ensinar os estudantes a escrever com correção a língua mãe? E ainda
justifica a irresponsabilidade de quem corrige as redações, como se fosse uma
coisa normal?
Não é normal, absolutamente, sucatear a educação, não qualificando e não
pagando decentemente professores, não fazendo manutenção de escolas, não as
equipando minimamente. Não é normal fazer modificações no ensino que empobrecem
cada vez mais a educação brasileira, como aumentar o prazo para alfabetização
de nossas crianças – de sete para oito anos, como foi feito recentemente. Ou
alterar o sistema de alfabetização, que sempre funcionou tão bem, para um novo
que faz com que as crianças cheguem ao terceiro, ao quarto ano, sem saberem,
efetivamente, ler e escrever.
Por incompetência dos gestores da educação, nossos estudantes estão indo
para as universidades cada vez menos preparados e saem de lá cada vez mais
profissionais que não estão aptos a exercer a profissão escolhida.
E esses mesmos gestores não tem nenhum problema em confirmar isso,
dizendo que é “normal” dar nota máxima para uma redação com erros.
Através do jornal Diário da Manhã, no quadro "Opinião Pública", encontrei seu texto e devo dizer que gostei do que li. Sobre o ENEM, realmente, é um absurdo como as redações são corrigidas de forma tão subjetiva se amparando em justificativas torpes . É um reflexo muito interessante da Educação no nosso país: alunos despreparados, educadores mal remunerados e desprestigiados e um governo que tolera toda corrupção e destrói "propositalmente" a Educação Brasileira.
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