Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Meu sobrinho me levou para ver “Madagascar 3”, hoje. Em 3D. Muito divertido. É bom a gente se desligar do mundo e rir desbragadamente, embora a vida continue aqui fora.
Quando saí do cinema, voltei a pé para casa. É necessário unir o útil ao agradável: preciso caminhar, então nada de ficar usando o carro para cima e para baixo. Vou a pé à academia, ao correio, ao supermercado, quando não tenho que carregar muita coisa, à banca para comprar jornal, etc. É bom para o meio ambiente e é bom para os meus joelhos, pois se eu caminhar, não corro o risco de engordar mais.
O caminho não é longo, pouco mais de um quilômetro do shopping até em casa. Ainda perto do shopping – que a bem da verdade não fica no centrão da cidade, o movimento não é fraco mas também não é tão intenso – encontrei um cego e seu cão. O homem puxava um desses carrinhos de feira, com duas rodas, com uma mão e a outra segurava uma alça presa a um cão-guia, um belíssimo labrador. Um cão gordo, grande, mas triste, constatei.
Quando eles passaram por mim, eu estava subindo a calçada, que acabava de atravessar a rua. Eles estavam começando a atravessar. O homem dizia alguma coisa, consegui entender que ele pedia para o cão esperar e tentava contê-lo, mas o cão continuou a atravessar a rua, pois não vinha nenhum carro de nenhum dos lados.
Eu parei na esquina e fiquei prestando atenção, pois tenho uma admiração imensa por esses animais que dedicam a vida a servir seus donos e ele me pareceu tão solitário, tão melancólico...
Ao chegar à outra esquina, o homem cego começou a falar com o cachorro, mas eu não conseguia ouvir o que dizia. Ao mesmo tempo que falava com o cão, puxava-o pela alça, pois ele queria seguir reto em frente. Mas o homem queria que ele fosse pela rua transversal, penso que brigava com o cão, pois chegou a levantá-lo segurando a alça e o couro das costas, tentando mudá-lo de direção. Depois de discutir e puxar o cão para o outro lado, acabou seguindo-o na direção que ele tentara adotar desde o início.
Ainda bem que eu havia me divertido com o leão, a girafa, a hipopótama e a zebra, pois aquilo conseguiu acabar com qualquer riso, até com qualquer sorriso. Fiquei pensando que não havia uma boa integração entre o cão e o seu dono, poderia não haver uma relação de carinho do dono para com o seu guia. Espero que o cão não seja maltratado pelo dono, que aquele episódio do qual fui testemunha tenha sido só um percalço no caminho e que isso não seja comum. Espero.
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