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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

NOVA EDIÇÃO DO SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/



É setembro e as Edições A ILHA, do Grupo Literário A ILHA, lança o número 118 da sua revista, a mais perene do gênero, tendo completado seus 31 anos de circulação em junho desta ano. Muita poesia, crônicas, informação literária e cultura. Nesta edição, três poetas de países diferentes estão presentes: Nuno Rebocho, de Cabo Verde, Jacqueline Aisenman, da Suiça e Teresinka Pereira, dos Estados Unidos. E temos crônicas de Enéas Athanázio, Urda Klueger, Sérgio da Costa Ramos, Flávio José Cardozo, Célia Biscaia Veiga, Mary Bastian, Erna Pidner e deste que vos escreve.

Ainda nessa edição do Suplemento, tudo sobre o novo volume da Coleção Letra Viva, o quinto, com crônicas da escritora Erna Pidner, correspondente do Grupo A ILHA em Minas Gerais. O livro será lançado na Feira do Livro de Florianópolis, de fim de ano, assim como os livros "Cocô de Passarinho" e "Nação Poesia" – 2ª. Edição, deste editor.

Também noticiamos sobre o Encontro Internacional de Escritores de Alfredo Wagner, na Grande Florianópolis, que acontecerá nos dias 2 e 3 de setembro. Estarão lá escritores de todo o Brasil e até de outros países. Haverá feira de livros e de artes, lançamentos de livros, palestras, apresentações artísticas, apresentações culturais, visita aos pontos turísticos e históricos da cidade.O Grupo Literário A ILHA estará presente neste evento literário.

E em novembro, o Grupo participará, também, do Congresso Brasileiro de Escritores, da União Brasileira de Escritores, em Ribeirão Preto, do dia 12 ao dia 15. Haverá oficinas litlerárias, mesas redondas, eventos culturais, como declamação de poemas e crônicas e apresentação de orquestra, lançamentos de livros, palestras e conferências e a entrega do Troféu Juca Pato.
Grandes nomes da literatura brasileira estarão presentes ao congresso, como Affonso Romano de Sant´Ana, Ruth Guimarães, Deonísio da Silva e outros.O Grupo Literário A ILHA estará participando também desse grande vento.

Neste dia primeiro, a edição on-line da revista estará no ar do portal do Grupo Literario A ILHA, em Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

terça-feira, 30 de agosto de 2011

FAXINA & FAXINA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

O povo brasileiro está anestesiado, apático, a banalização da corrupção e da impunidade, cada vez mais corriqueiras, parece não despertar mais a indignação. Os escândalos de políticos eleitos para nos representarem junto ao poder público se sucedem, a imprensa denuncia, alguns até perdem o cargo, mas continuam seus mandatos, impunes, fichas sujas que tem o apoio da justiça, que não fez valer a lei da ficha limpa para as últimas eleições.

E a roubalheira segue, sem que ninguém devolva, nunca, nenhum centavo do que “desviou”. Cada dia se descobre mais esquemas e golpes, que acabam virando pizza.

Será que nós, cidadãos brasileiros, não ligamos mais para o caos que está a saúde, a educação, a segurança, a justiça brasileiras? Somos o país que mais paga impostos, no entanto não temos infraestrura nenhuma, que é um direito que devemos exigir. Os impostos elevados que pagamos serve apenas para que os “políticos” se locupletem impunemente, drenando verbas, recursos que deveriam reverter em favor da população?

Não temos mais a capacidade de nos indignarmos, de protestarmos contra esse estado de coisas degradante,inaceitavel?

Então porque o povo se levanta em manifestações contra o presidente da CBF (outro escândalo de corrupção, pra variar), em marchas gays, marchas evangélicas, até em favor da maconha, e não é capaz de protestar contra a apropriação indébia que reina nos poderes públicos?

É tempo de tomarmos atitude, de deixarmos de nos ocupar com assuntos de menor importância, quando uma minoria está solapando a nossa saúde, a nossa educação, a nossa segurança, até a justiça.

