Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )
Leio nos jornais que o governo, grande governo brasileiro, está instituindo – pasmem - o Imposto do Livro. Nos moldes da CPMF, “contribuição” para a saúde – altas cifras que nunca foram utilizadas, na verdade, com a finalidade para a qual foi proposta, ou seja, deveria subsidiar a saúde, que ficou cada vez pior – o imposto taxa a indústria gráfica em 1% do preço final do livro. O que significa que quem vai pagar é o consumidor final, o leitor, o cidadão que não é levado a ter o gosto pela leitura, também porque o preço do livro é muito alto. E, com isso, pode ficar mais caro ainda.
Que governo é esse, que ao invés de tornar o livro mais acessível, torna-o ainda mais caro? Ele diz que o imposto está sendo criado porque o setor editorial não paga PIS e Cofin e mesmo com a isenção desses impostos, o preço do livro não caiu. Então já, que não caiu, vamos aumentar um pouco mais? Ou será que o presidente e o Ministro da Cultura, ou ainda o excelentíssimo autor da idéia da taxa, acham que eles vão cobrar o imposto e isso não vai ser repassado para o consumidor, o leitor, que é cada vez mais empurrado para longe do livro?
O brasileiro já lê pouco, seja pelo preço do livro, seja pela educação desse país que está cada vez pior, relegada a último plano, assim como a saúde e a segurança. Então vêm os nossos “governantes” e criam um imposto para colocar o livro mais longe ainda do alcance do cidadão.
Não estão conseguindo reativar a CPMF, então tentam conseguir arrecadar mais dinheiro para gastarem às custas do leitor, já escasso, também eleitor, que deveria, isso sim, ter este artigo “de luxo” incluído na cesta básica.
Enquanto uns poucos tentam incentivar a leitura, incutir o gosto pelos livros, como alguns professores de primeiro grau, que apesar de praticamente não ter espaço no currículo escolar para ensinar literatura, fazem das tripas coração e arranjam tempo para abordar os clássicos, os contemporâneos e até os escritores locais, como bem tive a oportunidade de ver, recentemente, em Joinville, os donos do poder dão um jeitinho de complicar. Para que facilitar, se é possível colocar mais obstáculos?
Outra iniciativa meritória em favor da divulgação, reconhecimento e valorização da literatura para os leitores em formação, que tivemos recentemente, aqui na grande Florianópolis, foi o 4º Seminário de Literatura Infantil e Juvenil de Santa Catarina.
Então, na contramão de trabalhos que vêm sendo realizados para que aquela velha e infeliz máxima que diz que “brasileiro não lê” deixe de ser verdade, nossos “governantes” aparecem com este grande incentivo à leitura, presente de grego de fim de ano para todos nós.
Gostaria de ter esperanças de que o projeto não vai passar no Ministério da Fazendo, para onde foi encaminhada, mas não tenho muitas ilusões.
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