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domingo, 31 de janeiro de 2010

ESPERANÇA EM PÉTALAS

Andei viajando de novo pelo norte e nordeste de Santa Catarina. Gosto de fazer isso nesta época, pois os jacatirões nativos começam a florescer no fim de outubro e vão até fevereiro manchando o verde com ilhas de vermelho, enchendo os olhos da gente, colorindo a vida.
No entanto, ao mesmo tempo que meus olhos transbordavam de luz e da alegria das cores do jacatirão esparramado pela beirada da estrada, nos morros e nas encostas, meu coração murchava de tristeza por perceber, aqui e acolá, trechos de mata queimados, áreas de morros desmatadas e desbastadas, pedaços de mata nativa colocados abaixo sem dó nem piedade.Sei que há uma lei que protege a mata nativa, mas parece que só funciona se houver madeira de lei envolvida. E também só funciona para alguns.
E as árvores que explodem alegria nas nossas primaveras e nos nossos verões vão diminuindo a olhos vistos, a cada ano, e a minha tristeza vai aumentando na mesma proporção. Não consigo entender como o ser humano pode destruir uma fonte de beleza que pode trazer um pouco de alegria aos nossos olhos cansados por um mundo cada vez mais feio e que alguns não querem ver. Somos realmente seres infelizes, se não conseguimos enxergar uma luz de esperança, se não conseguimos preservar em nada a natureza para garantir aos nossos filhos um futuro menos tenebroso.
Estarei sendo pessimista? A mídia vem mostrando, alertando para a destruição da natureza, para o fim da água que significa vida. Então deveríamos começar pelo pouco que pudermos fazer, ajudando a preservar o verde, não contaminando a água, não envenenando o ar. E sempre há uma mata, mesmo que seja pequena, perto de nós.
Já pedi isso antes, mas repito: não cortem, não queimem, não destruam os pés de jacatirão. Eles representam um sorriso e a luz dos nossos olhos num futuro que pode não existir, se não tivermos consciência hoje.
Quem não conhece a árvore do jacatirão, quem nunca lhe prestou atenção, não deixe de olhar para os lados quando passar pela BR 101 no norte de Santa Catarina, no Paraná, São Paulo, etc.

sábado, 30 de janeiro de 2010

NÓS E O HAITI

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

A tragédia do povo haitiano foi uma coisa dantesca, um golpe fatal num povo já combalido. Há que ajudemos, de qualquer forma, da melhor maneira possível, pois eles precisam de toda a ajuda imaginável. Comida, roupa, remédios, médicos, hospitais, o teto de suas casas, tudo. Precisam que ajudemos o seu país a se reerguer, para que tenham trabalho, pois só assim, readquirindo a cidadania e a dignidade, poderão pensar em superar adversidades tão atrozes.
Muitos países estão enviando gente, equipamento e suprimentos para ajudar os sobreviventes e o Brasil é um deles. Nosso país tem enviado gente apta a dar valiosa colaboração em várias frentes, assim como equipamento e carregamentos de agasalhos, água e alimentos. O governo também liberou um valor considerável, que para a dimensão do desastre do Haiti pode parecer pouco, mas para o brasileiro comum, que passou por tragédias recentes, ainda que menores, é muito.
Pode parecer que levantar o assunto dessa maneira é mesquinhez, mas não estamos aqui criticando o envio da ajuda ao Haiti, e sim a falta de verbas para socorrer as tragédias internas. Para se ter uma idéia, o dinheiro prometido pelo governo para construção das casas para o pessoal que ficou desabrigado em Santa Catarina parece que está vindo em doses homeopáticas. Há gente da enchente de 2008 que ainda está morando em barracas. A saúde, a educação, a segurança sofrem de aguda falta de verbas.
Mas, cá pra nós, dar teto para vítimas de tempestades e de um poder público que não faz o seu trabalho, delimitando áreas de risco e proibindo a sua ocupação, que ficaram sem nada, a não ser a roupa do corpo, não dá projeção para que o nosso presidente seja eleito Estadista do Ano num Forum Econômico Mundial fora do Brasil.
Precisamos levantar as mãos para o céu e agradecer por não termos terremotos no nosso chão. Se enchentes e tempestades já transformam o país num pequeno Haiti, imaginem com terremotos...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

PIPA, PAPAGAIO, PANDORGA...

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Ser criança é, talvez, o maior privilégio que todos temos ou tivemos. E soltar pipa tornou-se, até, um símbolo da essência de ser criança. Mas vejo, por aí, a irresponsabilidade dos adultos e a incapacidade de educar e de saber o que estão fazendo as suas crianças.
Vejo ali, no meio da minha rua, vários garotos, alguns bem pequenos, com seis, sete anos ou menos, e alguns bem crescidinhos, com quatorze ou mais, soltando pipas em meio ao emaranhado de fios de luz. E sei que não é só aqui, que onde há criança há pipas esvoaçando no céu.
Já expliquei aos garotos que o fio das suas pandorgas, ou pipas, ou papagaios, que se enrolam nos fio de energia elétrica, podem causar curto-circuito quando chove, e queimar eletrodomésticos dentro da casa deles e dos outros vizinhos. Que, se o fio que eles estão usando estiver úmido, eles podem levar um choque, podem ser eletrocutados. Enfatizei outro risco de vida que correm, quando eles pulam muros para pegar as pipas. Não é só o perigo dos fios energizados, mas também o fato de pularem grades altas e pontiagudas, pois podem cair e se ferir.
Que pais são esses que deixam os filhos brincarem no meio da rede elétrica, com risco de serem eletrocutados? Não culpo só os pais que largam os filhos ao Deus dará, sem saber onde estão ou o que estão fazendo, mas também os marmanjos, adultos, que saem a soltar pipas na rua, no meio da fiação elétrica, dando o mau exemplo.
Num telejornal, vejo um menino que morreu eletrocutado soltando pipa, outro que caiu de um telhado apanhando uma pipa e também morreu e pessoas que tiveram o azar de cruzar, de moto, com fios de pipas, sofrendo cortes no pescoço, nas mãos, nos braços. Que tipo de brincadeira tão perigosa é essa?
Criança tem o direito de ser criança, mas com segurança e educação. Será preciso que mais crianças morram para que alguns se convençam de que é preciso ter mais cuidado com a vida de nossos filhos?