Precisamos nos conscientizar de que estamos sendo roubados descaradamente. Os valores que são desviados dos cofres públicos é o nosso rico dinheirinho, ganho com muito suor e entregue aos governantes em forma de impostos. O dinheiro público é dinheiro que sai do nosso bolso. Somos nós que estamos sendo roubados.

sábado, 27 de agosto de 2011

O LIXO, DE NOVO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Outro dia, ao comentar em uma crônica, aqui no blog, sobre os catadores que abriam os sacos que deixávamos na calçada para o caminhão do lixo pegar, provoquei a ira do sindicato dos catadores, que exigiram que eu me retratasse. Voltei ao assunto para explicar que não sabia se os catadores que passavam na minha rua antes do caminhão eram sindicalizados, e acho que não são, mas ratifiquei meu respeito aos catadores profissionais, que fazem um trabalho importante para o meio ambiente.

Hoje volto ao assunto lixo, mas desta vez não vou reclamar dos catadores que ainda passam por aqui e rompem os sacos que a gente coloca para serem recolhidos. Ao contrário, vou falar dos trabalhadores que prestam serviços para as empresas que recolhem o lixo, pois não sei se em todo lugar é assim, mas por aqui a coisa anda meio braba.

O caminhão do lixo passa aqui na minha rua às segundas, quartas e sextas, à noite. Aliás, de madrugada, pois é lá pelas duas horas ou mais. Acontece que o caminhão para quase em frente a nossa casa e os trabalhadores, motoristas e os homens que recolhem os sacos de lixo, fazem barulho, um pouco demais para o horário: o caminhão fica, às vezes, mais de meia hora parado e por um bom tempo o motor fica ligado, acelerando. Penso que estão compactando o lixo, mas acho isso muito demorado. Também falam muito alto, enquanto fazem lanche, imagino. Eles estão trabalhando e respeito isso, mas as pessoas em volta deles trabalharam o dia inteiro e estão dormindo para logo em seguida acordarem e irem para o trabalho de novo.

Além disso, já vi mais de uma vez o lixeiro pegar o saco da minha calçada e derramar o conteúdo, que fica lá para a gente recolher no dia seguinte. E olhe que nós colocamos os sacos de lixo o mais tarde possível, para que ninguém, nem pessoas nem animais rompam os sacos.

Poderia até ser que alguma coisa tivesse rompido o saco, mas não todas as vezes. A última vez, ontem, coloquei o saco e fiquei cuidando até que o caminhão viesse e fiquei observando. O lixeiro pegou o saco, ele rompeu, derramou sacos e lixo pela calçada, ele apanhou um saco pequeno fechado e o resto ficou.

Acontece que eles não estão fazendo esse serviço de graça para a população, nós pagamos bem caro pelo recolhimento do lixo. Então o serviço deveria ser prestado com mais profissionalismo, com mais cuidado, com mais boa vontade. Ah, diria alguém, mas eles estão trabalhando de madrugada, quando poderiam estar dormindo. Eu também trabalhei muito tempo de madrugada, mas fazia o meu serviço bem feito. Porque todo trabalho que precisa ser feito, deve ser bem feito.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O RECONHECIMENTO DA LITERATURA LOCAL

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Li o artigo “A literatura em Santa Catarina”, publicado no final de semana. Gostei do texto, lúcido e coerente, mas me detenho no fecho do mesmo: “A literatura de Santa Catarina só será reconhecida e admirada nacionalmente, quando encontrar seu espaço dentro de seu próprio território e entre a sua própria gente. Precisamos conhecer para reconhecer.”


É a mais pura verdade. Não que não tenhamos grandes escritores catarinenses, reconhecidos nacionalmente, como Salim, Urda, Tezza, Flávio José Cardoso, Sérgio da Costa Ramos e outros, mas a verdade é que o leitor catarinense não procura conhecer a obra de autores da terra. E isso não se refere apenas ao leitor comum, ao público em geral, que prefere comprar os Best-sellers a ler um livro de autor daqui. Os próprios escritores catarinenses não prestigiam o colega que publica sua obra.

Tenho visto lançamentos de escritores de literatura produzida aqui no Estado, nas feiras do livro aqui de Florianópolis, nos quais pouquíssimos escritores têm comparecido. Dá pra contar no dedo quem aceita o convite e vem comprar o livro de autor catarinense. Um que não falha é Celestino Sachet, grande escritor catarinense que conhece a literatura daqui porque a lê. Os escritores, no geral, parecem não prestigiar muito os seus pares.

