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segunda-feira, 7 de junho de 2010

GRUPO LITERÁRIO A ILHA: 30 ANOS DE TRAJETÓRIA (2ª parte)

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

QUASE DUAS DÉCADAS DE ATIVIDADES EM JOINVILLE

Por quase vinte anos, “os poetas da praça” do Grupo Literário A ILHA participaram da vida cultural do norte catarinense, levando a poesia para a rua, para a praça, para a escola, para o shopping, para o banco, para os bares, para os palcos, para todos os lugares. Dizer que participaram talvez seja dizer pouco, pois eles se tornaram tradição e referência poéticas, eles eram parte e, às vezes, o todo da cultura de uma cidade como Joinville, onde tiveram sua sede por dezenove anos.
O grupo foi presença marcante na Feira de Arte de Joinville, parte intrínseca daquele evento, mês após mês, com o Varal da Poesia e o Recital de Poemas, além de levar estes mesmos trabalhos, com regularidade, também às feiras de arte de Jaraguá do Sul e São Bento do Sul, e com menor freqüência a outras cidades do estado.
O Varal da Poesia especial, com dezenas de poemas sobre dança e dançarinos, foi durante quase duas décadas, um evento paralelo integrado ao Festival de Dança de Joinville. Na praça e depois em out-doors, com o Projeto Poesia na Rua, o Grupo Literário A ILHA espalhava poesia pela cidade. Além do Varal da Poesia e do Recital, o grupo realizava outros projetos, como Sanfona Poética e Poesia Carimbada.
Outro evento tradicional do qual o Varal da Poesia já era parte integrante é a Festa das Flores de Joinville. Um varal especial, com cerca de meia centena de poemas sobre flores e sobre Joinville ocupava um stand na grande festa, por anos a fio, cantando a beleza e o perfume de todas as flores, sob o ponto de vista de vários poetas da praça.
A divulgação mais eficiente do trabalho do Grupo Literário A ILHA e a ligação da palavra poesia com o nome da cidade adveio da visitação do varal da poesia por visitantes de vários pontos do país, que vinham para o Festival de Dança e para a Festa das Flores. E a cidade passou a ser também a Cidade da Poesia.
Além disso, com o apoio de comunicadores do rádio, nos anos oitenta e noventa, os poetas do Grupo A ILHA colocaram a poesia no ar, em programas como Show das Dez e Fim de Noite. E mais, os poetas da praça levaram a poesia também aos jornais e à televisão, em colunas assinadas por integrantes do grupo e em programas no canal local, quando de encontros e lançamentos de livros, popularizando um gênero até então maldito, pois não vendia livros.
Hoje, infelizmente, os espaços para a poesia praticamente inexistem no rádio, na televisão e até nos jornais. Os poetas da praça, no entanto, continuam batalhando para manter alguns dos espaços que conquistaram, como a sua revista, o Suplemento Literário A ILHA, que como o grupo, completa trinta anos de existência ultrapassando a barreira das cem edições, como o Varal da Poesia, que evoluiu para o Projeto Poesia no Shopping, e lançando mão do espaço democrático que é a Internet, com um portal literário, PROSA, POESIA & CIA, em http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br e, ainda, a publicação de livros, através das Edições A ILHA.