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

UM CÉU PARA CÃES


Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Minie chegou em nossa casa e entrou em nossas vidas quando minhas filhas ainda eram pequenas. Ela também tinha apenas poucos meses e tornou-se parte da família. Era pequena, muito pequena, e cresceu pouco. Era dourada e seu pelo escurecia, ficava mais marron no inverno, quando lhe colocávamos vestido para não passar frio, pois pinscher é uma raça muito sensível a temperaturas um pouco mais baixas.
Tinha medo de trovoada e do espoucar de fogos, mas não hostilizava ninguém: adorava que lhe fizessem carinho e se aproximava de quem quer que seja abanando o rabinho que lhe fora cortado muito rente. Latia apenas quando passavam estranhos na calçada ou batiam palmas no portão. Ou latia para outro cão.
Sabia pedir carinho: aproximava-se, colocava a cabeça debaixo da mão da gente, insistindo para que a acariciássemos. Sabia como fazer para que passássemos a mão em sua cabeça.
Quando fez dois anos, levamos Minie para cruzar com um cão da mesma raça. Na volta, um visitante, ao entrar em nossa casa, deixou o portão aberto e ela saiu para a rua. Quando percebemos, ela estava grudada com o cão do vizinho, um vira-latas simpático. Então nasceram os filhotes, de pais diferentes: o Menino, filho do pinscher e uma menina, mestiça, filha do vira-latas. O menino tinha porte, era um pinscher puro, de pernas compridas, focinho longo, pelo preto. A menina, Pitucha, hoje Xuxu, por corruptela, não tinha as pernas tão longas e o focinho era mais curto, mas as orelhas eram grandes e alertas. E era linda. Aliás, é linda. Não é tão simpática como a mãe, late por qualquer coisa e ameaça morder quem tentasse lhe encostar a mão. Mas só ameaça, nunca mordeu ninguém.
O Menino, nós demos de presente para minha irmã. Viveu pouco, alguém o envenenou. Pitucha está viva, com seus doze anos, saudável, mas atualmente anda quieta pelos cantos, com saudade da mãe.
Minie – a nossa “Dona Menina” - não era mais tão forte, pois sua idade, já um tanto avançada, evidenciava que não tardaria muito o dia em que a perderíamos. No entanto, esperávamos que vivesse mais. Um problema em uma das patas traseiras – talvez reumatismo ou artrite – fazia com que andasse com dificuldade, às vezes, principalmente em dias de tempo ruim. Tinha também um tumor nas mamas e ainda bem que não a levamos para operar – ameaçamos várias vezes, mas o veterinário não tinha certeza se seria o mais indicado – ela não resistiria.
Quando entrava no cio, destruía o que encontrasse pela frente: primeiro a sua cesta, depois tapetes, mantas, lençóis, travesseiros, o que estivesse ao seu alcance.
Depois da meia idade, em passando o cio, contraía o que chamam de gravidez psicológica: ela achava que tinha um filhote, suas tetas enchiam-se de leite, que ela mesma bebia, pois os brinquedos que adotava como filhos – uma bola, um bichinho de plástico – não consumiam o leite que produzia.
Moramos alguns anos em apartamento, mas não nos desfizemos das duas. Aprenderam a fazer xixi e cocô no banheiro, quando não podíamos sair com elas para a rua.
Voltamos a morar em uma casa, meses antes de Minie ir-se. Assim, ela teve mais espaço para andar e se exercitar, por algum tempo.
Acho que ela teve uma boa vida. Mas o que me impressionou mesmo foi a maneira como se foi. Eu já tinha ouvido falar que os cães sabem quando a sua hora está próxima e procuram um lugar escondido para morrerem. No entanto, não imaginava o quão verdadeiro isso era. No dia anterior a sua morte, ela parecia estar doente. Demos-lhe o remédio que o veterinário indicara, mas não adiantou. Ficava deitada pelos cantos, só lá de vez em quando dava o ar da sua graça. A primeira coisa que chamou nossa atenção, foi que deixou Gabriel, meu sobrinho de um ano, passar a mão nela, sem brigar com ele. Deitou no chão, ficou de barriga para cima e deixou ele acariciá-la. Lembram-se que eu disse que ela aceitava carinho de qualquer pessoa, fosse estranho ou não? Pois é. Faltou dizer que só não gostava de guri pequeno, pois apertavam-na, beliscavam, batiam. Então ela não gostava de criança e ameaçava morder, se eles insistissem. Mas naquele dia, só naquele dia, deixou que o pequeno Gabriel passasse a mão na sua cabeça, na sua barriga, nas suas costas.
Nos últimos tempos ela dormia no quarto de minha filha. Na última noite, porém, ela dormiu debaixo da nossa cama. Logo que abrimos a porta, bem cedo, ela saiu e foi para fora. Não temos gramado, apenas um pequeno, muito pequeno jardim na parte da frente da casa, rodeado de brita. Já era assim quando compramos a casa, apenas fizemos o jardim, para plantar algumas flores, algum tempero e uma hortelã, um ou outro chá. Pois Minie foi para lá e começou a cavar primeiro em volta de um pé de manjericão – mas não dava para se esconder debaixo dele – então tentou cavar em volta de uma touça de outra flor, mas chegou a arrancar quase toda a planta, cavou fundo e também não conseguiu um lugar para se isolar. Levou uma bronca de minha esposa, e voltou para dentro de casa, para debaixo da cama. Fui lá vê-la e peguei-a no colo. Fiquei assustado, pois ela estava muito mole, os olhos marejados, parados, não ficava mais sobre as patas.
Levamos “Dona Menina” rapidamente ao veterinário, mas quando chegamos lá ele nos disse que ela estava morrendo. Já estava morrendo antes mesmo de a levarmos.
Foi muito triste ver “Dona Menina” ir-se. Vimos os últimos espasmos dela. Apesar de o veterinário garantir que ela não sofreu, que aqueles últimos espasmos eram mais reflexos musculares do que outra coisa, porque ela não estaria mais ali, foi muito doído.
Se existe um céu para cães, espero que ela esteja lá. Aqui ela faz uma falta imensa, pois fazia parte da família. Não imagino como será quando Pitucha – a nossa Xuxu – se for. Mas é melhor não pensar nisso.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

CARNAVAL DE RUA EM FLORIPA

Por Luiz Carlos Amorim – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

No último final de semana, fomos surpreendidos, aqui na grande Florianópolis, pela notícia inusitada de que a prefeitura da capital não promoveria, este ano, o carnaval de rua, os bailes públicos.
Foi no mínimo uma bomba jogada sobre moradores e turistas. Afinal de contas, nem todos podem pagar para ir ver o desfile das escolas de samba, então o baile público, gratuito, é a única opção. Se a prefeitura proíbe o carnaval de rua, o que resta?
Há muitos turistas que vem para a capital, nesta época do ano, não só pelas praias, mas também para participar do carnaval de rua florianopolitano.
Então, o que teria acontecido com a prefeitura? Essas decisões equivocadas ainda são resquícios dos desmandos na organização das festas de final ano milionárias, que se transformaram em fiasco estadual?
E a desculpa da falta de segurança não procede, pois a reunião de público vai acontecer de qualquer jeito no Pop Gay, que a prefeitura de Florianópolis manteria, se acabasse com os bailes de rua.
Pois a polêmica em torno da notícia, que movimentou todas as mídias, deu resultado. Hoje foi divulgada a notícia de que a prefeitura da capital voltou atrás na decisão de proibir o carnaval de rua e ele vai acontecer este ano, como sempre. Ainda bem que alguém teve bom senso e botou a mão na cabeça.
Falta de segurança há, pois não? Claro que sim. Então que a polícia vá para a rua para coibir. O que a prefeitura não pode é tirar o corpo fora, se eximir da responsabilidade.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