Em Joinville, onde está sendo formada uma Confraria reunindo todos os escritores da cidade, três deles fizeram recentemente um lançamento de seus livros na cidade, mas das dezenas de escritores que fazem parte da nova agremiação, apenas alguns poucos deles, os que sempre estão presentes a eventos literários, prestigiando os colegas, é que compareceram, como Else Sant´Ana Brum, Wilson Gelbcke, Donald Malchinsky. Os outros que estavam presentes eram os autores do livros lançados: Célia Biscaia Veiga, eu e Mary Bastian.

Então o trabalho feito por algumas boas escolas, no que diz respeito a trabalhar escritores locais em sala de aula, lendo sua obra, fazendo trabalhos sobre ela, convidando os focalizados para interagir com os alunos, é de vital importância para que leitores em formação conheçam autores que às vezes moram ao lado, mas de quem nunca leram uma linha.

É esse trabalho de base, essa aproximação autor/leitor, que precisa ser feito pela escola, que vai fazer com que o leitor catarinense conheça e reconheça a literatura produzida aqui.

Já perguntei, em palestras para primeiro e segundo graus, quais os escritores da cidade onde estávamos, como Jaraguá, por exemplo, os estudantes conheciam. E ninguém levantou a mão para responder. Eu insisti que havia vários escritores da cidade escrevendo crônicas nos jornais locais, mas mesmo assim não eram conhecidos.

Em Joinville a pergunta encontrou algum eco, um ou outro autor joinvillense foi citado, pois a escola já os tinha trazido para conversar com os alunos, como estava fazendo comigo, então alguns responderam, mas muitos outros escritores, alguns com romances publicados em nível nacional, não foram citados.

De maneira que a escola tem um papel fundamental nessa aproximação autor/leitor, nessa possibilidade de levar a obra do autor que reside na mesma cidade do aluno até ele. Não estou dizendo que é fácil, porque sei que há muitas dificuldades enfrentadas pelos professores, até o próprio conteúdo programático, que não raro, deixa de facilitar essa tentativa de popularizar a nossa literatura.

Mas é preciso começar em casa. Casa que não tem livros é casa que tem criança com menos possibilidade de vir a gostar de ler. Ter livros diante dos olhos, ter livros nas mãos, mesmo antes de aprender a ler é condição sine qua non para que nossas crianças venham a gostar de ler. Eu já comprovei isso mais de uma vez.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O LIVRO, PERENE COMO A PALAVRA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Ter o compromisso de escrever semanalmente para o Coojornal, espaço que abriga colunistas diversos, que abordam variados temas, no portal RIO TOTAL, provocou o surgimento do livro "LIVROS, LEITORES E ESCRITORES", em 2002, meu primeiro volume de crônicas. De lá para cá, muitas outras crônicas foram escritas, estão sendo escritas e serão escritas, quase sempre focalizando algum ângulo do assunto que eu considero inesgotável: o livro, seus leitores e seus autores.

Há o livro literário, o livro didático, o livro técnico, o livro esotérico, etc, e todos eles merecem a nossa atenção. As coisas relacionadas com o livro, como as bibliotecas, as editoras, as livrarias, as escolas, as academias de letras, a televisão, as feiras do livro, as diferentes mídias para abrigar ou veicular as obras literárias, os sebos, as "políticas culturais", os diferentes públicos a se alcançar, tudo deve ser colocado em discussão.

Criei, então o blog “Crônica do Dia”, para o qual eu teria que escrever uma crônica todos os dias, como o nome indica. E muitos outros jornais, dezenas deles, por todo o Brasil e até em outros países, passaram a publicar minhas crônicas, o que deu origem a novos livros de crônicas.

Pra que melhor que o livro para tornar a palavra perene? É claro que existem meios digitais, atualmente, existe a internet, mas vai demorar muito tempo até que o livro, como o conhecemos hoje, seja substituído na mão do leitor. Como eu já disse, o livro eletrônico poderá até conviver harmonicamente com o livro tradicional, mas não substituirá definitivamente o livro impresso em papel.

