Desde os tempos dos Diários Associados de Santa Catarina, mantive colunas em diversos jornais: sobre música, sobre cultura, sobre literatura, etc. Algumas delas, diárias, e haja fôlego e tema para escrever todos os dias, chovesse ou fizesse sol. Eu achava engraçado o fato de, andando pela rua, algumas pessoas me cumprimentarem, como se me conhecessem. É que saía, diariamente, uma foto minha no cabeçalho das colunas. Hoje em dia ainda acontece isso.
Na minha viagem a Portugal encontrei pessoas que achavam que me conheciam, mas na verdade tinham visto foto nas crônicas que publico em diversos jornais pelo mundo afora.Então deu saudade das antigas colunas e, ao invés de fazer uma crônica sobre determinado assunto, vou falar um pouquinho sobre dois ou três. A segunda Feira Catarinense do Livro, neste mês de maio, no Largo da Alfândega, foi uma feira apenas para vender livros, sem maiores atrações, infelizmente. A realizadora da feira, a Câmara Catarinense do Livro, vem enfrentando dificuldades para fazer acontecer o evento, pois já se passaram algumas edições nas quais ela não é mais do que simples oferta de livros, sem atrações paralelas, como a presença de um grande escritor de renome nacional. E conseguiu-e apenas um patrocinador. É a crise.
A situação parece ter piorado, pois o stande que era disponibilizado gratuitamente para os escritores locais, em outros anos, nesta edição teve que ser pago. Cada escritor que queria expor na feira, para utilizar o stande teve que ajudar a pagá-lo. Sempre achei que a feira se pagava, com o dinheiro resultante do pagamento dos standes, por livrarias e editoras, mas pelo jeito não é bem assim. Não sei quanto os sócios pagam de anuidade, mas seja o que for, não dá condições para a Câmara Catarinense do Livro fazer o seu trabalho como deveria ou gostaria. De um ou dois anos para cá, até os funcionários da Câmara foram reduzidos drasticamente.
Quem queria um lugar onde fosse oferecida uma boa gama de opções para a compra de livros, a feira estava lá. De tamanho menor que as anteriores, sem justificar quase nada o título de “Feira Catarinense do Livro”, mas estava lá. Como sempre, o que se vendeu mais foram os livros infantis. Mas os livros infantis vendidos são as fábulas antigas, tradicionais e importadas, que não têm direitos autorais para pagar a ninguém e por isso mesmo são impressos em grandes tiragens, com poucas páginas e por isso mesmo, podem ser vendidos a cinqüenta centavos, um real cada e engordam as estatísticas de vendas. Verdade que as editoras poderiam, talvez, confiar mais nos escritores da terra e fazer tiragens maiores, para que pudessem custar menos. Menos mal que estamos comprando livros para colocar nas mãos de leitores em formação. Só precisamos tentar melhorar a qualidade destas compras.E o tempo precisa definir melhor as estações do ano. (Ou será que somos nós, seres humanos, que precisamos dar condições à natureza de voltar ao seu ciclo natural?) Sei que não é a natureza a culpada disto. Os jacatirões de inverno, que florescem em junho, julho, já estão carregados de botões se abrindo. Na dúvida, devem pensar eles, digamos que já é inverno e dá-lhe florescer! E as onze-horas nem ligam pra estação e florescem escancaradamente.
E, mudando de saco pra mala, recebo de uma amiga brasileira que vive no exterior, uma apreciação de quem está vendo de fora o panorama das publicações literárias e culturais no Brasil. Ela percebe que as revistas e jornais publicados por pessoas ou grupos ligadas à cultura, mas que não têm nenhum apoio da “cultura oficial”, são na verdade quem dão impulso ao desenvolvimento da literatura brasileira. Que bom que essa constatação vem de quem está observando tudo de fora, por alguém que é do meio.
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Amorim,
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Gostei do primeiro tema e vamos ver quantas surpresas mais nos trará. Sei que todas serão excelentes! Como consegue tempo, amigo? Só mesmo um grande amor pela literatura pode levá-lo a tanto.
Beijos, Irene