Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Com a crise na educação brasileira, com o sistema de ensino cada vez mais deficiente – não por culpa dos professores, é bom que se frise, mas sim pelo descaso dos donos do poder – volto a lembrar da minha primeira professorinha, dona Elizabete Voltolini, uma professora com P maiúsculo.
A professorinha que ensinava os pequenos estudantes da escola estadual da pequena Corupá a ler e a escrever, tinha uma didática perfeita, eficiente e eficaz. Naquele tempo não havia jardim de infância, pré-escolar, nada disso. As crianças entravam direto no primeiro ano do primeiro grau, que naquela época, nos anos sessenta, chamava-se Primário (os quatro primeiros anos escolares) e os alunos da professora Elizabete saíam dali para o segundo ano já sabendo ler e escrever.
Já devo ter mencionado isso em outra oportunidade, mas ela tinha uma característica toda própria, que agradava muito a todos nós, alunos, que era começar a contar uma fábula, uma história, um conto, no início da aula e, com isso, ela costurava todas as matérias, passando de uma atividade a outra sem que a gente nem percebesse. Uma habilidade excepcional de prender a atenção dos alunos, conseguindo assim ensinar-lhes sem nenhuma dificuldade.
Outra coisa era o capricho no caderno de tarefas, onde ela montava toda a aula a ser dada, cuidadosamente preparado, inclusive com ilustrações que ela própria fazia com lápis de cor. Eu gostava demais dos pés de taboa e suas flores marrons que ela desenhava magistralmente.
Não sei quanto era pago para a professora nos ensinar com toda aquela dedicação, mas não acho que fosse muito. O que não a impedia de fazer um trabalho da melhor qualidade. Hoje a educação já não tem a excelência que a professora Elizabete emprestava ao ensino público. Hoje nem todos os professores são qualificados como ela, embora a preparação deles devesse ser melhor, agora, pois seria normal esperar uma evolução. As escolas públicas estão caindo aos pedaços, não têm os equipamentos necessários para os professores desenvolverem o seu trabalho, professores esses que precisam brigar por salários dignos, embora haja leis específicas para tal, que não são cumpridas.
Saudades da nossa escola, das suas aulas, professora Elizabete. Saudades da educação que a senhora tão bem praticava naqueles tempos. Bons tempos.
A primeira professora a gente nunca esquece mesmo. A minha foi dona Rutinha, prof. particular pq eu não tinha idade pra frequentar o Grupo Escolar. Aulas na saleta da casa dela, Cartilha da Lili. Lindo.
ResponderExcluirMary
Lendo e relendo, lagrimas vem... em saber que a mãe foi excelente professora..." Ao mestre com carinho...ao aluno dedicado Luiz Carlos Amorim a minha gratidão...por lembrar sempre da sua professora e minha mãe Elisabete Voltolini."
ResponderExcluirEloísa Voltolini
É a mais pura verdade! Tive o privilégio de ter uma professora assim também!E digo mais, era uma sala de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª série tudo junto, em uma sala só! E saíamos todos da 1ª alfabetizadíssimos!!!!
ResponderExcluirMaria Dulce Soares Souza
Amorim, você mexeu com as estruturas e sentimentos da familia...Leia os depoimentos e veja como vc foi e é importante para essa professorinha...li e reli a ela... "ela para nos"... Ele era um excelente aluno..qdo "ele" Luiz Carlos Amorim, vem a Corupá sempre vem aqui em casa....muito bom para nos ela lembrar de vc...abraços e obrigada em nome da minha familia
ResponderExcluirVOLTOLINI.
A professorinha citada nesta crônica é ninguém menos que minha avó materna! A quem devo minha letra redondinha, graças às sessões de caligrafia. Amo-a com todo meu coração, e o que está relatado só me encheu mais ainda de orgulho! Vc é especial!
ResponderExcluirEmanuele Morais
É... agora os "especialistas/articulistas" dizem que o ensino tradicional é arcaico e decadente mas, todos com mais de 40 ou 50 anos aprenderam a ler e escrever com 7 anos (ou menos). Agora que tudo é tão moderno e maravilhoso, passamos por essa situação ridícula do ensino no Brasil onde muitas crianças não conseguem isso aos 8, 9, 10... e se esquecem do nome da professora rapidinho. Que pena!
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