Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Gosto de ler publicações literárias e culturais - tento conseguir tudo o que é possível, para saber o que está acontecendo e o que se está produzindo. Existem, ainda, aqueles jornais “sérios”, como alguns suplementos com textos enormes e com vocabulário por demais rebuscado, hermético, feito para meia dúzia de “intelectuais”. Mas também há coisas boas, com textos objetivos, interessantes e claros. Um bom sinal é que os jornais diários, alguns dos grandes jornais por este Brasil afora, estão abrindo mais espaço para a cultura e, felizmente, para a literatura,em seus cadernos de variedades. Resenhas, novos livros, lançamentos, entrevistas com escritores da atualidade.
Dia destes, no meu garimpo pelos jornais, li um artigo sobre política cultural e tive que concordar com alguns pontos levantados pelo autor. Por exemplo: a cada novo governo que toma posse nos estados, no nosso e na maioria deles, faz-se planos e mais planos para a cultura. Os novos governantes reúnem o pessoal do meio, discute-se muito e chega-se à conclusão de que “desta vez vai funcionar”.
Já estamos no segundo trimestre do nosso novo governo, em nosso estado, e as coisas não foram muito diferentes: muito se fala em cultura, mas de concreto, nada ainda. Estamos esperando que o Jornal O Catarina, da Fundação Catarinense de Cultura, tenha uma periodicidade diferente daquela que teve nos últimos dois anos, de apenas uma edição por ano. Este ano o jornal ainda não saiu. O CIC – Centro Integrado de Cultura, onde funciona a FCC, o maior teatro da capital, e outras entidades culturais, está em reforma há dois anos e pouca coisa foi feita, apesar dos muitos milhões de dinheiro público gastos lá. Estamos esperando que a coisa ande e que responsabilidades sejam apuradas.
Contamos com nova edição do Prêmio Cruz e Sousa, também, e com o segundo Edital para compra de livros de autores catarinenses para distribuição às bibliotecas municipais, prometido para o ano passado, mas que não saiu. Trata-se de uma lei que há quase vinte anos não vinha sendo cumprida e que teve, finalmente, um edital na gestão de Anita Pires. E mais integração da capital com a cultura de todo o Estado, mais atenção da Secretaria de Cultura e da FCC a todas as manifestações culturais catarinenses, de qualquer cidade catarinense. Será que as coisas andarão melhor, neste novo governo?
Na verdade, precisamos muito de uma política cultural que funcione, que contemple todas as modalidades de arte. Mas não basta que se estude, que se discuta, que se planeje, que se faça leis que não são cumpridas, que se prometa. Temos, em SC, boas iniciativas que funcionaram, como o Prêmio Cruz e Sousa de Literatura, que concede os maiores prêmios em dinheiro do país, além da publicação dos livros, para autores não só catarinenses, mas também a nível nacional.
Prêmios que poderiam ser menores, talvez, para que se pudesse viabilizar outros projetos, como o cumprimento da Lei Grando, por exemplo, que teve apenas um edital, entre outras coisas. Uma boa política cultural não seria dividir os recursos de maneira que mais projetos culturais fossem contemplados e que um público maior fosse agraciado, beneficiado?
Excelente crônica, poeta Amorim! As políticas culturais em Santa Catarina deixam muito a desejar. Quando será que algum governador dará, de fato, atenção ao mundo dos livros,valorizando a importância da leitura para todos nós?
ResponderExcluirFátima/Laguna/SC