Por Luiz Carlos Amorim (Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )
Participei do Festival Lítero Cultural, promovido por um grande colégio de primeiro e segundo graus de Jaraguá do Sul. A iniciativa é das melhores e o resultado teve mais pontos positivos do que negativos. Foi a primeira edição do evento, realizado na Semana do Livro, embora contemplasse outras artes, como dança e teatro, além da literatura.
Algumas livrarias, inclusive de fora do estado, estavam lá oferecendo uma gama diversificada de livros e alguns escritores, como eu, Urda A. Klueger, Lorreine Beatrice e Anair Weirich também se fizeram presentes, autografando seus livros, dando palestras para os estudantes, fazendo sessões de contação de histórias, apresentando atividades que incentivassem a leitura.
Qualquer coisa que façamos para que os leitores de pouca idade ou em formação se aproximem dos livros é bom. Mas uma coisa que me chamou a atenção, naquela quase feira do livro é que havia muitos livros de histórias e aventuras com personagens conhecidos, sempre presentes na mídia. Livros com marketing pronto, pois as crianças já conhecem as personagens de desenhos animados, de filmes, de seriados, etc., e vão direto neles. Não falo de Harry Potter e outros do gênero, não, falo de coisa mais comercial mesmo. Livros de literatura clássica brasileira e universal, vi quase nada.
Como eu já disse, foi a primeira edição do festival, nas próximas oportunidades algumas coisas poderão ser corrigidas, mas o que percebi me lembrou um distribuidor de livros que me contou, outro dia, que numa determinada escola no Paraná a diretora o chamou, verificou todos os títulos e só deixou entrar na mostra os livros literários. Há livros e livros, e eu tenho que concordar com essa diretora. Fui convidado para a segunda edição do evento, mas não pude participar.
Outra coisa que me impressionou veio à tona nas palestras que dei. Numa turma de quinta ou sexta série, tive uma conversa ótima, o pessoal mais jovem é curioso, interessado, gosta de perguntar. Falamos de tudo um pouco, mas quando perguntei quais eram os escritores da terra, da cidade, que eles conheciam, ninguém se manifestou. E eles existem na cidade deles, tenho amigos lá que têm romances publicados, livros de poemas, etc. Sei que os professores de Literatura não são culpados sozinhos desse estado de coisas, é o próprio ensino, a educação brasileira em geral que não dá espaço, no conteúdo programático, para que se aborde literatura regional. Uma pena.
Na outra palestra, para alunos de sétima e oitava, fiz a mesma pergunta achando que seria mais feliz, mas a resposta foi a mesma: silêncio. Muitos deles lembravam o nome da autora de Harry Potter e de outros livros de aventuras fantástico-maravilhosas, mas autores da terra ou de um clássico da poesia catarinense como Luiz Delfino, não.
Minha esperança é que o fato de já terem lido livros mais alentados os façam diversificar o leque de escolhas. É preciso.
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