Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Para compensar a má notícia que leio hoje no jornal, de que a biblioteca que foi montada no Hospital Universitária, pela enfermeira Eva Seitz, batizada de Sala de Leitura Salim Miguel, foi fechada, porque a sua criadora vai ficar fora do hospital por seis meses, encontro uma outra notícia na área da literatura.
O presidente da Academia Catarinense de Letras, escritor Péricles Prade, que foi reeleito recentemente, fala de seus planos de abrir mais a entidade para a comunidade. Nos planos para a sua nova gestão frente à casa, estão cursos e oficinas de literatura abertos ao público em geral, um concurso para publicação de obras inéditas, que deve ser lançado ainda este ano, além de exibição de filmes expressionistas e uma exposição em homenagem a Sérgio Bonson, chargista do antigo jornal O Estado.
Ele defende, ainda, mais do que ninguém, a criação de uma Secretaria de Estado exclusivamente para a Cultura, pois o modelo atual, com apenas uma secretaria que responde pela cultura, pelo turismo e pelo esporte. O que faz com que a cultura fique em último plano, com o Estado deixando de valorizar o que é nosso.
Ele reivindica, como também temos feito insistentemente, mais apoio do Estado à cultura, à literatura. A cultura, em Santa Catarina, atualmente se resume na atuação da Fundação Catarinense de Cultura, que também não tem funcionado nada bem nos últimos tempos. A sua sede, o Centro Integrado de Cultura, por exemplo, esteve fechada por três anos, em razão de uma reforma que só consumiu dinheiro público, mas não andava. Hoje a tal reforma parece que está caminhando – prometeram a entrega do Teatro do CIC, que ficou fechado por mais de dois anos sem que estivessem fazendo nada nele, para setembro – embora ainda vá devagar, pois já temos mais de um ano e meio do novo governo e neste período um pouco mais já poderia ter sido realizado.
Então a Academia Catarinense de Letras está, mais do que nunca, engajada nessa luta de se conseguir uma Secretaria só para a Cultura, para que se cuide melhor daquilo que é a maior riqueza de um povo. Para que não se dê importância apenas à outras artes – dança, cinema, música, artes plásticas – mas se dê valor também à literatura.
A literatura anda tão abandonada que o Concurso Cruz e Sousa está esquecido, teve uma edição há alguns anos, depois de um longo e tenebroso inverno e voltou, infelizmente, ao ostracismo. A Lei Grando, que instituiu a compra de livros de escritores catarinenses para serem distribuídos às bibliotecas municipais de todo Estado, foi cumprida uma única vez, com um edital lançado há quase três anos atrás. E olhem que a lei tem quase vinte anos.
Então saber que a Academia Catarinense de Letras está sendo aberta ao público, com atividades para integrar a comunidade, é muito alvissareiro. Além de insistir na criação da Secretaria de Estado da Cultura, claro.
Precisamos, nós escritores e agentes de cultura, nos unirmos em torno disso. A nossa cultura merece mais respeito e reconhecimento.
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