Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Vocês lembram das “paradas de sucesso” no rádio, na televisão, as listas de discos mais vendidos e executados em revistas e jornais, anos atrás? Pois é. Alguns discos acabavam vendendo porque estavam nos primeiros lugares, pela sugestão da mídia, por martelarem tanto no rádio na TV. A super exposição acabava fazendo com que nos surpreendêssemos cantando músicas que, de princípio, não gostávamos. Nem sempre era verdade que o disco era o mais vendido, mas aparecia em boa colocação (alguém “talvez” pagasse para que ele aparecesse nos primeiros lugares), justamente para induzir a venda.
Um fenômeno parecido acontece com os livros. E com os filmes, também. Tudo o que é “campeão de bilheteria” nos Estados Unidos passa a ser sucesso também aqui. E até o que não se deu bem lá fora, com uma boa campanha, faz sucesso aqui, nem que seja em vídeo.
Numa matéria sobre mercado editorial de um grande jornal, leio que as grandes livrarias cobram pelo destaque que é dado a alguns livros nas prateleiras que se constituem em espaço “nobre” em relação ao leitor que entra nela. A máxima “quem é visto é lembrado” aqui funciona como uma boa ferramenta de marketing, pois quem vai à livraria sem saber de antemão o que vai comprar, vai acatar as dicas que estiverem mais visíveis, com certeza. E os livros acabam vendendo, justificando a despesa da editora que pagou uma taxa à livraria para que o livro ficasse no caminho do leitor.
As editoras pagam taxas, também, para expor títulos seus em lugar de destaque nos sites das livrarias virtuais, pois a venda de livros on-line é uma realidade no Brasil.
Aí emerge a questão da qualidade da obra. Já aconteceu a você, leitor, de comprar um livro influenciado por propaganda, por estar semanas entre os mais vendidos, por estar exposto em lugar privilegiado na livraria que freqüenta e, depois de começar a lê-lo descobrir que ele não é aquela obra prima alardeada aos quatro ventos? Só que então o livro já foi comprado e vai engordar as estatísticas dos mais vendidos.
Isso não é muito raro, pois campanhas caras e eficientes são feitas, principalmente para os livros importados, que já vêm com o material de divulgação atrelado à obra. E um produto bem promovido e com apresentação impecável vende. É claro que o livro não é como um outro produto qualquer, pois você compra apenas um. Se fosse como um produto comum de consumo continuado, compraríamos um e, verificando que por trás da boa aparência não existe qualidade, não compraríamos mais. Mas livro a gente só compra um. Se o conteúdo não for bom, se não conseguirmos lê-lo todo, não há como devolver, ele já estará aumentando a quantidade de exemplares vendidos, aumentando o seu sucesso.
A gente aprende, com o tempo, a procurar saber alguma coisa sobre a obra antes de comprá-la, mas muitos são induzidos a adquirir títulos que farão com que se sintam frustrados, ao lê-los. Há quem compre o livro para ler apenas o prefácio e a orelha, para poder dizer que leu, mas isso é outra história.
Luta-se pela divulgação e distribuição do escritor regional, sem sucesso, enquanto campanhas milionárias, inclusive encarecendo o preço final do livro para o leitor, são feitas para obras que, às vezes, ou vendem-se por si só, porque são boas, ou não merecem todo o aparato em volta delas.
Gostar de ler é, também, saber escolher.
Muito boa sua reflexão. Pior é constatar as dificuldades de quem escreveu um bom livro - ou ao menos acredita - e não conta com o apoio publicitário, normalmente, direcionado aos famosos ou bem patrocinados.
ResponderExcluirQuem quiser conferir meu último livro, acesse www.eliaskaran.com.
Um grande abraço e sucesso!
Elias Karan