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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SANTA CATARINA E A LITERATURA INFANTIL

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

No No início do século passado, as crianças brasileiras não tinham muita opção: a literatura que começava a aparecer para elas era quase que exclusivamente importada - os clássicos como os contos dos Irmãos Grimm e de Hans Christian Andersen - com traduções que deixavam a desejar. Antes disso, apenas os “Contos da Carochinha”, publicado pela primeira vez em 1894, traduzidos por nomes como Olavo Bilac, Coelho Neto e outros. Preocupado com isso, com a falta de produção brasileira no gênero, Monteiro Lobato escreveu a “História do peixinho que morreu afogado”. Foi quando nasceu o maior autor de todos os tempos da literatura infanto-juvenil brasileira, que publicou dezessete volumes de produção do gênero.
Em 1921, depois do sucesso da sua primeira história infantil, a do peixinho afogado, Lobato publicava “A menina do narizinho arrebitado”, com mais de cinqüenta mil exemplares, um arrojo editorial para a época. A editora era de Monteiro Lobato. Ele doou quinhentos exemplares às escolas - o livro agradou tanto aos estudantes mirins, chamando a atenção do governo do estado, que comprou trinta mil exemplares para que a obra chegasse às mãos das crianças de todas as escolas paulistas. E o Sítio do Pica-pau Amarelo, uma região rural com personagens próprios como Narizinho, Emília e tantos outros, foi construída no imaginário daquela e de todas as gerações futuras. Em poucos meses o restante da edição foi vendido, e a história de Narizinho marcou o início da história da literatura infanto-juvenil produzida no Brasil.
De lá para cá, outros grandes autores de literatura infantil e/ou juvenil surgiram, como Ziraldo, Ruth Rocha, Pedro Bandeira, Ana Maria Machado, Sylvia Orthof e outros, evidenciando a criatividade e a excelência do autor brasileiro.
Santa Catarina também tem seus autores infanto-juvenis, gente de valor que, há alguns anos, vem fazendo sucesso entre crianças e jovens, alguns ultrapassando as fronteiras do estado.
Else Sant’Anna Brum, de Joinville, por exemplo, também poetisa de mão cheia, tem vários livros infanto-juvenis publicados. Seu primeiro livro, “Miguelito Pirulito” saiu em 86, vencedor de um concurso literário do Estado. Em 92 saiu “Cri-Cró” pela Editora Eko, de Blumenau e em seguida “Retetéu”, também pela Eko. Outro livro, “Serelepe”, foi publicado pela editora Movimento e Arte, de Joinville. “Serelepe” é um hino à liberdade e à infância, é poesia em prosa, é vida. “Serelepe” leva a refletir, discutir, pesquisar, fazer poesia e escrever sobre o sonho de liberdade, o valor da amizade, a surpresa das viagens, a dor da saudade, os efeitos do vento, da chuva, do sol, o espetáculo dos ipês floridos, a fantasia das histórias. Uma boa novidade no gênero veio da Editora Hemisfério Sul: quem enveredou pela literatura infanto-juvenil, tendo já uma trajetória de grande sucesso no romance, foi Urda Alice Klueger. Seu primeiro livro infanto-juvenil, publicado em 98, pela Lunardelli em co-edição com a Hemisfério Sul, foi uma surpresa que agradou em cheio o público alvo, tanto que já está na segunda edição.
Outra autora, esta de São José, levou sua experiência de sala de aula para o livro e fez sucesso. Trata-se de Eloí Elisabeth Bocheco, que publicou, pela editora Papa Livro, de Florianópolis, a coletânea de poesia infanto-juvenil “Uni... Duni... Téia”. Depois veio “A de Amor - A de ABC”, também poesia e em seguida “Ô de Casa”, seu terceiro volume de poemas, pela Argos.Publicou, também, o livro “Poesia Infantil – O Abraço Mágico”, pela Editora Universitária Argos. É um livro que fala seriamente sobre poesia e criança, um livro de encantamento sobre os encantos da poesia. “Batata cozida, mingau de cará”, ganhou o Prêmio Literatura para todos 2006 e foi publicado pelo MEC.
São sete livros publicados pela autora e um deles, “Beatriz em Trânsito”, conquistou o prêmio Mário Quintana e foi indicado para o catálogo White Ravens, da Biblioteca Internacional da Juventude de Munique.
