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domingo, 14 de agosto de 2011

DE SMURFS E DE CARÊNCIAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Gabriel me levou, ontem, para assistir “os Smurfs”, pois a escola ofereceu o ingresso para alunos e pais. Fui no lugar do pai dele. Convivo com ele todos os dias, pois quando ele volta da escola, fica em nossa casa até a noite, quando a mãe dele o pega, na volta do trabalho. Na verdade faço um pouco o papel de pai dele, pois sou eu que brinco com ele, sou eu que brigo com ele quando faz alguma coisa errada, eu a tia dele o ensinamos a ler e a escrever antes que a escola o fizesse, pois a sistemática de alfabetização mudou e já não é tão eficiente quanto antes. Sou eu que elogio, que corrijo, que encho o saco, que dou castigo quando precisa. Eu a tia dele, na verdade.

Mas nesses dois dias, principalmente ontem, quando fui com ele ao encontro da escola, com homenagens, presentes e tudo o mais, eu percebi com mais clareza a carência de Gabriel, a falta que o pai dele faz. É claro que o pai dele nunca brigou com ele, nunca lhe deu castigo, mas é porque nunca está presente. E dá um aperto no coração ver a confusão que isso traz àquela cabecinha, àquele coraçãozinho, pois deve ser difícil mesmo, saber que o pai existe, mas não está ali, ao seu lado. Não sei como será mais adiante, mas prefiro não pensar muito nisso, pois não posso fazer nada, além de conviver com ele e tentar suprir algumas carências.

O filme, por coincidência - ou não? - fala de paternidade, de pais que estão apreensivos com a chegada do primeiro filho  e da dedicação de um pai postiço, no caso de Papai Smurf, que serviu de exemplo para a completa aceitação do filho que estava para nascer. Não perguntei a Gabriel se ele captou isso, como ele é um menino muito inteligente, com certeza entendeu.

Então ele me levou, literalmente, para assistir “Os Smurfs”. Foi divertido, porque ele não conhecia, é novidade, mas o desenho animado dos “Smurfs” passou por um bom tempo na televisão, quando a minha filharada ainda era pequena. E o filme – no cinema temos desenho misturado com cenários e personagens de verdade – é muito, muito engraçado. Vale a pena.

Gabriel gostou, riu muito e nós vamos voltar para ver em 3D, pois o que vimos era 2D.

Um comentário:

  1. Prezado Luis Carlos

    Muito emocionante esse seu texto. O tempo passa, e parece que aos poucos os valores mais básicos de nossa sociedade vão se desmanchando. O consumismo e o individualismo exacerbado nos cegam. Trocamos o SER pelo TER. O ser humano ainda não aprendeu a conviver com tanta riqueza, tanta tecnologia, tanta informmação. Mas, talvez como, após o incêndio que devasta uma floresta, a natureza, aos poucos, restaura toda a beleza e o explendor quase extintos, nossa alma, faça brotar novamente em nossos coraçoes o amor e a fraternidade.

    E parabéns pelo Gabriel.
    Eu também só fui ter um pai presente em minha vida, quando eu já era pai...

    Abraço.

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