Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Comparando as listas de livros mais vendidos na última semana (segunda de fevereiro) de duas das grandes revistas semanais de informação brasileiras, chamou-me a atenção o fato de que na categoria ficção, não há nenhum livro de autor brasileiro nas primeiras dez colocações. Na categoria “não-ficção” até há alguns, mas daí, é claro, não estamos falando de literatura – esses livros falam de auto-ajuda, política, moda, etiqueta e até história – e um bom exemplo é “1808”, excelente obra sobre a história do Brasil. Nos dez livros infantojuvenis mais vendidos, de novo, nenhum autor nacional.
Fico pensando, ao ver isso, que isso é uma evidência de que o leitor brasileiro – que já não é uma unanimidade, pois ainda se lê muito pouco cá nas terras tupiniquins, seja pelo preço do livro, seja pela educação ou falta dela – não gosta de ler os autores da terra.
E as listas dessa semana não são um caso isolado, pois a ausência de escritores brasileiros entre os mais lidos é comum. Lá de vez em quando aparece um, mas na maior parte das vezes é na categoria não-ficção.
Por que será que brasileiro compra quase só livros importados? Por que são melhores? Eu não diria isso, pois temos obras de escritores nacionais melhores do que muito enlatado. Mas é claro que quem só lê autores estrangeiros não sabe, porque não leu o autor da terra e não pode comparar.
Talvez porque o livro importado tem muito mais divulgação, já vem com o pacote completo e mesmo que não tenha sido sucesso lá fora, ele vem com status de best seller, e brasileiro adora dizer que leu o livro da hora. Às vezes compra o livro e só lê a orelha, para poder dizer que leu. Parece que alguns acham que é “chique” ler o livro que todo mundo está lendo, que está sendo lido pelo mundo, sei lá. Há leitores que só compram os livros que estão na lista dos mais vendidos. E sabemos que realmente a compra, em muitos casos, é influenciada por essas listas, que queremos crer sejam honestas, verdadeiras e não tentem apenas induzir o leitor a comprar.
As editoras brasileiras deveriam, talvez, trabalhar mais as obras de escritores da terra. Mas se é tão mais fácil vender os enlatados, que já vem com um rastro de sucesso – que nem sempre é verdadeiro – para quê gastar energia e dinheiro com os daqui?
Não que alguns dos livros escritos originalmente em outras línguas não tenham valor e mereçam o sucesso, mas o livro é negócio para as editoras e livreiros, é investimento. E eles dão preferência para aqueles que a televisão, o cinema, os jornais, revistas e internet ajudam a divulgar. Sem despesa para elas.
Nós leitores, deveríamos ser menos sugestionáveis e dar mais valor à prata da casa.
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