Por isso, colaborar com portais na internet como o Rio Total, jornais e revistas é muito importante, pois propicia um incentivo à produção constante. Em outros tempos, já mantive colunas semanais de crônicas em jornais como Diário Catarinense, A Notícia, Jornal de Joinville, Diários Associados (quanto tempo!), Jornal de Santa Catarina, com crônicas sobre o cotidiano, sobre cultura, sobre música e sobre literatura. Agora, o compromisso é maior, pois são muitos os jornais, em todos os estados brasileiros e em outros países de língua portuguesa.

Com o advento da internet, o retorno do público leitor é instantâneo, a gente recebe e-mails de pessoas dos lugares mais distantes, pois se nosso texto não é lido na edição impressa dos jornais, ele acaba sendo lido na versão digital ou virtual, ainda mais agora que são colocadas no ar as versões impressas em forma de e-book ou em pdf

Isso me faz lembrar de quando eu escrevia regularmente para os jornais nos 70 e oitenta, pois as pessoas escreviam cartas, para mim ou para o jornal, ou me encontravam na rua e me cumprimentavam como se me conhecessem. Lembro de um senhor, dono da loja de aviamento fotográfico da qual eu era cliente, que adorava conversar, depois de ler a coluna, sobre de onde tirei a idéia para aquela crônica, se era baseada em fatos reais, etc. É esse feed-back que faz com que a gente saiba se estamos no caminho certo.

Tenho conhecido pessoas e feito novos amigos através das crônicas. Compartilhar idéias e provocar reflexão ou discussão pode ser muito gratificante.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

UM ANO DE FLORIPA LETRADA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Vejo, no jornal Notícias do Dia de hoje, reportagem sobre o Projeto Floripa Letrada. Por coincidência, o mesmo jornal onde publiquei várias cartas a respeito do mesmo assunto: o fato de não devolverem os livros, as estantes vazias, pessoas que pegam os livros em quantidade e levam para vender em sebos. Felizmente os sebos parece que não estão aceitando e o fato não deve estar ocorrendo mais.

O projeto está completando um ano, apesar de quase ter sido descontinuado, a mando do prefeito. Felizmente ele está vivo, apesar de não raro a gente passar pelas estantes e vê-las vazias, com uma ou outra revista solitária jogada nos cantos.

Esses hiatos acontecem porque as estantes recebem reposição de livros, por parte dos mantenedores do projeto, três vezes por semana, conforme conversa que tive com o pessoal que recebe e distribui os livros. No decorrer deste ano, foram colocados à disposição, nas estantes colocadas nos terminas do centro, Rio Tavares e Canasvieiras, quase cem mil volumes, entre livros e revistas.

Neste primeiro aniversário do projeto, mais um terminal receberá as estantes do Projeto Floripa Letrada, a da Trindade. Esperemos que aquele público receba bem o projeto e corresponda aos seus objetivos, qual seja o de pegar o livro, ler e devolver à estante para que outros leitores o levem. O que não vem acontecendo até agora, pois os leitores pegam os livros, mas raramente os devolvem. Há que haver uma conscientização do público, no sentido de devolver os livros emprestados, pois é esse rodízio que vai garantir a longevidade dessa democrática distribuição de leitura.

Todo o acervo colocado à disposição dos usuários do transporte coletivo vem de doação, de empresas ou instituições, a maioria, e uma parte da população. Então, teoricamente, os livros do projeto vem do povo para o povo. Mas eles não podem sair das mãos ou da estante de uma pessoa para estacionar nas mãos ou na estante de outra. O objetivo é fazer um rodízio constante, para que todos os livros sejam lidos por vários leitores.

Esperemos que o projeto perdure. Para incentivar a leitura, nada melhor do que livro de graça. Mas não devemos esquecer que, uma vez lido o livro, ele deve voltar a ser colocado à disposição de quem ainda não o leu.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

NINGUÉM GOSTA DE MÚSICA CLÁSSICA?

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


No que diz respeito à música, fui bastante precoce, creio, pois gostava de música clássica lá pelos doze anos. Minha catequese musical começou quando descobri um disco de Strauss na escola e passei a ouvi-lo. Depois ouvi Mozart, Chopin, Beethoven e outros monstros da música.

