Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://luizcarlosamorim.blogspot.com/
Tenho participado de muitas feiras do livro por cidades de Santa Catarina e pude prestar atenção e observar tudo, constatando que essa reunião de editoras,livreiros e livrarias é muito mais do que simples oferta de todo tipo de livro num mesmo lugar.
Nas feiras encontramos pessoas do meio – escritores, editores, livreiros, leitores e leitores: pessoas que já conhecíamos e não víamos há muito tempo e outras novas, que a gente conhece lá, algumas muito interessantes, que se transformam em bons amigos. Principalmente, reencontra amigos que, devido à vida corrida de cada um, acabamos vendo pouco. É muito bom cruzar com alguém que você não tem visto há um longo tempo, poder conversar um pouco sem pressa, num ambiente agradável e tranqüilo.
Nas feiras, podemos conversar com escritores consagrados, que admiramos, mas nunca tínhamos visto de perto. Conhecíamos a sua obra, o escritor, mas não conhecíamos a pessoa, o ser humano. E, às vezes, temos a felicidade de comprovar a sua humanidade, ver que são pessoas simpáticas e amigáveis, não raro, que te dão atenção e te deixam à vontade.
E, é claro, é muito bom, é verdadeiramente gratificante encontrar leitores que vem até nós para conhecer um novo livro e dizer que leu os outros, que recomendaram, etc. Dá a sensação que a gente está no caminho certo.
E encontramos, também, escritores novos, chegando com seu primeiro ou segundo livro, quase sempre publicado com recursos próprios, felizes por terem conseguido um espaço em um dos estandes para fazer o seu lançamento. E excitados pela possibilidade de vender muitos exemplares e, com isso, ressarcir-se do custo da publicação do livro e, de quebra, tornarem-se conhecidos. Eles têm pouca ou nenhuma idéia do que realmente deve acontecer. E é triste, quando chega o final do dia e aquele autor novo, tão esperançoso de se destacar no mundo da literatura, não entende por que vendeu apenas um ou dois exemplares ou não vendeu nenhum exemplar do seu livro. Ele vai entender, sim, mais tarde, depois de algumas feiras, mas naquele momento e frustração é muito grande.
E não é preciso entrar, neste caso, no mérito do conteúdo, da qualidade da obra. Existem coisas novas e boas sendo publicadas e existe também muita coisa ruim. Mas até aquele escritor com alguma projeção, se não tiver uma divulgação eficiente e abrangente, em todos os meios de divulgação, pode ficar a ver navios na sua hora de autógrafos.
Passeando pelas feiras, podemos encontrar um jornal aqui, outra revista acolá, folhetos e folders. Fico feliz ao tomar conhecimento da volta de alguma publicação literária que estava sem circulação por um bom período de tempo. O que não é o caso do jornal cultural da Fundação Catarinense de Cultura, que não aparece há mais de ano, infelizmente. Acho lastimável ver o desaparecimento de jornais e revistas literários, pois isso significa menos espaço e, consequentemente, menos divulgação para a literatura, o que resulta, infelizmente, na diminuição de leitores e da venda de livros.
Outra coisa que chama a atenção é a presença de crianças no evento. Tenho visto, sempre, muitas crianças nas feiras, levadas por adultos que, se não compravam livros para eles, compravam para os pequenos. E levadas pelos professores, também. Os livros infantis nas mãos da crianças confirmam que o gênero mais vendido nas feiras do livro continua sendo o infantil. E circulando pela feira, livros na mão, quando encontravam alguém contando histórias, lá se formava um mar de crianças.
Mencionei que os livros mais vendidos nas feiras literárias são os infantis porque acho isso um bom sinal, está sendo incutindo o gosto pela leitura nos leitores em formação, embora do gênero, os que mais se vendem são aqueles tradicionais, os “contos de fadas” importados, livros pequenos feitos em grandes tiragens para serem vendidos por menor preço. São os preferidos das editoras, que poderiam publicar mais os autores de literatura infantil brasileiros, que são muitos e de boa qualidade, inclusive em Santa Catarina.
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