GRANDES EVENTOS AO LONGO DA CAMINHADA

O Grupo Literário A ILHA realizou grandes eventos literários nos anos oitenta e noventa, em São Francisco do Sul e em Joinville. Como exemplos, temos a comemoração do Dia do Escritor Francisquense, em novembro de 81, que reuniu autores de São Francisco, de Joinville e de Florianópolis numa noite de autógrafos muito concorrida. Na oportunidade, foi instalada, também, a delegacia da Associação Catarinense de Escritores na Babitonga.
Em Joinville, no mês de outubro de 91, o grupo promoveu a Noite dos Escritores Catarinenses. Participaram da coletiva de autógrafos os escritores Enéas Athanázio, de Balneário Camboriú, Urda Alice Klueger, de Blumenau, Abel B. Pereira, de Florianópolis, entre outros.
Inúmeros lançamentos de livros foram promovidos por A ILHA em Joinville, São Francisco do Sul, Jaraguá, Itajaí, Corupá, Guaramirim, Brusque, Blumenau, Florianópolis, Porto Alegre, Rio, Cuba e Estados Unidos, nestes trinta anos, além dos eventos acima mencionados. Aconteceram noites de autógrafos de integrantes do grupo e de convidados, de livros publicados pelas Edições A ILHA ou não.
Edições A ILHA é nome da “editora” dentro do grupo. Editora que existe desde a criação do grupo, ainda que sem recursos financeiros. Dezenas de livros já foram publicados por ela que é, na verdade, uma das principais atividades dos poetas e escritores que compõe o grupo. A revista Suplemento Literário A ILHA e a publicação de livros e opúsculos constituem os maiores espaços desta que é a entidade do gênero mais perene e mais representativa da literatura de Santa Catarina.
O custo das edições ou é pago pelo autor da obra ou, se ele conseguir, com apoio de entidades comerciais, industriais ou culturais. A prática de se conseguir os recursos para se pagar a publicação de um livro com pequenas colaborações da indústria, do comércio ou da “cultura oficial” já funcionou em tempos idos, não tanto a última. Hoje em dia é muito mais difícil, se não impossível de se conseguir. Muitos poetas tiveram seu primeiro livro publicado assim e muitas antologias também.

CHEGANDO ATÉ O LEITOR

Para colocar a poesia nos olhos e nos ouvidos do leitor, talvez mais exatamente nos seus corações, o Grupo A ILHA usou, além do Varal da Poesia, dos folhetos – as famosas sanfonas poéticas, dos livros e dos recitais, novas alternativas, recursos pioneiros como o Projeto Poesia na Rua – poemas ou trechos deles em out-doors, espalhados pelas ruas, misturando-se ou destacando-se entre os outros painéis de propaganda; como o Projeto Poesia no Shopping, um varal da poesia atualizado, nos corredores e nas praças dos shopping centers, no caminho do leitor, não mais os cartazes pendurados nos fios, mas banners colocados em biombos ou painéis.
Alternativas, ainda, como o Projeto Poesia na Escola, lançando mão da tecnologia da informática, ao elaborar apresentações em power-point reunindo a poesia de vários autores para que as escolas possam usá-las em sala de aula. Ou como o Projeto Poesia Carimbada, aderindo ao simples uso do carimbo para imprimir poemas em qualquer suporte, em qualquer superfície, a qualquer hora. Ou como o Projeto Som da Poesia, que facilita e pereniza a distribuição da poesia declamada, gravada em CD.
O Portal do grupo, PROSA, POESIA & CIA, desde o início dos anos 90 no ar, democratizou ainda mais os espaços oferecidos, pois os leitores e os escritores de qualquer parte do mundo podem acessá-lo e participar, não só lendo as diversas seções, mas também colaborando com seus textos.
Os projetos existentes vão se adequando às novas tecnologias e novos projetos vão sendo colocados em prática para a divulgação da poesia, pois ela precisa chegar até os leitores sensíveis e românticos, que graças a Deus existem nas nossas cidades.
O mais recente deles, é a publicação das coleções Poesia Viva e Letra Viva, a primeira composta de doze volumes e a segunda, recém lançada, com três volumes iniciais, de integrantes do grupo.

A ILHA E AS FEIRAS DE LIVRO

O advento das feiras do livro, com número crescente a cada ano por todo o estado (e pelo Brasil, também), fez com que um projeto como o Recital de Poemas, por exemplo, fosse repensado para vestir nova roupagem. O projeto ganhou mobilidade em uma das últimas feiras do livro de Florianópolis: os poetas da praça, além de autografar seus livros nas próximas feiras, aproveitarão o espaço e a concentração de público interessado em literatura, para declamar poesia pelos corredores.
E assim, estaremos nos aproximando ainda mais dos leitores, mostrando-lhes que a poesia existe e que ela não é leitura de meia dúzia de intelectuais. Sempre defendemos que precisamos colocar a poesia nos ouvidos, nos olhos e no coração do leitor, seja com o varal, com os out-doors, com declamação, com as publicações, o que for.

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