Por Luiz Carlos Amorim (Escritor - Http://br.geocities.com/prosapoesiaecia )
Ontem, domingo, ao voltar do Rio Grande do Sul, paramos em Lages para fazer um lanche, quase uma da tarde. Uns quinze minutos depois, saímos do posto que fica à beira da BR 282 e perto do centro da cidade. Três quilômetros adiante, na subida do morro (no sentido de quem vai para Florianópolis) vimos surgir no alto, no sentido para Lages, uma enorme bola de fumaça que saiu da estrada e voou para o barranco, numa velocidade muito grande. Como ninguém que vinha atrás parou, encostamos para ver o que era, pois de cima da estrada não dava para ver o que havia lá embaixo no barranco.
Eu não estava dirigindo e saí rapidamente do carro, correndo pela beirada do barranco. Vi logo, no meio do mato não tão alto um carro com as rodas para cima, ainda saindo alguma fumaça da parte da frente. Não consegui saber a marca do carro e também não vi se ainda tinha placa, pois desci rapidamente o barranco um tanto íngreme para ver o que havia acontecido com as pessoas que poderiam estar dentro. Quando cheguei perto, não ouvi nenhum barulho e chamei para ver se alguém respondia. Muito silêncio, pensei por um momento que não havia sobreviventes. Mas tentei abrir alguma porta e comecei a ouvir um gemido baixinho, que foi ficando mais alto, transformando-se em gritos em poucos minutos. Consegui abrir uma porta e vi que era uma mulher. Ela estava com a cabeça pressionada contra o teto do carro que estava virado para baixo. A cintura estava levantada, presa pelo cinto de segurança. Ela estava com o corpo suspenso e dava pra ver um osso de uma das pernas saltado para fora da calça. Eu já havia pedido que telefonassem para os bombeiros e polícia quando descera e como mais pessoas começaram a parar, pedi que telefonassem também. Alguns homens desceram atrás de mim e pedimos uma faça para cortar o cinto de segurança e soltar a moça, que sentia cada vez mais dor. Gostaria de poder dar a ela algum analgésico, pois a dor que sentia deveria ser muito grande. Minha esposa desceu também e enfiou os braços e a cabeça para dentro do carro, para tentar acalmar a moça e segurá-la, também, pois quanto mais ela tentava se mexer, mais gritava de dor. As coisas dentro do carro estavam todas fora do lugar, mas havia lugar para a moça, mas não dava para tirá-la de lá enquanto não chegasse alguém com equipamento para isso.
Já havia passado algum tempo desde que telefonaram pedindo socorro, mais de dez minutos e ninguém aparecia. Subi o barranco para pedir que continuassem ligando e a polícia havia chegado. Eles também estavam ligando, mas eu perguntava se alguém já estava a caminho e eles diziam que ninguém ainda saíra para vir até ali, pois havia um grande incêndio em Lages.
Continuamos esperando, telefonando, ouvindo a moça gritar de dor, sem poder fazer nada a não ser esperar. Já havia passado meia hora quando apareceram os bombeiros, primeiro um carro, depois outro, também um carro do Samu, mais uma ambulância e mais polícia. Até então não aparecia ninguém, mas quando começou a chegar, chegou tudo de uma vez.
O tempo enorme que o socorro levou para chegar é inaceitável, mesmo que houvesse um incêndio na cidade. A distância estava a apenas três quilômetros e não há só os bombeiros, como bem se viu quando começaram a chegar os carros com o socorro: há hospitais, com ambulância, o Samu, etc. Se o acidente fosse mais grave, a vítima poderia ter morrido até chegar ajuda.
Outra coisa que me deixou indignado, foi o fato de as pessoas que estavam logo atrás do carro que voou barranco abaixo não pararem para ver o que acontecera, para tentar ajudar, não deram a mínima importância para o que viram. E não era um carro só.
Vi num jornal de Lages de hoje que a moça tem vinte e quatro anos e que o carro dela era um pálio. Teve fratura exposta nas duas pernas. A polícia disse não saber o que causara o acidente. Nós vimos que o carro estava envolto em fumaça antes de cair na ribanceira e havia até fogo.
Em outro acidente que tive entre Itajaí e Balneário Camboriú, também demorou muito a chegar o socorro médico. Parece que, infelizmente, as coisas não mudam.
Que triste,vou torcer que ela fique boa.
ResponderExcluirfelicidade