LIVROS ESCOLARES

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Vai começar o ano letivo e os pais já estão na lida da compra do material escolar para seus filhos. Os livros, sabemos, corroem grande parte da verba destinada a este item. Para aqueles alunos que estão em colégios que usam as famigeradas apostilas, nenhum refresco, porque como não se compra todas as apostilas do ano de uma vez, só final do ano é que saberemos o tamanho do rombo. A verdade é que as apostilas acabam saindo mais caro que os livros que elas substituem. Se somarmos o total gasto em apostilas durante o ano, vamos perceber que poderíamos comprar todos os livros correspondentes e ainda sobrava dinheiro, não raro. A apostila veio, a principio, para facilitar a vida dos pais, justamente para desencarecer a despesa com livros, mas foi se elitizando e acabou ficando mais cara.
Para os estudantes que estão em escolas que usam livros, os pais devem ficar antenados para saber se na cidade ou no colégio onde os filhos estudam é feita a feira de troca. Nessas feiras, a gente leva os livros do ano que passou, em bom estado, e negocia com quem precisa deles e tem os livros do ano em curso. Funciona bem e dá uma economia e tanto.
A feira de troca no próprio colégio é melhor, pois os livros são os mesmos. Se for numa feira da cidade, aí complica um pouquinho porque os livros são diferentes para uma e outra escola.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O TEMPO E OS SENTIMENTOS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Já comentei, em uma outra oportunidade, que criança rejuvenesce a gente. Lembrei disso, há algum tempo, quando participei da reunião da minha turma da faculdade e percebi o quanto é bom ver que a amizade é um sentimento verdadeiramente forte, que resiste ao tempo e não teme a distância.
Alguns dos formandos do curso de Letras daquele ano de 81, que parecia tão distante, eu não via quase que todos esses vinte e tantos anos. Não pude participar do primeiro encontro, porque havia viajado para participar de uma Bienal do Livro, no Rio, e foi realmente muito gratificante poder viver, finalmente, aquela tarde de reencontros.
Era visível nos rostos de todos nós, no brilho dos olhos de cada um, no sorriso, no riso e no abraço de um a um que chegava, a felicidade de estarmos juntos de novo. Não como nos tempos de faculdade – e isso me chamou a atenção – mas como amigos que se reencontram com toda uma vida para contar. Não foi um encontro para relembrar, apenas, tempos passados, mas para trocar as novidades de todas aquelas vidas. Família, carreira, viagens, filhos, até de aposentadoria falamos.
Percebi que, apesar da idade, não mudamos muito, a não ser na aparência: eu, por exemplo, acho que continuo o mesmo falastrão atrapalhado e desajeitado de outros tempos. A barba branca, os cabelos grisalhos e mais ralos, as rugas e o peso a mais parecem não ter muita importância. E isto me faz feliz, tão feliz quanto todos ali. E, frize-se, as marcas do tempo não apareceram muito em todos: a não ser por mim, talvez, ali estava uma gente muito bonita.
Alguém falou em energia positiva trazida por todos e em mágica, em encantamento, despertados em nós e que na verdade estava lá, dentro de cada um. Uma emoção que brilhava nos olhos de todos, uma constatação unânime, de que amadurecemos mas não envelhecemos, apesar de tantos mostrarem com orgulho as fotos dos filhos, estudando ou formados, com a vida encaminhada. Houve, até, quem mostrasse foto de neto.
Não é fantástico? Quanta vida para festejar!
Os contatos depois do encontro mostraram bem o saldo positivo: uma união mais forte e coesa, o desejo unânime de um reencontro sem deixar passar muito tempo – já completamos bodas de prata da formatura – e a manutenção do contato.
Podemos ser felizes. É só encontrar o caminho.

domingo, 24 de janeiro de 2010

UM PÉ DE CAMBUCÁ

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor e editor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Vou falar do enorme e único pé de cambucá que conheci quando menino, em Corupá, e que povoou toda a minha vida. Nunca esqueci dele. E ainda não vi outra árvore como aquela, no decorrer de todos esses anos.
O pé de cambucá é um marco na minha infância, pois sempre esperei encontrar uma outra árvore com aquela fruta de sabor único, de textura única, que se parece um pouco com pêssego, mas é só um pouco e só na aparência. Pensei nunca mais encontrar um cambucazeiro, parecia que eles se escondiam de mim, ou pior – pensei que eles talvez não existem mais, por aqui.
Mas eu nunca esqueci aquela árvore majestosa, enorme cambucazeiro com uns dez metros de altura. Ela ficava na casa de um vizinho, na Plantagem, e nós íamos lá, quando os cambucás estavam maduros, pedir para subir e comer alguns. E os vizinhos deixavam e a gente subia e subia naquela árvore gigantesca e apanhava os frutos amarelos e duros por fora, mas suculentos por dentro, com uma semente dura e lisa, talvez do tamanho de uma semente de pêssego. O tamanho da fruta também regulava com o tamanho de um pêssego grande, só que era redonda. A polpa não tinha separação da casca, então a gente abria a fruta com os dentes, tirava a semente e comia a parte macia até chegar na parte mais resistente.
O pé de cambucá deve ser parente da jabuticabeira, pois as flores e os frutos dão direto no tronco e nos galhos, e o sabor é até um pouquinho parecido, mas é característico, só dele, porque é agridoce, ácido, incomparável.
Andei procurando, numa das minhas idas a Corupá e encontrei um pé de cambucá, ainda que bem jovem, no terreno de minha avó, naquele bairro em franco desenvolvimento atrás do cemitério, vejam vocês. Neste verão, em fevereiro, irei visitá-lo. Subirei nele, e poderei brincar de ser menino de novo.Voltarei a sentir na boca o sabor da infância.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

AS CÓPIAS E OS PREÇOS DOS LIVROS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Seria engraçado se não fosse grave. A história do ovo e da galinha – quem teria surgido primeiro? – se repete, no problema de leitura do brasileiro: compra-se pouco livro porque ele é caro ou o livro é caro por que se compra pouco? Tenho as minhas conclusões, mas é um bom assunto para se discutir.
Li, há algum tempo, uma reportagem a respeito da reprodução indiscriminada e ilegal de livros através de xerox, nas universidades – e não só nelas. As editoras se ressentiam de tal prática, que lhes causa milhões de reais de prejuízos a cada ano, pois as cópias significam livros não vendidos. Elas queriam fazer valer a lei de direito autoral, coibindo o uso do xerox.
Não seria mais fácil e racional aumentar a tiragem, diminuindo o custo dos livros e, conseqüentemente, o preço para o consumidor final, o leitor, o estudante?
O livro é realmente muito caro e quem estuda e paga faculdade, além das outras despesas mínimas para sobreviver, raramente tem condições de comprar livros que custam, às vezes, mais de um salário mínimo, se bem que aqueles que custam quase ou mais de cem reais já são inviáveis para a maioria.
A verdade é que as bibliotecas das escolas e universidades estão, em muitos casos, defasadas e têm apenas um ou dois exemplares de cada livro no acervo, quando têm. E, já que nem todos os alunos têm condições, elas deveriam comprar mais exemplares para que os estudantes pudessem emprestar os livros, sem ter que copiá-los. (Em vez disso, o Estado Catarinense, por exemplo, comprou milhares de exemplares de um mesmo livro, antes de verificar que era impróprio para os estudantes, pagando uma fortuna.)
Outro tipo de reprodução ilegal que, parece, ninguém tem interesse de levantar, é a famigerada “apostila”, da qual já falamos, inclusive, em outra oportunidade. Ela é até pior, pois quem a organiza, quase sempre, “chupa” o material de várias fontes – os mesmos livros didáticos que os estudantes teriam que comprar, se não tivessem que comprar as apostilas, que então são vendidas a peso de ouro. São tão caras, que se juntarmos todas as apostilas de um ano letivo, o valor que gastamos para comprá-las daria para adquirirmos todos os livros didáticos que elas substituíram e ainda sobraria dinheiro. Fiz essas contas com as apostilas que minhas filhas usavam no fim do primeiro grau.
No que diz respeito à ficção, já existem em alguns países as cópias piratas de livros: edições com grandes tiragens de best-sellers feitos por editoras clandestinas, imitando com quase perfeição a edição original, tão organizadas que contam até com esquema de distribuição. Esperemos que isto não seja importado pelo Brasil. Que as editoras brasileiras se previnam, revendo os preços dos seus livros, porque as edições piratas são vendidas por preços bem menores que as originais.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

