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segunda-feira, 18 de junho de 2012

JACARANDÁS E JACATIRÕES

        

Daniela na rua dos jacarandás, em Lisboa      
                                                               
                                 Meu pé de jacatirão


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Descobri que minha amiga Mary Bastian, escritora gaúcha radicada em Joinville, é apaixonada por jacarandás floridos. E sabem como? Porque o Pierre Aderne, cantor e compositor francês radicado em Lisboa, postou uma foto de um enorme jacarandá português florido no Facebook. Vocês já devem tê-lo ouvido, pois a música “Fado dos Barcos”, cantada por ele com a participação de Cuca Roseira, foi um dos temas da novela “Aquele Beijo”. Pois ele postou uma foto, eu vi, a Mary viu e comentamos. Depois ele postou outras – há uma rua em Lisboa cheia de jacarandás – e por último uma foto da minha filhota Daniela, bailarina que está fazendo mestrado na área em Portugal. E o intercâmbio de admiração pelos jacarandás rendeu até um poema do Pierre, depois que sugerimos, na rede, que eu era o jacatirão e a Mary era o jacarandá.

Foi inevitável comparar as flores do jacarandá florido com os pés de jacatirão pejado de flores, pois eu fissurado por eles – nessa época estão floridos os manacás-da-serra, variedade de jacatirão de jardim, que florescem no inverno. E o poema é esse: “jacatirão e jacarandá / vão juntos de mãos dadas pintando a rua / da cor do jamelão, / um vai colorindo o sol e o outro tinjindo a lua... / jacarandá e jacatirao / pintores de mãos e almas cheias / ... fazem o menino cantar como passarinho / e a menina feito sereia / jacatirão e jacarandá / soprem o inverno / pra logo logo a primavera chegar”.

De maneira que o Pierre, com a sensibilidade do poeta que ele é, juntou duas árvores fantásticas, belíssimas e as paixões de dois poetas que cruzaram com ele num “lugar” que não era próprio para “provocar” a poesia, mas agora é.

E eu descobri que também gosto dos jacarandás, como gosto de outras grandes árvores que florescem espetacularmente pela natureza deste planeta azul que insistimos em tornar cinza: jacatirões, flamboiãs, ipês, paineiras, etc., etc.

Mary me mostrou a Rua Gonçalo Carvalho, em Porto Alegre, consagrada como “a rua mais bonita do mundo”, justamente porque é coberta de jacarandás. Nesta época do ano, a rua está esplendorosa, com as árvores cheias de flores e chão coberto de cores. Não é para se apaixonar?

Pena que aqui em Santa Catarina quase não temos jacarandás. Ainda bem que temos jacatirões. No inverno, no outono e no verão. Ainda bem.

Um comentário:

  1. Camarada Amorim, que bom que publicaste este texto no Correio, vou ficar na torcida pra alguém que conheço leia, nos identifique e entre em contato. Perdi muitos amigos das letras ao vir pra cá e seria bom entrar em contato com eles de novo. Ah! , ninguém em especial, viu? Este teu texto está muito bom.
    Mary Bastian

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