Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br )
Uma entrevista com dois grandes “pensadores”, um russo e outro brasileiro, sobre o futuro digital, no Link da semana passada, traz verdades já conhecidas, mas também revela pensamentos um pouco exagerados, penso, no que diz respeito ao livro.
O teórico digital russo tem “um certo tédio nas formas que teimam em se manter, como a do álbum na música e do livro (estático) na literatura”. Afirma ele: “Por que eu gastaria quarenta horas acompanhando a vida de alguns poucos personagens? Isso me parece velho e desinteressante.”
Eu, sinceramente, diria que “velho e desinteressante” é ele, sem nem mesmo querer saber a idade dele. Como uma criatura que não lê livros pode ser um “pensador”? E ele é também escritor, tem livros publicados. Segundo ele, os escritores estão na contra-mão do progresso tecnológico (digital), “estão perdendo a batalha pela atenção dos leitores”.
Até concordo que estamos começando a viver uma transição nos hábitos de leitura, mas apesar de a internet estar conquistando leitores para os blogs e jornais, de os e-books estarem avançando devagarinho no gosto dos leitores de jornais, revistas e livros, o livro de papel impresso continua sendo a maneira mais agradável de ler uma obra literária. Senão, como estariam vendendo aos milhares, em todo o mundo? É só ver as listas dos mais vendidos, ver estatísticas de editoras e livreiros para constatar que as vendas não caíram, pelo contrário.
O texto digital pode avançar, no futuro, mas o livro vai existir para sempre. E não é só isso. O nosso pensador não afirmou, na verdade, que o livro tradicional é tedioso, é desinteressante, é perda de tempo. Ele disse que o livro (apenas livro, simplesmente, independente da mídia) é tudo isso, não interessa, para ele, se lido em um e-book, na tela do computador ou em papel.
É inaceitável que numa época em que se tenta incutir em nossos leitores em formação o gosto pela leitura, apareça uma “personalidade” dessas para dizer besteiras desse tipo. É por essas e outras “cabeças” que nossas escolas têm cada vez menos espaço para estudar literatura.
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