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domingo, 18 de abril de 2010

ENTREVISTA

Hoje apenas transcrevo a entrevista que alunos da Escola E.B. Jorge Lacerda, de Joinville, fizeram comigo, resultante de vários trabalhos que fizeram, baseados em meus livros "Aphrodite e as Cerejeiras Japonesas" e "Flecha Dourada". A professora, uma das heroínas do nosso ensino público, que encontra espaço na grade curricular para dar aulas de Literatura - e boas aulas, é Mariza Schiochet.

-Qual o seu sentimento ao passar numa rua cheia de ipês floridos?
Resposta: É um sentimento de encantamento, como eu disse numa crônica recente, "As flores da Páscoa", na qual falo de outra árvore florida e da qual transcrevo um trecho:
"Fico encantado com as manchas vermelhas que as quaresmeiras deixam na mata, nos jardins, nas beiras das estradas. Mas não é um encantamento comum, simples, é um encantamento mágico, pois meus olhos são atraídos pelas cores das pétalas vermelhas e lilazes, no meio do verde, e meu olhar flutua em direção a elas, como se minha alma seguisse com ele em direção às cores. E então meus olhos brilham, como faróis, e o raio de luz é o canal de ligação com meu coração.É assim que me sinto encantado com a generosidade das flores do jacatirão, encantamento que envolve meu olhar, minha alma, meu coração.Pois então não sou filho da terra, irmão gêmeo da natureza, como a árvore de jacatirão? "

- Desde quando você é apaixonado pelas árvores?
Resposta: Desde sempre, penso. A partir do momento que me dei conta de que elas nos dão tudo: o ar que respiramos, abrigo, alimento, cor e beleza.

Por que você se apaixonou pelos ipês e o que eles mudaram na sua vida?
Resposta: Eu gosto de toda árvore, principalmente florida. Gosto até da silveira, que dá flores brancas e simples, sem cor nenhuma. Gosto do ipê, do flamboiã, da primavera, de tantas outras árvores, mas gosto muito, muito do jacatirão. As flores do jacatirão, humildes e singelas, me ensinaram a ver a beleza da natureza.

- O que você tenta passar para as pessoas com a crônica "Minhas Árvores?
Resposta: Tento passar aquilo que, como vejo no trabalho que realizaram, vocês rapidamente perceberam: precisamos preservar a natureza. E preservar a natureza é tratá-la como se fosse alguém das família, pois sem natureza não há futuro. Se a agredirmos, ela com toda razão se rebelará, se defenderá, como estamos vendo tão frequentemente, em face do descaso e irresponsabilidade do homem em relação a ela.

- Você transforma suas palavras em atitudes, como em SOS?
Resposta: Sim, procuro cuidar da natureza que está a minha volta e tento difundir a idéia de preservação do meio-ambiente para que cada um faça a sua parte.

- O que você faz para "colorir de esperança essa terra esquecida"?
Resposta: Tento abrir os olhos das pessoas para a beleza da natureza, pois há quem olhe e não veja. E temos que nos conscientizar de que o nosso planeta é a nossa casa, e que o ar que respiramos depende do verde que tivermos. Se não pudermos respirar, se não tivermos água, nossa casa não existirá.

- Você ajuda ou participa de algum projeto que preserve o meio ambiente?
Resposta: Como disse lá em cima, minha arma é a palavra. É com ela que vou a público, em jornais e revistas e através da internet, para alertar as pessoas de que a natureza precisa de cuidado e atenção, que sem isso ela deixará de existir.

-Você já organizou um sarau poético?
Resposta: Já, muitos, principalmente aí em Joinville. Fazíamos saraus na praça Nereu Ramos, na feira de Arte e Artesanato, em escolas, festas e bares. Os lançamentos de livros, aí em Joinville, quase sempre acabavam em sarau. Hoje eu participo mais do que organizo.

- Em que lugares são mais frequentes as apresentações de saraus poéticos?
Resposta: em bares e em entidades culturais, como associações, bibliotecas, teatros, etc. Qualquer lugar onde haja mais de uma pessoa que goste de poesia, pode acontecer um sarau. Há muito poucos declamadores entre nós e os saraus favorecem o aparecimento de pessoas que sabem dizer, interpretar um poema.

- O que te inspira mais profundamente ou qual foi o motivo maior pra você fazer o poema Festa das Flores?
Resposta: As cores que se espalham pela cidade de Joinville, pois o que mais me inspira é a natureza. E também dar aos seus cidadãos um texto que traduzisse o orgulho que cada um de nós tem por ela.

- Ao longo da sua carreira você escreveu vários poemas. Qual te marcou mais e que te inspira até hoje?
Resposta: Há alguns poemas dos quais gosto mais, como "Simplicidade", "Procura", "Chama" e outros, mas "O Nome da Flor" marca um momento da minha vida que seria de realização e no entanto transformou-se na maior perda.