AINDA A "PONTE"

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Alguém lembra da “ponte” de madeira sobre o asfalto da Rua Erwino Menegotti, em frente ao Samae, em Jaraguá do Sul? Há um buraco no meio da rua, mas não há nenhum vão embaixo da ponte.
Uma das pistas está interditada e na outra fizeram a ponte de madeira há coisa de meio ano (ou mais) e ela continua lá, sem que ninguém tenha ameaçado realizar a obra necessária para que aquele monumento ao mau gosto (para dizer o mínimo) seja removido de lá.
Sei que já atribuíram a responsabilidade de ter construído a “ponte” ao Samae, mas na verdade eles não têm nada a ver com o peixe. A prefeitura é que não está fazendo a sua parte. Já houve tempo mais do que suficiente para licitação, compra de material, o que for, para acabar com aquela piada.Até algumas semanas atrás havia um semáforo “provisório”, para organizar o trânsito. Há duas semanas, passei por lá e vi que agora colocaram semáforos “oficiais”, isto é: fixos, o que dá a entender que realmente a resolução do problema, com o fim da famigerada “ponte”, vai demorar.Uma “ponte” como aquela é uma coisa emergencial, como já disse em outra oportunidade, deveria ser utilizada apenas enquanto o problema estivesse sendo resolvido. Mas não há ninguém trabalhando lá todos esses meses. A imprensa, diversas mídias já denunciaram o fato, mas parece que ninguém está preocupado com o arremedo de ponte.Até quando irá este atestado de ineficiência e incompetência da administração pública de Jaraguá do Sul? Cheguei a pensar que era uma piada de mau gosto, mas estou vendo que não é. É pior que isso.
Que alguém ponha a mão na cabeça e faça o trabalho que tem que ser feito: fechar o buraco, refazer o asfalto e sumir com a ridícula “ponte”, que ela está quase fazendo aniversário. E isso não é mérito nenhum para ninguém. Ou há alguém que se orgulha daquilo?

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

HAITI

Hoje não vou escrever nada. Vou transcrever uma crônica da minha amiga Urda, escritora de Blumenau, e você só tem que ler. Não preciso dizer mais nada.

O REI E O MENINO – HAITI
Por Urda Alice Klueger

(Para Didier Dominique e o povo do Haiti)
(e para meu pai, Roland Klueger, que faria 88 anos hoje.)


