Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
“É uma ilusão acreditar que hoje falamos todos a mesma língua”, afirmou o escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro, quando de sua participação no 1º Encontro dos Escritores de Língua Portuguesa de Natal, reportando-se ao Acordo Ortográfico firmado entre os países nos quais a língua oficial é o português.
A verdade é que ele tem razão, pois as diferenças entre o português do Brasil e dos outros países onde ele é falado existe e o acordo não vai resolver e unificar a língua, apenas porque foram impostas mudanças. Até dentro do Brasil o português que falamos difere de região para região.
Estive em Portugal no ano passado, logo após o acordo começar a valer - é bom frisar que o acordo está sendo implantado e já está sendo aplicado, mas o seu cumprimento só é obrigatório a partir de 2012 - e o que percebi é que, para nós, a mudança é mínima, limitando-se à supressão e acréscimo de acentos, ao não uso do trema e a variações no uso do hifen. Mas para os portugueses, as mudanças são bem mais amplas.
E eles, os portugueses, perguntados sobre o que estavam achando da unificação, respondiam simplesmente que não iam aderir, como já dizia Saramago. Eles não gostam nada das mudanças, não acreditam nelas e não concordam com elas.
E há que levar-se em conta que existem palavras no português falado lá que nós não conhecemos aqui, palavras que usamos aqui, mas que lá tem outro sentido e palavras diferentes das nossas para mesmas coisas.
Então é esperar muito, de fato, que a unificação aconteça assim, como num passe de mágica. As diferenças continuarão, nós entenderemos os textos de outros países que falam português e eles entenderão os nossos, ainda que com possível dificuldade da parte da qualquer dos países, pois sempre haverão palavras desconhecidas para qualquer das partes.
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