- Com quantos anos você começou a escrever crônicas?
Resposta: Na verdade eu comecei escrevendo contos, com cerca de quatorze anos. Logo em seguida enveredei pela crônica, sem nem mesmo saber o nome do gênero. E atualmente é o gênero mais popular, pois todo jornal e toda revista traz um pouco de crônica em suas páginas.

- Como surgiu a inspiração para escrever o livro "Aphrodite e as Cerejeiras Japonesas"?
Resposta: Na verdade, eu escrevo as crônicas todos os dias. Depois de um período - um ano ou mais - faço uma seleção e reúno em livro. A inspiração, mesmo, é na hora de escrever cada crônica.

- Como você era na escola?
Resposta: Eu gostava das aulas de português e o incentivo para escrever veio justamente daí. Eu tinha boas notas nas redações e ganhei um concurso do gênero quando tinha 12 anos.

- Você acha importante que, na infância, as crianças tenham liberdade e ar puro e árvores para brincar?
Resposta: Acho fundamental. Como esperar que as crianças saibam o valor da natureza, se não conviverem com ela? Minhas filhas passaram a infância aí em Joinville, no Parque Versalhes, perto da Expoville, e puderam usufruir de liberdade e verde. Hoje as casas estão invadindo a área verde que havia lá, o que é uma pena. Tinhamos até um casal de tucanos que era nosso vizinho, na mata ao lado e vinha comer frutas em nosso quintal.

- Como as pessoas podem fazer para ter cidades que cresçam com a natureza ao lado e não percam essa qualidade de vida?
Resposta: Para isso precisaríamos ter governantes mais preocupados com o futuro e precisaríamos ter uma educação ecologicamente mais apropriada. Vocês estão no caminho certo, têm bons professores, estão lendo bastante. Aproveitem isso.

- Você já esteve em Portugal, conforme uma das crônicas do livro. Qual foi o motivo da sua viagem?
Resposta: Sempre tive curiosidade de saber das semelhanças e diferenças dessa terra longínqua de gente dos quais descendemos e que fala a mesma língua que nós. Então, uma vez aposentado, pude dispor de tempo para fazê-lo. É muito interessante.

- O porquê do título "Portugal meu avozinho"?
Resposta: o primeiro prêmio literário que ganhei, quando tinha uns 12 anos, foi por uma redação sobre Portugal, e o tema era "Portugal meu avozinho". Então achei que encaixaria bem, já que Portugal é como que um avô do nosso Brasil.

- No que você pensava quando fez o poema “Poesia Viva?
Resposta: Eu pensava no quanto Quintana representa para a Literatura Brasileira, ele que dedicou a vida dele às letras. Pensava que precisamos divulgar a obra dele, que é um patrimônio do povo brasileiro.

- A crônica é principal gênero que pratica?
Resposta: Pois então. Eu escrevo crônicas desde garoto, comecei com o conto, enveredei pela poesia e me fixei na crônica, que é sempre atual e é um dos gêneros mais populares atualmente. Em qualquer jornal ou revista você encontra crônicas. Este que vocês leram, "Aphrodite...", é o sexto livro de crônicas. E há um outro vindo por aí.

- Você pensa em escrever outros livros?
Resposta: Sim, tenho um de crônicas mais intimistas para sair este ano e também um de contos de natal. Além de um só de textos sobre Corupá, minha terra natal.

- Você teve dificuldades em vender seus livros?
Resposta: Bem, alguns deles foram publicados por editoras, então elas é que ficam encarregadas de distribuir. "Vida, Vida" - contos, "Uma questão de amor" - poemas, "A Cor do Sol" - poemas, "Borboletas nos Jacaatirões", "A Nova Literatura Catarinense" e "Livro de Natal" foram publicados por editoras e alguns ainda estão no catálogo de algumas delas ou de livrarias como Saraiva, Catarinense, Livros & Livros e Clube de Autores (http://www.clubedeautores.com.br/) e outros estão esgotados. Com aqueles livros de edição própria eu consegui reaver o que investi neles.

- Você sempre gostou de ler?
Resposta: Sim, desde muito jovem eu sempre li muito. E recomendo, pois literatura é fonte de conhecimento.

2 comentários:

  1. Olá Luiz Carlos! Esta semana estou divulgando uma “nova” postagem. Trata-se de um conto; que na verdade vem a ser uma reedição de meu blog. Sua postagem original ocorreu em 13.02.09; sendo esta a minha terceira postagem neste blog. Naquela ocasião este texto não recebeu nenhum comentário. O texto é “O Sr. e o Dr.”. Espero que você, tendo um tempinho, o aprecie.
    Um grande abraço, minha gratidão e desejo que tenha uma ótima semana!

    Jefhcardoso

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  2. Amorim, obrigada mais uma vez pelo carinho e atenção com meus alunos. Há muitos professores bons no Ensino Público como também alunos. O professor é um lapidador de verdadeiros diamantes. Abraços criativos

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