Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/
Uma matéria sobre livros e apostilas, numa grande revista semanal de informação, me despertou a atenção. Em três páginas, a matéria mostra as vantagens da apostila, tentando explicar porque centenas de escolas públicas, pelo Brasil, mas principalmente em São Paulo, estão recusando os livros didáticos do MEC – gratuitos para as escolas – e substituindo-os pelas apostilas, que cada município tem que pagar dos próprios cofres, tanto a elaboração quanto a impressão.
Os autores do texto ficam meio em cima do muro, pois colhem muitos depoimentos e aqueles que estão usando, defendem, já outros professores, de universidades como a Unicamp e USP, olhando de fora, condenam.
Já falamos bastante de apostilas, em outras oportunidades, mas o uso delas nas escolas públicas é novidade. Os livros didáticos distribuídos pelo MEC podem não ser os melhores, mas já estão pagos, a União já pegou dinheiro dos cofres públicos e pagou-os, ou seja, nós pagamos, porque são os impostos que pagamos que compõe a receita federal.
As apostilas, em contrapartida, além de precisarem ser pagas pelos municípios, de novo com o mesmo dinheiro do contribuinte, que estará pagando duas vezes, então, tem a péssima característica de ser, não raro, colchas de retalho, com material extraído dos mesmos livros didáticos que estão sendo preteridos.
Não sei como as apostilas são usadas hoje, mas sou professor e quando dava aula em colégio particular, via alguns professores usando apostilas de maneira totalmente errada: chegavam na sala, mandavam abrir a apostila na página tal, mandavam ler a lição, depois mandavam fazer os exercícios e alguns nem sequer faziam a correção. Isso sem contar que as apostilas, na escola particular, custam uma fortuna. Esperemos que nenhum aluno de escola pública tenha que pagar qualquer valor por elas.
A verdade é que se o professor não for bom, não for qualificado, não vai adiantar usar nem livros, nem apostilas. Depende muito do professor. Um professor dedicado, abnegado, como já tive o privilégio de conhecer alguns, com minhas incursões em escolas municipais e estaduais, pode usar a apostila com muita sabedoria, em proveito dos alunos, com vantagens para ambos. Ou o livro didático. Ou nenhum dos dois.
O que deixa a todos nós indignados, é o fato de jogarem dinheiro fora: recusar livros que já estão pagos, gastar mais dinheiro com apostilas que podem ter qualidade duvidosa e que podem não trazer benefício nenhum para os estudantes.
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