Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com
O MEC – Ministério da Educação – está querendo, e não é de hoje, “fundir” as atuais treze disciplinas do ensino médio em apenas quatro “áreas”: ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática. Só que não definem, não esclarecem quais as matérias entram em cada uma das “áreas”. Será que na miscelânea não vai sobrar nada? Justificam a mudança com a desculpa de que as matérias que compõe o currículo atualmente estão muito “fragmentadas”. Penso que se dessem mais atenção à educação nacional, se investissem mais, o ensino estaria muito melhor.
A verdade é que o projeto de mudança voltou à baila depois que saiu o resultado do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de 2011, nada bons, evidenciando a baixo nível da nossa educação pública. A mudança até poderia ser promissora, se tivéssemos um Ministério da Educação que funcionasse, que priorizasse o ensino no país. Mas ninguém acredita que a implantação do projeto seja pelo menos razoável, pois a educação brasileira está em franca decadência, para não dizer falência. Os professores não são bem pagos, nem sempre são qualificados, não são em número suficiente para atender o grande número de estudantes da escola pública, os espaços físicos nem sempre tem manutenção – existem escolas caindo aos pedaços, sendo até desativadas – e também falta equipamentos. Além disso, o tal projeto, segundo disse representante do MEC, necessitaria de período integral para ser eficaz. Se o país não dá conta de ensinar suas crianças em meio período, como vai conseguir em período integral? Seria muito bom, com certeza. Mas o “poder público” vai investir nisso? Até agora vem investindo cada vez menos.
Então a impressão que dá é que o ministro Mercandante – estamos bem, sai Haddad e entra Mercadante – quer “diminuir a dificuldade” de aprendizado dos estudantes do ensino médio e mascarar a falta de qualificação de alguns professores mal pagos e mal selecionados, para que seja feita uma boa prova do ENEM e, assim, os resultados passem a ser bons, e o governo possa gastar mais dinheiro em propaganda dizendo ao povo que a educação brasileira é modelo, que tudo vai bem e assim por diante.
O que precisamos é a valorização dos professores, mais qualificação, mais reconhecimento, mais respeito pela educação pelos donos do poder. Precisamos de mais escolas e mais professores, quando o que ocorre é o contrário: escolas sem condições de uso são parcialmente ou totalmente desativadas, obrigando as outras a diminuírem as horas de aula das turmas, pois não há outra alternativa senão aumentar os turnos, tendo que receber mais alunos.
Corremos o risco de, havendo mais essa mudança, termos um segundo grau reduzido a cursinho para fazer a prova do Enem. Precisamos nos mobilizar para que isso não aconteça.
Meu caro escritor, Luiz Carlos, seu texto é esplêndido! Nunca vi tantas verdades em poucas palavras. Gostei tanto e imagino que meus leitores também vão gostar muito. Por tem tema compatível, foi que copiei para meu blog. Por favor legitime nossa alegria.
ResponderExcluirQue bom que multiplicou, agradeço pelo espaço. Há verdades que precisam ser ditas, pois não podemos aceitar tudo passivamente.
ResponderExcluirGrande abraço do Amorim
O Sr. escreve muito "bem".
ResponderExcluirSuas repetidas "aspas" indicam ironia ou dúvida?
As aspas indicam ironia, Cláudio, quase sempre. E as suas?
ResponderExcluirAbraço do Amorim
Meu caro escritor, o Brasil carece de tudo, principalmente de caráter nos políticos que comandam ou dão as diretrizes do país. É inimaginável que se tenha da direção do MEC um político carreirista, como Aloísio Mercadante, que vive do cabide de emprego político há muito tempo e que nada entende de projetos de educação. A nossa educação é tratada, infelizmente, por viés político. O hoje senador Cristovam Buarque, um conhecedor da área, foi sumariamente defenestrado do MEC pelo “semianalfabeto” Lula da Silva, de forma deselegante, quando, no meu entender, esse educador é que deveria ainda estar regendo a educação brasileira.
ResponderExcluirNão se vê, de forma substantiva, nenhuma ação positiva governamental para melhorar a qualidade do ensino básico da escola pública brasileira. Mas, politicamente, ao governo interessa a propaganda de Universidade para Todos e Políticas de Cotas, em que a competência não é consagrada, mas sim a política assistencialista de ingresso no ensino superior, lamentavelmente.
Quando o Congresso se manifestou favorável ao investimento em educação na ordem de 10% do PIB, o governo, representado pelo ministro Guido Mantega, esperneou dizendo que isso iria quebrar o país: um escárnio com a seriedade da educação brasileira. É verdade que o montante desse investimento necessitaria de uma fiscalização na aplicação dos recursos, bem como de uma restauração da logística da educação brasileira. Assim como há muitos professores trabalhadores e mal remunerados, há outros que não levam o seu mister com seriedade, e ainda existem aqueles professores da rede pública que não estão em sala de aula, mas exercendo funções burocráticas em secretarias de educação ou em cedidos a outros órgãos.
JCopniao.blogspot.com