Era uma vez um rei e um menino. Fico pensando se há alguma palavra que signifique, ao mesmo tempo, exaustão, terror, desespero e desesperança, tudo isto somado e elevado a décima potência, mas não encontro tal palavra. Só que era bem assim que estava o menino: tinha dois anos, encolhia-se de olhos catatônicos no vazio de uma calçada logo depois do terremoto do Haiti, e apareceu na televisão. Eram tantos em desespero em torno dele, eram tantos... Eram tantos os mortos em torno dele, eram tantos... Quem conseguiria prestar atenção em mais aquele menino dentro de tanta desgraça, a não ser aquele olho malicioso de uma televisão, que pegou o menino e o jogou no meu colo, sem que eu soubesse o que fazer com ele?
Era uma vez um rei e um menino. O rei era pura saúde, garbo e fidalguia: vestido com trajes tribais, tinha no rosto e no corpo os mesmo desenhos em branco, preto e vermelho que também estavam no escudo de couro que segurava na mão esquerda, pois na direita segurava a lança segura e certeira que o tornara rei tamanha a sua perícia ao caçar o leão. Ele era grande e espadaúdo, mas maior ainda era a sua fama, pois não só ao leão enfrentava: quando seu povo tinha fome, ele afrontava até os grandes elefantes, e todos viviam felizes no seu reino, bem alimentados e saudáveis, e o rei era feliz também.
Certo do poder da sua felicidade e da sua lança, o rei nunca entendeu como lhe caíra em cima aquela rede que o despojara do seu escudo, da sua lança, da sua força e da sua liberdade – como tantos outros da sua terra, teve que se curvar à chibata do traficante, aceitar a gargantilha e as algemas de ferro, resistir à longa caminhada da coleante corrente feita de gente e de ferros, viver a aviltância do navio negreiro.
A saúde antiga deu-lhe forças para chegar vivo àquela terra de degredo, de escravidão, e cruéis homens brancos de outra fala, à força de chicote, subjugaram-no e ele teve que se curvar, sem lança, sem pintura, sem escudo, e cultivar a cana que produzia o açúcar, o rum e a riqueza daqueles usurpadores da sua liberdade. Nunca mais ele foi feliz; nunca mais soube do seu povo e seu povo nunca mais soube dele, e só o que havia de belo era o mar daquela terra, todo verde, azul e transparente. Houve, também, uma mulher que reconheceu nele a fidalguia conspurcada, e antes de morrer prematuramente, o rei teve um filho, negro e lindo como ele, e que na verdade era um príncipe – mas foi um príncipe que nunca teve uma lança e que não conheceu os desenhos e as cores tribais – ao invés de leões, só houve para ele o látego do algoz.
Outros príncipes foram gerados na descendência do rei, naquela terra que parecia incrustada num mar de turmalinas, e todos tiveram a vida miserável de escravo, enquanto seus senhores tinham as vidas nababescas dos poderosos.
Um dia, já não dava mais de suportar. Eles eram mais de 500.000 negros, e os senhores eram 32.000, certos que a força do látego manteria aquela situação indefinidamente. E junto com os demais escravos os descendentes do rei lutaram e lutaram e venceram – desde 1791 a 1803 – nesse último ano venceram até o exército que Napoleão Bonaparte mandara da França. E conquistaram a liberdade!
O Haiti foi o primeiro país da América dita Latina a ser livre, a fazer a independência, isto lá em 1804, antes de todos os demais. É de se imaginar o frio que correu na espinha de tantos outros colonizadores brancos: uma república, e de negros? E se a coisa pega? Olha que escravo está tudo cheio por esta América de meu Deus! Que se faz, ai ai ai?
De modo geral, o que se podia fazer eram independências rápidas, feitas por brancos (e elas aconteceram uma depois da outra) e muita matança de negros, para evitar que a coisa trágica se repetisse e sujasse o bom nome da dita civilização européia! Sei bem como foi tal matança no Brasil: foi na guerra do Paraguai, foi na revolução Farroupilha... – não estou inteirada de como foi nos outros países, mas que a matança foi grande, lá isso foi. E a “civilização” branca quase pode respirar, aliviada – só que havia aquele pequeno país, aquele maldito pequeno país lá incrustado naquele mar de ametista, o tal do Haiti, que era um país de negros – e nunca que a tal “civilização” branca poderia deixar aquilo lá florescer de verdade – era afronta demasiada.
E nos dois últimos séculos o Haiti sofreu tudo o que é possível sofrer-se para que sua crista se quebrasse: invasões, ditaduras, golpes de Estado, o bedelho dos brancos sempre indo lá e tentando botar tudo a perder, mas a valentia daquele povo parecia indomável, e o Haiti, mesmo não conseguindo florescer como deveria, era exportador de café, de arroz, era o maior produtor de açúcar do mundo, era um país que tinha seus filhos bem alimentados a arroz, a banana, os porcos abundavam e produziam pratos deliciosos, acompanhados de banana frita, iguaria tão caribenha...
Foi agora, agorinha, no tempo da violência do neoliberalismo, o que nos leva a 1980, que o complô dos brancos resolveu que já não dava mais, que era muito absurdo em plena América ver um país de negros sobrevivendo e sobrevivendo impunemente... Então foi programada a tomada definitiva do Haiti. Foi daquelas coisas mais malévolas que as mentes doentias podem programar visando lucro: aos poucos, introduziram-se as pragas necessárias na ilha incrustada num mar de safira, e morreram todos os porcos, e depois todo o arroz, e depois toda a banana, e depois veio a praga do café.. . Aqueles negros corajosos não sobreviveriam, ah! La isso não poderia acontecer! Viveriam apenas para voltar à condição de escravos, e igualzinho como os europeus, em 1885, no Tratado de Berlim, dividiram o mapa da África à régua, causando as milhares de desgraças que estão acontecendo até hoje, os brancos do neoliberalismo pegaram o território do Haiti e o dividiram em 18 futuras zonas francas onde não haveria lei, onde o Capital imperaria, e onde, as pessoas tão famintas que estavam assando biscoitos de argila para poderem ter algo no estômago trabalhariam, de novo, em regime de escravidão. Pode parecer que tal coisa é distante de nós, mas não é. O próprio vice-presidente do Brasil, José Alencar, é alguém tão interessado no assunto que até mandou seu filho para lá para cuidar dos seus futuros interesses imperialistas. E o execrável outro dia ainda saiu do hospital, depois de mais algumas cirurgias, sorrindo para as câmaras das televisões e declarando que poderia perder tudo na vida, menos a honra. Que honra pode ter um homem assim?
(Não consigo me furtar de contar de que forma a nefanda honra do vice-presidente atingiu diretamente minha família, recentemente. Numa só tarde, uma das empresas dele, aqui na minha cidade de Blumenau/SC/Brasil, a Coteminas, demitiu 600 empregados, assim sem mais nem menos. Três primos meus, lutadores pais de famílias, perderam o emprego sem entenderem muito bem por quê – o porquê é fácil: nas novas fábricas que o “honrado” vice-presidente anda montando lá nas zonas francas do Haiti, os novos empregados trabalharão pela décima parte do salário que os meus primos ganhavam – e o salário dos meus primos já não era grande coisa.)
Bem, então tínhamos um Haiti em petição de miséria, e daí veio o terremoto. Que poderia ter acontecido de melhor para o Capitalismo e o Imperialismo dos EUA? Até o palácio presidencial do governo títere ruiu – daqui para a frente é apenas tomar posse – já não há barreiras. Ao invés de ajuda humanitária (que eles não deram nem aos flagelados do furacão Katrina, em seu próprio território) os Estados Unidos estão, descaradamente, diante de todo o mundo, fazendo a ocupação militar do Haiti com o seu exército, e tudo parece bonitinho, com a Hilary indo lá para ver como é que estão ajudando... ajudando uma ova! Alguém já viu os Estados Unidos ajudar alguém de verdade?
Não deixo de louvar as tantas e tantas equipes de tantos e tantos países que lá estão, realmente levando ajuda humanitária para aquele povo quase que nas vascas da agonia – mas a semvergonhice do Capital está lá, também, sorrindo de felicidade com sua cara de caveira.
E então o olho de uma televisão espia lá aquele menino de dois anos arrasado pela exaustão, pelo terror e pelo desespero, encolhido num vazio de uma calçada, e o joga brutalmente no meu colo – e quando tento acalmá-lo acolhendo-o junto do meu coração, ele me conta do rei, seu antepassado – aquele menino moído pelo Capital e pelo terremoto é nada mais nada menos que um príncipe, e seu antepassado que foi rei e livre caçava leões e elefantes e alimentava um povo – o menino sabia, a família sempre contara adiante o seu segredo.
Céus, céus, o que fizeram com as gentes livres da África, que quiseram apenas continuar vivendo com dignidade naquela ilha de onde já não podiam sair? Quem vai cuidar daquele menino antes que ele retorne à condição de escravo de onde seus antepassados tanto tentaram sair?
Eu choro, Haiti, choro por ti, e por teu menino, e por aquele rei. Não sei fazer outra coisa além de chorar.

Blumenau, 17 de janeiro de 2010.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

AVATAR

Por Luiz Carlos Amorim – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Fui ver Avatar, em terceira dimensão, há alguns dias. E valeu a pena. Não havia ido ver nada no cinema em 3D e achei fantástico os galhos das árvores quase batendo na gente, aquelas criaturinhas que parecem flores voando na frente dos nossos narizes, o fato de a gente se desviar rapidamente de alguma coisa jogada na direção da câmera que filmou, isto é, em nossa direção. A tela do cinema parecia uma janela de onde a gente observava as coisas acontecendo ao vivo. Muito “maneiro”, como disse meu sobrinho de seis anos.Mas independente da tecnologia de ponta utilizada para fazer o filme, recursos de última geração, efeitos especiais, da espetacular fotografia, da criatividade dos realizadores, impressionou-me sobremaneira a história. A mesma ganância, o imediatismo para transformar tudo em dinheiro, o egoísmo e a sede de poder a qualquer preço que vimos aqui no nosso velho mundo, na nossa maltratada Terra, a gente vê em Avatar. Alguns homens da Terra, depois de exauri-la, de arrancar tudo o que podiam tirar dela, agredindo a natureza e o meio ambiente, depois de matá-la, voltam-se contra um outro planeta, que tem alguma coisa de interesse deles, para destruí-lo, destruir seus habitantes e seu ambiente, suas coisas sagradas, seu habitat.
Mas esse planeta é habitado por nativos lutadores e, embora suas armas sejam rudimentares, sua união, seus valores e seu senso de preservação e de preservação do seu planeta são muito fortes. E eles lutam e conseguem expulsar o invasor, que destrói antes de ser expulso, mas não consegue acabar com os nativos.
E a Terra, quem vai nos impedir de tentar acabar de vez com ela? Onde está a nossa consciência, o nosso senso de preservação, a nossa responsabilidade para com nossos filhos e netos?
A ficção nos abre os olhos para o fato de que estamos destruindo o futuro.

