Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
É Páscoa. No final do ano, antes do Natal, falamos, em outra crônica, que precisávamos contar as nossas crianças o significado daquela festa maior, para que não crescessem pensando que ela era apenas luzes, enfeites e presentes e a desvinculassem do nascimento do Menino que morreria, trinta e três anos mais tarde e ressuscitaria, subindo ao céu.
Bem, a Páscoa também não é simplesmente ovos e coelhos de chocolate. A palavra Páscoa vem do hebraico e significa "passagem". Os judeus comemoravam esse dia antes mesmo do nascimento de Cristo, desde há muito tempo, então com outro sentido: o de liberdade, ou seja, a libertação de anos de escravidão no Egito. Para os cristãos, a Páscoa passou a celebrar o renascimento de Cristo, a passagem dEle deste mundo para o Pai.
Páscoa, então, é renascimento, renovação, a festa da libertação. Época de repensar a vida e renová-la, de refletir sobre o Menino que se tornou homem, morreu e ressuscitou, elevando-se ao céu, provando aos homens que há uma força divina, maior, regendo nossos destinos.
Lembrei, então, que numa das crônicas de Natal eu falava da solidariedade que podemos exercitar, olhando para o lado e prestando atenção no irmão menos privilegiado do que nós. Assim como já havia feito em um Natal, numa Páscoa não muito distante da minha vida, resolvi fazer pequenos pacotes com pequenos ovos de chocolate, bombons e balas, coisa simples, quase simbólica, que eu tinha pouco pra dividir. E fui, num sábado de aleluia, distribuí-los às crianças de uma comunidade carente. As dezenas de pacotes quase não foram suficientes para as muitas crianças, que ficaram muito felizes, pois aquilo era tudo que teriam naquela Páscoa. Dava para ver, pelo brilho dos olhos e pelo sorriso estampados nos rostos, que estavam felizes. Pena que não pude explicar o significado dos ovos e coelhos, símbolos da Páscoa, e da razão porque eu estava oferecendo aquele pequeno presente.
Poderia ter falado a eles sobre o coelho, que apesar de não botar ovos, assumiu o papel de produtor e entregador dos ovos de Páscoa, pela sua notória capacidade de reprodução, símbolo da fertilidade. E que o ovo representa a pureza e a fertilidade, um símbolo da vida, daí sua relação com a ressurreição de Cristo.O ovo é como a eternidade, não tem começo nem fim.
Recentemente fomos visitar uma creche, destas que assistem crianças de famílias carentes, que deixam lá os filhos pequenos porque têm que trabalhar. E os voluntários nos mostraram uma mesa enorme coberta de cestinhas, enfeitadas, mas vazias. Explicaram-nos que, como a creche sobrevive de doações, e às vezes falta até comida, não têm como encher as cestas.
Então resolvi que vamos ajudar. Vamos tentar colocar algum recheio nas cestas. E desta vez será da maneira correta, pois as crianças, pelo menos aquelas que já podem entender, estão aprendendo o significado da Páscoa.
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