Eloí é, também, editora do jornal de Literatura Infantil “O Balainho”, publicado pela Universidade do Oeste de SC. Maria de Lourdes Ramos Krieger, de Florianópolis, é professora e escritora. Tem vários livros publicados, com distribuição nacional, destacando-se “Dona onça da floresta”, “Um amigo muito especial” – que faz parte do projeto Salas de Leitura do MEC, “Ana levada da breca” e “Vovô quer namorar” – considerado “altamente recomendável para o jovem” pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Ana Maria Kovács, carioca há muito radicada em Santa Catarina, mais exatamente em Blumenau, é jornalista, professora e escritora. E a sua obra é quase toda dedicada à literatura infanto-juvenil. Tem vários livros publicados, entre eles: “Sonhos de Criança” - poesia infantil; “O Canto da Sereia” - romance juvenil; “O Pingüim que Procurava o Sol” - literatura infantil; “O Monstro Atômico” - romance juvenil, “O Burrinho que Calculava” - literatura infantil. “Que Bicho é Esse”, sobre o Parque das Nascentes, um parque ecológico de 5300 hectares em Blumenau, é livro com o qual a autora aproxima as crianças da natureza, ensinando-as a preservá-la. Recentemente publicou “As Três Casas”, pela Franco Editora, de Juiz de Fora, Minas Gerais. O projeto de uma coleção de poesia infantil, ‘Viajando com Dona Poesia”, em dez volumes, com ilustrações da autora, saiu em 2006 pela Fundação Catarinense de Cultura.
Yedda de Castro Bräscher Goulart é de Lages, mas vive em Florianópolis. No gênero Literatura Infanto-juvenil, tem vários livros publicados: “Aventuras na Ilha da Magia”, “Aventuras na Serra” e a coleção “Ursinhos Companheiros", composta de quatro volumes, publicada pela Editora Todolivro. O livro “Aventuras na Ilha da Magia” transformou-se num desenho animado, produzido em Blumenau. É uma história que se passa na ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, com personagens do mundo da fantasia, em locais turísticos, vivendo muitas aventuras. O projeto ganhou o Prêmio Cinemateca Catarinense e foi aprovado pelo Ministério da Cultura.. A TV Educativa divulgou o trabalho em rede nacional. Este articulista aparece, em 2003, com a sua primeira incursão no gênero, “Flecha Dourada”. O livro tem ilustrações da artista plástica Solange Gerloff Alves de Lima.
Outra estreante no gênero é Rosângela Borges, que publicou seu primeiro livro de poemas infantis, "Conversa de Bichos", pela Franco Editora, de Belo Horizonte, em 2005. O segundo livro, “Limpeza na Gaveta”, para pequenos de zero a seis anos, saiu em 2005, pela mesma editora mineira.
Apolônia Gastaldi, poeta e romancista com vários livros publicados, também enveredou pela literatura infanto-juvenil, lançando “Anjos Azuis”. O livro é uma feliz – felicíssima – incursão de Apolônia pela literatura juvenil. Bonito, a começar pela apresentação: a capa é azul em fundo branco – uma íris azul com duas mãos se encontrando no centro, o título é azul, o texto, no interior do livro é em azul. A história que o livro conta é de um azul brilhante. “Anjos Azuis transmite a idéia de solidariedade, de dedicação ao outro, de abnegação, de doação, que precisa se multiplicar.
Um outro poeta e romancista, Wilson Gelbcke, também tem uma trajetória marcante pela literatura infanto-juvenil. Já publicou “Por um rio você pode fazer milagres”, “Esses duendes tão míopes” e “Quatro anjos, quatro destinos”, este último premiado pelo Projeto de Estímulo à Produção Literária, em Joinville. E mais outros autores existem escrevendo para o público infanto-juvenil em nossa Santa e bela Catarina. Fiquemos atentos para evidenciar o trabalho de bons escritores para este público exigente e fiel que é composto pelas crianças.

3 comentários:

  1. Olá, Luiz Carlos!

    Vim agradecer a visita ao meu blog, é uma grande honra para mim ter a sua leitura! Sou sua fã, admiro demais o seu trabalho!

    Adorei a crônica, uma verdadeira lição sobre literatura, até anotei alguns nomes de escritores(as) e livros, fique instigada a ler...

    É isso que provocam na gente os bons escritores, assim como Você!

    Abraços

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  2. Fico feliz que tenha gostado da resenha sobre a literatura infanto-juventil catarinense, Cassiane. E você é muito bem-vinda, aqui, também.
    Se você estiver interessada, mande crônicas e poemas para a gente publicar alguma na nossa revista Suplmento Literário A iLHA. Será uma honra para nós.
    Um grande abraço do Amorim

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  3. Artigo excelente,Amorim! Temos aqui uma panorâmica sobre assunto que me interessa imensamente: a literatura dirigida ao mundo das crianças. Num momento oportuno gostaria de conversar pessoalmente com você sobre uma idéia pertinente a esse universo especial da leitura .
    O volume de informações que nos traz este texto,
    conforme disse a comentarista acima, instiga-nos a ler. Abraço. Fatima/Laguna

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