domingo, 17 de janeiro de 2010

SEBOS NA PRAIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Recentemente voltei a falar de sebos, pois sou fã deles. Pois me ocorreu um outro tipo de sebo, o sebo de praia. E existe isso? Pois então. Existem aqueles abnegados, amantes de livros, que fazem deles profissão, ganha-pão. E quando chega o verão, eles vão de mala e cuia – ou melhor, com a barraca e uma boa quantidade de livros – para a praia, oferecer variada opção de leitura para os veranistas.
Admiro essas pessoas, por levarem o livro a um lugar onde normalmente ele não seria encontrado e também por sacrificarem o seu verão trabalhando para que algum turista que esteja procurando por uma boa leitura, possa encontrá-lo sem ter que deixar a praia e deslocar-se até a cidade.
Sei que não é em toda praia que acontece isso, não sei exatamente quais delas contam com essa opção, mas aqui em Floripa, em um ou outra, podemos encontrar um cristão oferecendo livros.
É claro que eles não oferecem apenas livros, há revistas, quadrinhos, etc., como todo bom sebo, o que os torna ainda mais atrativos.
Acho ótimo que o sebo tenha chegado até a praia. Que seja bem vindo.

sábado, 16 de janeiro de 2010

CLÁSSICO E CONTEMPORÂNEO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Andei lendo “Crepúsculo”, o primeiro livro da saga dos vampiros “bonzinhos” e até gostei, apesar da rasgação de seda para a beleza dos “sanguessugas”. O sucesso da série de livros que está se transformando um por um em filmes – o terceiro já está a caminho – não é à toa. A autora tem fôlego e está abordando o tema de maneira nova, original, talvez daí o seu êxito.
Tanto gostei que não li o segundo volume, mas assisti o filme e estou lendo o terceiro, “Eclipse”.
Não sei ainda como é que tudo vai terminar – já existe um quarto livro, “Amanhecer” – mas o que estou achando interessante é um desdobramento literário que exteriorizou a obra. Desde o primeiro volume, “Crepúsculo”, a narradora cita o clássico “O Morro dos Ventos Uivantes”, de Emily Bronte, como leitura preferida da heroína da história e depois também do “mocinho”. E não é que a o livro passou a vender mais, por conta da citação nos livros da popular coleção dos vampiros?
Há até uma nova publicação do romance, com a capa em preto, branco e vermelho, imitando as capas da saga que começou com “Crepúsculo”, com a edição esgotada, partindo para uma nova.
Parece uma boa coisa um sucesso literário contemporâneo alavancar a leitura de um clássico.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O ESCRITOR E O ESTADO

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O escritor catarinense - assim como muitos outros de outros estados brasileiros - é, antes de tudo, um forte. Forte e teimoso, pois além de não conseguir editora para publicar seu livro, nem aqui no nosso estado nem fora dele, quando consegue ter o livro pronto, fruto de recursos próprios ou algum patrocínio, também tão escasso, esbarra no fantasma da distribuição. E digo fantasma, porque ela não existe. Até mesmo as editoras tradicionais do estado têm dificuldade para distribuir e vender seus livros, imagine-se o escritor com sua edição própria.
É claro que o autor de edição própria se esforça, pega seu livro, coloca-o debaixo do braço e vai à luta, oferecer de porta em porta. Mas, por mais que consiga esgotar uma edição, o alcance do livro fica restrito a um círculo de amizade, um bairro, quando muito a uma cidade.
Para atenuar esse problema e fazer com que o escritor da terra seja conhecido e lido não só na sua cidade, mas pelo menos no Estado, o governador sancionou a lei número 8759, em 27 de julho de 1992, que dispõe sobre a aquisição de livros de autores catarinenses pelo estado, com a finalidade de integrar acervo das bibliotecas públicas municipais. A lei especifica, também, que em todos os casos, será considerada a qualidade da obra, qualidade esta que seria medida ou avaliada pela Comissão Catarinense do Livro.
Em 2009, finalmente, depois de quase vinte anos, a lei foi cumprida, com o lançamento do primeiro edital para seleção de dez livros de autores catarinenses para distribuição às bibliotecas municipais catarinenses. A escolha não foi bem o que se esperava, a maioria foi de autores de Florianópolis e 3 dos autores estão radicados há muito tempo fora do nosso estado, mas de qualquer maneira, a lei Grando começou a ser cumprida. Um novo edital deveria ter sido publicado ainda no final de 2009, mas deve sair este ano. Segundo a comissão de seleção, livros do primeiro edital, de boa qualidade, concorreriam também no segundo. Só que os livros que concorreriam automaticamente no segundo edital não foram especificados. Seria importante que isso fosse esclarecido, para que o autor não inscrevesse novamente o mesmo livro.
Outro senão é o fato de que o edital especificava o destino dos livros que os autores deveriam em
para a comissão de seleção, no ato da inscrição – nove exemplares – eles seriam encaminhados à Biblioteca Pública Estadual, incorporando-se ao seu acervo. Só que já faz quase meio ano desde o resultado do edital e até agora os livros não apareceram na Biblioteca.

domingo, 10 de janeiro de 2010

VIDA NOVA PARA NOSSO PEQUENO MUNDO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

