Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xgg.com.br/ )
Li, há algum tempo, um livro sobre casas de idosos. O autor entrevistou pessoas que moravam numa dessas casas, para saber porque estão lá, como são tratados e porque não estão na própria casa ou na de um filho, um parente. O trabalho jornalístico é revelador e emocionante. Contundente, eu diria. Um bom livro. Chama a atenção da gente, mais uma vez, sobre o tratamento que damos aos nossos idosos. Mostra que, mesmo aqueles que estão lá, amparados, sofrem terrivelmente de solidão, a maioria deles. Então a gente fica pensando como estarão aqueles idosos mais humildes, sem recursos, que estão à mercê de uma aposentadoria irrisória e um sistema de saúde brasileiro falido.E falando em aposentadoria, me vem logo à mente os inúmeros "bancos" que oferecem empréstimos facilitados, por telefone, aos aposentados, sem nenhuma exigência. Fico indignado com a desfaçatez dessa modalidade de empréstimos, que tantos "bancos" - e cada vez aparecem mais, esfregam na cara de nossos idosos, porque o pagamento é garantido: é descontado diretamente da aposentadoria, com o aval do INSS. Não interessa, para quem dá o empréstimo, se vai sobrar pouco ou quase nada do já minguado dinheiro que eles recebem, o importante é que o retorno com lucro é certo. Não interessa se é o próprio aposentado que precisa daquele dinheiro ou se foi induzido, obrigado, até, a emprestar para entregar a terceiros. Onde estão nossos governantes, que não vêem a armadilha que é esse empréstimo? Já existem até aposentados que tiverem desconto na sua folha de pagamento, mesmo não tendo pedido o empréstimo e sem ter recebido nenhum dinheiro. Isso foi amplamente divulgado por todas as mídias. E fico ainda mais indignado ainda quando vejo pessoas importantes, atores e atrizes, apresentadores de TV consagrados, atletas, fazendo propaganda, induzindo as pessoas a fazerem tais empréstimos, se endividarem, a reduzirem ainda mais o quase nada que recebem.
E constato, através de casos dos quais tomei conhecimento que, quando os idosos realmente fazem o empréstimo, geralmente não fazem para si, mas para alguém da família. O fato de existir a possibilidade do crédito faz com que parentes insistam para que ele seja efetivado, mesmo que signifique o não recebimento de aposentadoria no final do mês, para quem o contraiu.Já vi notícias acerca de movimentos populares reivindicando uma revisão nesse estado de coisas e que o INSS iria estudar a situação, já que muitos aposentados foram lesados por esse Brasil afora. O que aconteceu, na verdade, é que recentemente o valor limite para concessão desses empréstimos foi aumentado, na contramão do que vem sendo esperado. E nada foi feito até agora para que esse abuso para com o aposentado não continue, para que ele não seja mais explorado do que já era até então. É uma vergonha que um sistema evidentemente falho, que dá margens ao aumento de fraudes e roubos justamente contra uma classe tão combalida, continue escancaradamente.
Para o nosso presidente, no entanto, apesar do descaso e ineficiência da saúde, da violência banalizada, dos "cartões" que continuam gastando dinheiro que nós vamos ter que pagar, do aumento da inflação e do desrespeito aos cidadãos brasileiros, está tudo bem.
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