Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Muito já se disse sobre a crítica literária e, resumindo, o principal é ter-se conhecimento, experiência e bom senso, para fazê-la.
Apesar disso, não há dúvida de que, por mais que ela seja imparcial, sempre há, nela, um reflexo do gosto pessoal de quem está criticando.
Até aí, tudo bem, é normal. Mas já vi situação extrema, para não dizer inaceitável, no que diz respeito a este tema. Um “poeta”, após ler o terceiro livro de poemas recém-lançado, de uma colega, tomou para si ares de crítico e reescreveu quase metade do livro – suprimiu versos, acrescentou outros, modificou outros tantos – e os remeteu à autora, arrematando: “... para ficarem bons, os poemas teriam que ser assim.”
Ora, se cada leitor fosse alterar um poema lido para que ficasse da forma que teria se ele, leitor, o tivesse escrito, não haveria leitores, mas apenas autores e “co-autores”.
A realidade é que, se quisermos ajudar o colega, quando o texto comprovadamente – e quando digo comprovadamente, quero dizer após a apreciação de vários leitores – não alcançar a qualidade mínima desejável, o que podemos fazer é aconselhar o autor ou autora a repensar, a refazer o seu trabalho, acreditar na capacidade de fazer melhor. E isto, ainda, considerando que o autor dê abertura para tanto.
Esse mesmo “poeta” de quem falamos, publicou, também, o seu primeiro livro de poemas. E, quando do lançamento do mesmo, ao invés de falar da sua obra, preocupou-se em declarar que “os poetas da nossa cidade preocupam-se apenas com a quantidade, esquecendo-se de trabalhar melhor os seus poemas”.
Nós, os poetas da cidade, chamamos a atenção desse “poeta” para o fato de que aquela afirmação faz com que, em primeiro lugar, se espere que o livro dele seja uma obra excepcional, uma vez que ele se insinuou melhor que todos os outros. E, apesar da boa apresentação gráfica, o conteúdo não chega, por mais que ele queira, a ter aquela excepcionalidade.
Nós, os poetas da cidade, trabalhamos os nossos poemas nós mesmos. Não alteramos a obra de ninguém, apenas sugerimos, uns aos outros, a necessidade de reformularmos os nossos trabalhos, refazendo para tentar fazer melhor. Sabemos que nossa poesia não é nenhuma obra-prima, mas ele é tão somente a obra de cada um que a assina, sem a co-autoria de ninguém.
O que é bom permanecerá. E quem diz o que é bom é o leitor, não somos nós. Vale o registro do triste fato, para que nenhum de nós venha a repeti-lo. Humildade e respeito são qualidades fundamentais para um bom escritor, para qualquer outra profissão, para um ser humano, enfim.
Frescor. Ao falante >> http://asinusauri.blogspot.com/
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