Por Luiz Carlos Amorim (Escritor - Http://br.geocities.com/prosapoesiaecia )
Em uma outra crônica de inverno, comentei sobre os pessegueiros em flor, que embelezam e perfumam o inverno. Chegando à Serra Gaúcha no auge do inverno, não pude deixar de notar as cerejeiras japonesas, fechadas de flores, belíssimas, um espetáculo fenomenal.
Os pessegueiros também estão começando a florescer, mas não dá pra comparar com as cerejeiras japonesas, que ficam com os galhos todos cobertos de incontáveis flores, apenas flores, desaparecendo quase todas as folhas. São ilhas de cores faiscando luz, várias delas, que em Nova Petrópolis há muitas. Elas não dão frutos, não tem perfume como as flores de pessegueiro, mas estão plantadas em locais estratégicos, como praças e jardim, espalhando beleza e cor. Elas estão lá, o ano todo, preparando o cenário para esta época, quando a natureza explode em milhares de pétalas vermelhas, alaranjadas, cor-de-rosa... É um espetáculo só comparado à florada dos ipês e dos jacatirões. A diferença é que as baixíssimas temperaturas não prejudicam as flores das cerejeiras japonesas. Enquanto que o pé de jacatirão de inverno que meu sogro trouxe de Santa Catarina e plantou aqui no seu jardim, tem pétalas, botões e brotos queimados pelo frio intenso. Dá dó de ver, mas na verdade o manacá-da-serra, essa variedade de jacatirão de inverno, não deveria estar plantada aqui, porque ela não é desse clima, não resiste ao frio como a cerejeira, o amor-perfeito, a azaléia e outras flores.
E já que estamos falando de resistência a geadas, não posso deixar de mencionar um fato que me foge à compreensão. Na casa onde estou hospedado, há uma cadela grande, eu diria enorme, uma rotweiller chamada Aphrodite, de oito anos, que se ficar em duas patas, é maior que eu. Até aí, tudo bem. A raça é grande, ela está quase gordinha, mas o fato é que ela tem um canil onde fica bem protegida do frio, no entanto, nestes dias quando a temperatura, à noite, no começo da madrugada e de manhã tem ido a quase zero grau, nós a temos visto dormir ao relento, enrodilhada sobre o gramado.
Eu não consigo entender como ela sobrevive a temperaturas tão baixas, uma vez que o seu pelo é curto e ela nem está tão gorda assim. Na primeira noite que passei aqui, eu a vi lá fora dormindo e fiquei esperando amanhecer para ver se ela não estava morta. Não estava. No dia seguinte, mesma coisa.
Hoje, terceiro dia que estou aqui, são quase dez horas da noite, lá fora a temperatura já é menos de oito graus e acabei de vê-la deitada no gramado, com apenas parte de galhos de um pé de canela alguns metros acima da cabeça dela. Não sei quanto será a temperatura mais tarde, mas sei que amanhã de manhã ela estará lá, viva, para eu passar a mão na cabeça dela.
Se alguém souber explicar isso, por favor, esclareçam-me.
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