Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/ Felizmente o sábado foi um dia lindão com muito sol e fomos levar Gabrilel, meu sobrinho, para ver os jacarés que moram na praia Daniela. Para quem não é daqui da capital, vou contar a história do Refúgio dos Jacarés, que foi implantado na área de preservação permanente situado no Balneário Daniela. Ele ocupa 1.500 metros quadrados de mangue e é mantido pela União dos Moradores e Amigos da Quadra 6.
Quando o refúgio foi criado, já havia dois jacarés-de-papo-amarelo no bolsão de mangue que fica quase no meio do balneário. Como eles chegaram lá, ninguém conta. Em novembro de 97, foi encontrada uma jacaré fêmea perto do Refúgio e ela foi colocada junto com os jacarés no lago com uma ilha no centro, preparado pelos moradores para que os visitantes não perturbassem os bichos. A “moça” ganhou o nome de Zenóbia e logo ficou choca, tendo uma ninhada de quinze filhotes. Em 2002, dez dos quinze filhotes foram capturados para serem levados à Estação Ecológica de Carijós, perto dali, pois não havia comida para uma população tão grande no Refúgio. Logo depois, Zenóbia abandonou o Refúgio com seus cinco filhotes restantes e os levou para o mangue, ali perto. Deixou lá os filhotes e retornou ao Refúgio.
Pois é ela, a Zenóbia, que fomos ver hoje no Balneário Daniela. Chegamos lá, procuramos, demos a volta no lago com a ilha no centro e não vimos nada. Meu sobrinho teve medo que os jacarés surgissem de dentro da água ou do meio do mato, mas não vimos nada. O lugar é muito bem cuidado pelos moradores e é muito bonito. Voltamos a contornar a ilha e eis que vejo Zenóbia, ou a parte do meio para baixo dela, na beirada da ilha, no meio do mato, lagarteando, aproveitando o sol que brilhava gostosamente. Minha esposa já tinha visto, mas como quando ela olhou o rabo da jacaré não estava à vista, parecia mais um toco de madeira, uma tora. Quando olhei, ela tinha tirado o rabo do meio do mato e dava para identificá-la. Mas não se movia. Então decidimos dar uma volta na praia e voltar mais tarde para ver se ela se mostrava de corpo inteiro.
Pois mais de uma hora depois, quando voltamos, ela estava no mesmo lugar, só tinha recolhido o rabo. Mas pelo menos agora dava para lhe ver a parte de cima da cabeça, e os olhos abertos piscavam para nós, mas ela continuava imóvel.
O importante é que o objetivo da nossa incursão pela Daniela era ver os jacarés, que na verdade não eram jacarés, era apenas uma jacaré fêmea, a Zenóbia. E conseguimos vê-la, ela até piscou para nós. Acenamos para ela e fomos embora, satisfeitos, deixando-a em paz. Afinal, Zenóbia é figura famosa na capital: é muito fotografada e filmada e tem sido assunto de várias reportagens em jornais, revistas e na televisão.
Foi muito bom ver que a comunidade respeita e protege a sua vizinha mais ilustre. Zenóbia é muito querida por todos.
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