O ano passado não terminou bem e este ano de 2010 também não começou nada bem. Mas por quê? Por causa do tempo, das tempestades, da natureza? Não, por causa de nós mesmo, por nossa culpa, nós, seres humanos. Se não respeitarmos a natureza, ela também não terá como nos devolver respeito e segurança. É uma troca natural e justa. Então, temos que ter responsabilidade e esperança.
Temos que fazer deste ano o ano da conscientização e do propósito de cuidar do nosso lar, cuidar do nosso planeta Terra, que até aqui só fizemos tentar matá-lo. E ele está estertorando.Então, este novo ano terá que ter a marca da renovação, da certeza de que podemos mudar, de que podemos provocar mudanças em nós e no próximo, de que essas mudanças precisam começar e podem trazer, oxalá, condições de vida melhor para todos se tivermos um planeta mais vivo, mais saudável, com o meio ambiente e a natureza protegidos.
E essa esperança de um futuro melhor, sem poluição do ar do nosso planeta, da água, do mar e do solo, vai nos trazer uma coisa não menos importante: a paz. Precisamos plantar, cultivar e disseminar a paz, sem a qual todo o resto, até a esperança, será em vão. E sabemos que nós somos o instrumento da paz, os construtores da paz, os responsáveis pela sua existência e permanência.
Não podemos contar com uma transformação instantânea, com a correção dos erros do passado em um piscar de olhos. Mas precisamos começar. Com urgência. Temos que participar da renovação, com solidariedade e honestidade, fazendo cada um a sua parte.
Nossa sociedade está imersa em uma era de corrupção e mentiras e precisamos redirecionar essa energia para o cuidado necessário que temos de ter com o nosso pequeno mundo, entrando em uma nova era, esta de transparência e verdade. Impossível? Este é o ano da esperança e da realização, não haverá esperança se não tentarmos construir um futuro melhor. Temos que trabalhar e contribuir para que a natureza seja nossa aliada, neste caminho para a paz, e não nossa inimiga. Temos que parar de desafiá-la e protegê-la. Precisamos nos unir a ela para salvar nosso planeta.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SEBOS ON LINE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Uma matéria no Correio Braziliense sobre sebos que se adequaram a era da informática e da comunicação e estão na web, me faz voltar a falar sobre o assunto. Gosto de sebos, principalmente porque nos últimos anos eles foram ficando cada vez mais organizados, com cara de livraria mesmo, oferecendo livros e revistas em ordem, uma beleza. E também porque gosto de garimpar, já encontrei livros importantes com edições esgotadas e tenho comprado livros novos em estado de zero pela metade do preço.
Então gosto de sebos. Eu não vou, provavelmente, comprar livros em algum deles pela internet, mas para quem não tem tempo de ir à loja de usados para procurar por um título, agora pode lançar mão da internet, que eles estão lá. Há sites que reúnem centenas de lojas de vários pontos de país e fazem a intermediação entre o comprador e o vendedor. Dessa maneira, quem está procurando um determinado título vai a um desses sites, como estante virtual ou sebosonline, localiza a obra e pronto, compra e vai recebê-la em casa.
Não é uma beleza? É claro que o comprador vai ter a despesa da remessa, mas a comodidade de comprar e receber em casa deve compensar.
Eu continuo indo aos sebos, às vezes nem estou procurando nada em específico, porque é ótimo a gente se surpreender, vez ou outra, com a descoberta de uma relíquia literária. E, além do mais, vivo procurando, entre um livro e outro, exemplares da extinta revista Urtigão, alguém lembra dela? Pois é. Sou fissurado no Urtigão. Pena que a Editora Abril não publique mais.
Mas os sebos têm muito mais, além de livros e revistas. Eles oferecem discos de vinil, CDs, filmes, jogos, etc. Quem não conhece ainda, quem nunca entrou nuna, que dê uma olhadinha.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

DIMINUINDO A PAPELADA

Por Luiz Carlos Amorim – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Vendo uma matéria, em um telejornal, recentemente, a respeito de quanto tempo devemos guardar documentos como pagamentos de água, luz, telefone, escola, IPTU, etc., lembramos que já ouvimos algo a respeito de uma lei que pretende desburocratizar um pouco essa coisa de a gente ter de ficar guardando montanhas de papelada por anos e anos. Ligamos para o PROCON, mas lá eles nunca ouviram falar de tal lei.
Então fomos garimpar na internet o que havia a respeito. Encontramos, sem muito trabalho, a lei 12007/09, de 29 de julho de 2009, sancionada pelo presidente Lula, que dispõe sobre a emissão de declaração da quitação anual de débitos pelas pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos ou privados. São seis artigos e o primeiro reza que “a declaração de quitação anual de débitos compreenderá os meses de janeiro a dezembro de cada ano, tendo como referência a data do vencimento da respectiva fatura.” Do artigo 4º consta que “A declaração de quitação anual deverá ser encaminhada ao consumidor por ocasião do encaminhamento da fatura a vencer no mês de maio do ano seguinte ou no mês subsequente à completa quitação dos débitos do ano anterior ou dos anos anteriores, podendo ser emitida em espaço da própria fatura.” E o artigo 6º prevê que “O descumprimento do disposto nesta lei sujeitará os infratores às sanções previstas na lei 8987, de 13 de fevereiro de 1995, sem prejuízo daquelas determinadas pela legislação de defesa do consumidor.”
Estranho que o Procon não saiba nada a respeito dessa lei, não é? O fato é que a lei existe e as empresas estão obrigadas a enviar o extrato de quitação do ano anterior a todos os seus clientes. Esperemos que esta não seja apenas mais uma lei daquelas que não são cumpridas neste nosso Brasil.
Porque a ideia é boa: não precisar ficar enchendo pastas e gavetas com um monte de contas pagas por tempo quase indefinido – há documentos que precisam (ou precisavam?) ser guardados por 30 anos - seria muito bom.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

VERÃO E COR


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Neste verão, tenho ido muito a Joinville, Corupá, Jaraguá, São Francisco do Sul e tenho visto o jacatirão nativo florescido nos morros, nas encostas, na beira das estradas, nas florestas, espalhando cor em todo o verde.
É um privilégio poder ver o mar para praticamente qualquer lado que se olhe, aqui em Florianópolis, mas meus olhos míopes se revitalizam, se iluminam com a visão de matas mesclando o verde com o vermelho, com o arvoredo todo pintado de cores que vão desde o branco até o vinho.
Tenho uma relação de amor e dor com o jacatirão. Quando perdi minha primeira filha, há bastante tempo, fazia poucos anos que eu tinha descoberto essa árvore grande e generosa, que se cobre de flores no final da primavera e fica esbanjando beleza até o final do verão, e me tornado admirador e divulgador dela. Então, quando estávamos indo sepultar minha menina, um raio de luz e cor conseguiu atravessar a névoa de dor que cobria meus olhos e eu vi as primeiras flores de jacatirão daquela temporada, numa árvore ao lado do cemitério.
Aí nasceu um pequeno/grande poema: pequeno no tamanho, mas grande no significado: “A primeira flor / de jacatirão / da primavera, / em outubro, / tem um nome: / saudade...”
A relação que temos, eu e o jacatirão, na verdade não é só de amor e dor, mas também de cumplicidade. Porque acho que ele veio me consolar numa hora em que eu precisava muito de luz para mostrar o caminho, mostrar o chão para seguir em frente, mostrar que havia esperança. Que a vida segue e que o tempo cura quase tudo, que a saudade vai se tornando companheira e a dor vai diminuindo, embora volte, às vezes, um pouquinho mais forte. Que a perda ensina a gente a valorizar mais o que se tem, ensina a amar mais e melhor a vida e nossos entes queridos.
Então gosto de falar do jacatirão, de todos os tipos de jacatirão: daquele nativo, que floresce no meio da mata, no verão, no nordeste da nossa Santa e bela Catarina, autêntica árvore de Natal, se enfeitando para o 25 de dezembro e a virada do ano - no final do verão ele floresce no Paraná, São Paulo e pelo Brasil afora; do jacatirão também chamado de quaresmeira, que floresce mais ao sul de Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e também por quase todo o país, na época da páscoa, com suas flores menores mas mais coloridas. E o do jacatirão de jardim, que chamam de manacá-da-serra e floresce no inverno.
Gosto de falar dele, enaltecer sua beleza, também para esclarecer o que diz o verbete correspondente a ele no dicionário Aurélio, que o descreve como uma árvore com “flores insignificantes”. Penso que a alusão é uma opinião pessoal e infeliz.
Você, leitor de qualquer parte do Brasil, que não sabe o que é o jacatirão, preste atenção se um dia viajar aqui para o sul ou para o sudeste: do final de outubro até fevereiro, em vários pontos da BR 101 e outras rodovias, você poderá ver as manchas vermelhas nas matas que ladeiam as estradas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A SEGURANÇA DE NOSSAS ESTRADAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com

