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quinta-feira, 21 de junho de 2012

TENOLOGIA DA INFORMAÇÃO E LITERATURA

Eu e Fabiana, a idealizadora do LITERANOITE.

Excelente o recital de poemas meus por um grupo de atores locais.


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Acabo de chegar da sétima edição do LITERANOITE, da qual fui o escritor convidado. Foi muito, muito bom. Um auditório lotado, uma platéia maravilhosa. Como eu disse, anteriormente, conversar sobre leitura, literatura, livros com gente que gosta de ler é uma beleza. Foi um privilégio e uma honra estar lá, compartilhar com todo aquele público idéias e conceitos sobre literatura. Agradeço à Fabiana, idealizadora do projeto, também escritora, que é uma batalhadora e impulsionadora da cultura em São José. Se a cidade tem iniciativas culturais, se a cultura é bem tratada no município, é graças a ela. Meus agradecimentos a toda a equipe da Fundação Cultural de São José, estendidas à Secretária de Cultura, que estava presente.

Não sou um brilhante orador, prefiro mais escrever do que falar. Mas foi um prazer conversar com todas aquelas pessoas que compareceram ao LITERANOITE. Acho que nem sempre respondi na totalidade os questionamentos da platéia, pois às vezes a gente começa a falar sobre um assunto, aborda um determinado ponto e no fim acaba se desviando da proposição inicial. Isso aconteceu na última pergunta que me foi feita, a dicotomia “Literatura como criação de arte usando a palavra, a imaginação e a leitura e a escrita através das novas mídias, novas tecnologias que facilitam a comunicação”. Penso que acabei não chegando ao fim do raciocínio. Então aproveito a deixa como assunto da crônica de hoje.

A literatura pode recriar a nossa realidade – e ela o faz – mas o escritor retrata, quando escreve, o seu tempo e o seu espaço, com imaginação, criatividade, sensibilidade. Com conteúdo que pode nos levar a refletir ou simplesmente viajar no encantamento, na magia da construção de personagens, situações, lugares, etc.


O advento da internet, através dos telefones multimídia, dos computadores cada vez modernos, mais rápidos e inteligentes, dos tablets, nos dão acesso a tudo, desde a comunicação instantânea com qualquer lugar do mundo até os conteúdos mais fantásticos e mais absurdos e inconvenientes. E isso acaba por ocupar grande parte do nosso tempo. E é durante esse tempo usado com toda a tecnologia desse novo tempo que lemos, escrevemos – de qualquer maneira, abreviando e usando dialetos inventados para acelerar a comunicação -, falamos, ouvimos, assistimos vídeos sobre as coisas mais inusitadas, jogamos e conversamos nos programas de relacionamentos, bate-papos online, etc.

Somos seduzidos pelas tantas tecnologias que se aperfeiçoam a cada dia e acabamos deixando que elas monopolizem nosso tempo, não nos permitindo que pratiquemos a leitura de bons livros, que usufruamos da boa literatura. E viajar nas asas da imaginação, recriar a inventividade e a criatividade de bons autores ajuda-nos a enriquecer as nossas vidas, pois faz-nos exercitar a nossa capacidade cognitiva. Literatura é, na verdade, conhecimento, descobrimento, emoção, libertação.

Então, todo esse caos tecnológico pode, sim, desviar as pessoas da boa leitura. No entanto, se soubermos usar todos esses recursos, todas as mídias que temos ao nosso dispor, podemos transformá-los em incentivo à leitura, em estímulo à procura de bons livros, de bons textos, de boas obras.

Há muita coisa na grande rede que é a internet, muita coisa ruim e muita coisa boa. Basta sabermos escolher, sabermos selecionar. E há que ensinemos aos nossos leitores em formação a encontrar as boas opções de leitura, de conhecimento, de bons ensinamentos. Há grande disponibilidade de livros em versões integrais para baixarmos na grande rede. Os clássicos estão quase todos lá, muitas obras de autores contemporâneos também. A obra de grandes mestres da literatura e a obra de novos escritores podem ser encontradas da mesma maneira. Existem trechos que estão lá apenas de amostras, que servem para conhecermos um pouco de algumas obras e, se interessar, procurarmos ler o texto integral.

De maneira que os dois extremos se aproximam, podem conviver harmoniosamente. Podemos chegar até a boa literatura através das tecnologias que ameaçam dominar a nossa atenção. Como tudo nesta vida, há que se saber usar para tirar bom proveito.

3 comentários:

  1. Amorim, fico muito feliz por você, pela sua participação no Litaranoite e pelo sucesso do evento! Nós dois sempre poderemos falar de literatura, mas ter assistido à sua palestra e ao debate com leitores e estudiosos da Literatura, tera sido maravilhoso. Porque, nessas ocasiões, há uma expansão do sentido literário, formando-se na mente de quem assiste ou dialoga, construções ricas de saber e sentimento. As declamações de seus poemas devem ter sido também uma experiência sem par: faz muito tempo que a Arte da Interpretação e a Literatura namoram, e com seus poemas deve ter sido um casamento perfeito... Meus parabéns, com abraço alegre de quem sentiu a sua felicidade naquele momento! Quanto às tecnologias assessorando os leitores, minha opinião é só uma: quem se apaixona por folhear um livro a primeira vez, nunca deixará de amar o livro impresso, mas o que importa é não deixar morrer a Literatura, se ela vai ser lida, ouvida, apreciada num tlabet, smart-fone ou papel, é o que menos importa hoje.

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  2. É verdade, Karine. O importante é que o livro sobreviva. Um grande abraço do Amorim

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