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segunda-feira, 4 de abril de 2011

LIVROS QUE VÃO E NÃO VOLTAM

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Já falei aqui sobre o Floripa Letrada, projeto da Secretaria de Educação da Prefeitura de Florianópolis que disponibiliza livros em alguns dos terminais de ônibus urbanos. A iniciativa, que tem o nobre objetivo de incentivar a leitura, aceita doações e eu me propus colaborar, então telefonei para o número indicado nas próprias estantes do projeto, onde também consta que eles vem apanhar os livros. Dei o endereço e esperei um mês. Então telefonei novamente e na Secretaria de Educação me disseram que não havia carros para pegar os cento e tanto livros, que eu poderia doar para outra entidade. Indignei-me e disse que ia escrever a respeito, que me propus a colaborar com o projeto e se a prefeitura promete pegar os livros precisa cumprir. Então passaram a ligação para outra pessoa, que pegou de novo meu endereço e prometeu que viriam buscar meus livros.

Passados alguns dias, como não apareceram liguei de novo. Então dois dias depois apareceram umas quatro pessoas do departamento da secretaria que fazem parte do projeto e pegaram os livros que havia separado.

Só que, passadas duas ou três semanas, ligaram da Secretaria de Educação aqui para minha casa perguntando se poderiam passar para pegar os livros que ofereci. Expliquei que já haviam levado. Passou mais uma semana e ligaram de novo de lá, perguntando de novo se eu estaria em casa para eles pegarem os livros.

Então pergunto: não há controle sobre o que é doado para o projeto? Eles vem pegar os livros que a gente oferece, mas não é registrado em nenhum lugar que receberam uma doação de cerca de cento e cinqüenta livros, recolhidos tal dia, em tal endereço? E mais: a secretaria arranjou um carro para pegar os meus livros porque eu disse que era jornalista. E as outras pessoas que haviam ligado oferecendo doação só começaram a ser atendidas semanas depois?

Outro detalhe sobre o projeto, que reflete a pouca educação que nós, cidadãos, temos com relação à cultura: o projeto disponibiliza os livros a título de empréstimo, ainda que sem registro de quem leva e do que leva. O contrato implícito entre quem leva e quem coloca à disposição, é de que as pessoas podem levar os livros, mas depois de lidos eles teriam que ser devolvidos à estante para que outras pessoas pudessem levá-los para ler e assim por diante. Infelizmente os livros, na sua grande maioria, só saem das estantes do Floripa Letrada, dificilmente voltam.

E pior: na semana passada, conversando com uma dona de um sebo da capital, soube que algumas pessoas já foram oferecer a ela, para venda, livros do projeto. Lamentável que isso esteja acontecendo, que pessoas peguem livros do Floripa Letrada para vender. Já vi pessoas pegarem vários livros de uma vez, na estante do projeto, mas preferi pensar que era para ler. Depois que soube da venda dos livros saídos dali, percebi que nem sempre isso é verdade.

É uma pena. Quem sabe, já que há vários funcionários da secretaria envolvidos com o projeto, como vi quando vieram a minha casa, será que não poderia haver alguém para controlar esses empréstimos nas estantes?

3 comentários:

  1. Que pena! Projetos que surgem como boas ideias e são tão mal aproveitados justamente porque falta educação!
    Abraços!!!

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  2. Amorim passei aqui para atualizar-me pois você sempre nos coloca a par do que está DE FATO acontecendo. Esta crônica merece ser lida num megafone em plena praça.Parabéns poeta, por ser assim verdadeiro! Abraço da Fatima/Laguna

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  3. Nossa , relamente é um descaso , parece que só foi criado o projeto para fins politicos , nossa é um desreipeito , ainda mais no nosso país onde precisa urgentemente de incentivo a leitura

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