As festas de final e início de ano tiveram, segundo foi divulgado, o maior índice de acidentes já registrados em nossas estradas. Foi nada mais nada menos do que 24% a mais do que no mesmo período do ano passado. O número de mortes também aumentou, consequentemente.
A justificativa, desta vez, foi a chuva. É claro que a chuva intensa tornou as estradas ainda mais perigosas e há também o aumento de fluxo de veículos e a imprudência de alguns motoristas.
Mas vi apenas uma menção, em um noticiário da televisão, a um ponto importante que passa batido e também tem um peso bastante grande no índice de acidentes: a chuva faz com que apareçam os erros de projeto de nossas estradas por esse Brasil afora. A chuva potencializa esses erros na construção das estradas e juntando todos os fatores de risco, resulta no que tivemos: um número de acidentes recorde.
Os erros de projeto – ou não cumprimento do projeto – são os mais diversos, desde os mais inocentes aos mais graves. Até a pessoa mais leiga pode ver, por exemplo, lugares nas pistas onde acumula água durante a chuva, fazendo com que os veículos percam a estabilidade facilmente. Ou então a inclinação que deve haver nas curvas da estrada, para que os veículos não saiam da pista, não está correto. Essa inclinação, que é chamada de “super elevação” pelos técnicos e engenheiros, tem que ser feita, obrigatoriamente, para dentro da curva. Ou seja, a inclinação para assegurar a estabilidade e não jogar o veículo para fora da estrada deve ser feita de fora para dentro.
E por aí afora, outros erros tornam as estradas mais perigosas. Estratégias das construtoras que tentam gastar menos para ter mais lucro?
A verdade que esses erros, aliados a outros fatores, acabam custando a vida de cidadãos que pagam caro para usar as estradas. E as estatísticas de acidentes aumentam assustadoramente.
Cobra-se pedágio em muitas rodovias brasileiras, e em alguns lugares os preços são absurdos, chegando a mais de dez reais, mas a manutenção não é o que deveria ser, não é o que deveríamos ter pelo que a gente paga.
Além dos buracos, esses erros de projeto deveriam ser corrigidos, deveríamos ter estradas de primeiro mundo, seguras e impecáveis, considerando o pedágio que pagamos, além de mais outros impostos.

domingo, 3 de janeiro de 2010

DE NOVO O FIM DO LIVRO

Por Luiz Carlos Amorim – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O ano de 2009 completou a primeira década deste século. E se olharmos para trás, poderemos ver que este início de século foi um divisor de águas. Não me refiro ao fato de os últimos anos terem sido os anos da violência, da corrupção e da impunidade, do descaso com o meio ambiente e a consequente ira da natureza, traduzida em tempestades, ventos excessivos e inundações.
Refiro-me ao boom da tecnologia da informação e da comunicação. Os primeiros anos deste novo século nos deram os celulares multifunção, que fazem de tudo, começando por permitir que se fale com qualquer pessoa em qualquer lugar, passando pela fotografia, pela música, televisão, internet, etc. Foi nessa década que estouraram os sites de relacionamento, como Orkut, Facebook e outros, estreitando a comunicação entre os internautas. Foi nestes anos que sites como You Tube popularizaram o vídeo na internet e que houve uma revolução na maneira de se ver filmes, seriados e televisão, com a banda larga ficando um pouco mais larga, felizmente. A internet democratizou a distribuição de filmes e as locadoras, como as lojas de CD, ficam cada vez mais obsoletas. A própria televisão se transformou, com a chegada das transmissões digitais, com as novas telas de leds, suplantando as de LCD e plasma, que baixam um pouquinho mais o seu preço, à medida que vendem mais.
E a tecnologia digital está influenciando e revolucionando até a maneira de lermos livros. O e-book, os livros eletrônicos que, apesar de terem sentenciado o fim do livro tradicional já nos anos 90, até aqui não tinham dado certo, estão voltando com força, já que aparelhos como o Kindle, leitor de textos americano que agora também é vendido para o Brasil, apesar de já haver um leitor fabricado aqui na terrinha, estão caindo no gosto de uma pequena parcela de leitores.
E já que o leitor de e-book foi bastante vendido nesse final de ano, volta também o discurso de que o livro impresso, de papel, está com os dias contados. Sei que o avanço do livro eletrônico, da popularização dos leitores de e-books é inevitável, embora a longo prazo, mas vai ser muito difícil acabar com o livro físico, como o conhecemos até hoje. Ele vai existir paralelamente ao livro eletrônico, mesmo que este se torne popular, mesmo que o preço do leitor baixe e mesmo que os arquivos a serem comprados sejam vendidos por um preço muito baixo.
Como dizia uma editora de uma grande casa publicadora de livros, o leitor de textos digitais pode ser uma ótima ferramenta para alguns, mas não para outros. Sempre haverá quem goste do livro de papel, assim como haverá quem goste de ler o que quer que seja em aparelhos como o Kindle.
Uma coisa conviverá com a outra, pacificamente. Uma complementará a outra. Assim como já aconteceu com outras mídias, como a música, o filme, o rádio, etc.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A TRAGÉDIA ANUNCIADA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

2009 terminou, um ano de muita corrupção, impunidade, descaso aos direitos mais básicos do cidadão brasileiro, de muita chuva, ventos e tempestades. Ainda bem que terminou. Mas 2010 começou muito mal, com soterramento de casas e muitas mortes. Esperemos que ele melhores e possamos comemorar um ano bom, quando dezembro chegar.
O ano passado já terminou com as chuvas causando deslizamentos e alagamentos em varias partes do país. Mas foi no raiar no novo ano que a tragédia aconteceu no Rio e em São Paulo, com a terra deslizando sobre casas e pessoas, matando dezenas delas, transformando o réveillon em um filme de terror.
Uma terrível constatação é a de que este filme já passou antes. Em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, no nordeste, em vários pontos do país. E muito pouco foi feito. Sim, porque essas tragédias que vem acontecendo não são culpa do tempo, pura e simplesmente. A terra está despencando em cima de casas, pousadas, hotéis que foram construídas em áreas onde o ser humano não deveria estar. São áreas de risco muito claras. Então porque foram autorizadas tantas construções?
Como em Angra dos Reis e Ilha Grande, há construções encostando nos paredões. E se elas estão lá, funcionando, com água, luz, acessos, é porque houve autorização do poder público que deveria fiscalizar a não ocupação de áreas de risco, para que não acontecessem as tragédias que estão acontecendo.
É a politicagem e a ganância em vender mais imóveis e receber mais impostos que fazem isso e inocentes é que pagam pelo crime cometido. Sim, porque isso é crime e quem autorizou a ocupação de áreas de risco deveria ser responsabilizado.
Mas infelizmente os mortos são contados, viram manchete nas diversas mídias e amanhã tudo volta ao que era antes, até que outra tragédia aconteça. E pouco se faz para que o massacre seja evitado.
Que este ano de 2010 seja de conscientização para todos nós, que devemos implementar esforços para que o que vem acontecendo seja evitado. Temos que parar de construir em encostas, pés de morros, altos de morros. É precisos que haja lei nesse sentido, se ainda não há, e que ela seja cumprida. Ou o massacre continua.
A natureza não pode ser responsabilizada pelos erros dos homens.