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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

LIVROS PARA TODOS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Hoje fui de ônibus para o centro de Florianópolis, pois de carro fica cada vez mais complicado: a mobilidade está cada vez mais ausente na capital. O número de veículos aumenta, o número de estacionamentos diminui, não se vê nem guarda municipal nem guarda de trânsito, então fica quase impraticável andar de carro.
Mas o meu tema hoje não é esse. Desci no terminal urbano central, bem na plataforma onde havia uma estante do Projeto Floripa Letrada, inaugurado há alguns meses e que colocou à disposição do público, em três terminais do transporte coletivo, livros e revistas. E vi que havia livros e revistas na estante e duas pessoas abasteciam com mais volumes.
Fiquei feliz, pois há algumas semanas passei por lá e vi a estante abandonada, com nenhum livro e algumas revistas jogadas no fundo da estante. Desta vez, não foi bem assim, felizmente. Os livros estavam organizados, as revistas no seu lugar.
Conversei com dois seguranças que estavam folheando alguns livros, para saber como o projeto tem andado, como o público tem se comportado em relação aos livros, pois eles estão sempre por ali e veem muita coisa. Disseram-me que o público procura, sim, os livros e revistas, mas poucos devolvem os volumes que levam. O projeto continua, porque sempre há doações e quase que diariamente as duas estantes que estão naquele terminal são reabastecidas.
É muito bom saber que o projeto resistiu e continua, é ótimo saber que as pessoas estão doando os livros que têm em casa, guardados, mesmo que sejam livros antigos. Mas o fato de não sermos educados o suficiente para devolvermos os livros que tomamos emprestados, não termos consciência de que não podemos ficar com o que levamos porque não é da gente, é de todos, isso me deixa muito triste.
Espero que isso mude. Como disse em outra oportunidade, não fica ninguém na estante para cuidar, não há controle de empréstimos, não há registro do que é levado. Então o que manda mesmo é a nossa consciência. Por que ficarmos com um livro que já lemos?
Precisamos devolver, para que outras pessoas possam usufruir da cultura, do entretenimento, do saber que um livro pode proporcionar.

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