Pela vida afora, sempre tive mais discos de música clássica do que outros gêneros,embora goste de rock, de música popular, tanto nacional quanto importada. No entanto, nunca obriguei ninguém a ouvir música clássica porque, felizmente, as pessoas que vivem comigo também gostam.

Aliás, ouve-se muito, diz-se muito por aí que a maioria das pessoas não gosta de música clássica. Acredita-se que o público que gosta deste tipo de música é uma minoria. Acho que até eu mesmo acabei acreditando nisso.

Outro dia, quase não pude ter o prazer de apreciar um espetáculo da Orquestra Sinfônica de Santa Catarina, no Teatro do CIC – pouco antes de ele ser fechado para reformas, coisa que ainda não aconteceu, depois de dois anos -, pois cheguei meia hora antes do início e já não havia mais ingressos, tivemos que esperar para que todo mundo entrasse para ver se sobrava algum lugar. Felizmente havia.

O teatro tem 956 lugares - vejam que não é um teatro pequeno - e há que se considerar que, além dos novecentos e cinquenta e seis lugares ocupados, muita gente se acomodou nos corredores, junto às paredes, nas escadas. Creio que deveria haver mil e duzentas, mil e trezentas pessoas no teatro, mais ou menos, e houve quem tivesse voltado, quando recebeu a informação, na recepção, de que não havia mais ingresso, que era necessário esperar e a fila era quilométrica.

Fiquei pensando, cá com meus botões: que história é essa de que as pessoas não gostam de música clássica? Um teatro enorme lotado, sem lugar nem para se passar nos corredores - que raio de público é esse que não gosta de música clássica e vem se apinhar no teatro para ouvi-la?

Fiquei feliz de ver que tanta gente sabe apreciar a boa música e mais ainda pelo grande espetáculo que a Orquestra Sinfônica de Santa Catarina ofereceu, sob o comando do brilhante e carismático maestro José Nilo Valle.

Interpretação magistral de peças como a Sinfonia número 4, de Tchaikovsky, em quatro partes, que preencheu a primeira parte do espetáculo. A segunda parte começou com "O Guarani", de Carlos Gomes. Que coisa fantástica! Já fazia algum tempo que eu não ouvia essa obra-prima do nosso grande compositor e acho que já tinha esquecido como ela é bela. Ou, quem sabe, ela ficou mais bela na interpretação estupenda da Orquestra regida pelo maestro Valle. Em seguida veio "Batuque", de Oscar Lorenzo Fernandez e então tivemos mais músicas de Tchaikovsky, como trecho de "O Lago dos Cisnes", "Valsa das Flores" e trecho do balé "Quebra Nozes". Um espetáculo para não esquecermos jamais.

domingo, 21 de agosto de 2011

FESTIVAL DE DANÇA DE FLORIANÓPOLIS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Acabo de chegar da última noite do Prêmio Desterro, o Festival de Dança de Florianópolis que aconteceu aqui na capital nos últimos cinco dias. Para um festival que está na sua segunda edição, o Prêmio Desterro está indo muito bem.

Foram mais de cem coreografias, centenas de bailarinos, de vários estados da federação. Tivemos, além da mostra competitiva, a apresentação de algumas coreografias que não concorreram. Das que concorreram, algumas não foram tão fortes, mas houve muita coisa boa.

Os gêneros foram diversos: balé clássico, dança contemporânea, jazz, dança de salão, danças urbanas, Sapateado e danças populares. Na categoria Danças Populares, um grupo revelou-se espetacular, pela qualidade do trabalho, pela beleza do espetáculo. Falo do Grupo Folclórico Tropeiros do Litoral, que dançou Bailado Mexicano, teve a total aprovação do público mas infelizmente ficou em terceiro lugar. Na minha opinião e na opinião da maioria do público, um resultado injusto. Mas aconteceram outras injustiças, na dança de salão, por exemplo. Não vou me alongar, pois não sei os critérios para julgamento.

Um resultado justo foi o primeiro lugar e o destaque para o grupo de danças urbanas de Garopaba, Atitude, que inovou, saiu daquele feijão com arroz, daquele padrão que conhecíamos até agora, que todo mundo usava para dançar. Até eu que não gosto do gênero, gostei. O público foi ao delírio. Muito dinamismo, uma maneira nova de dançar a dança de rua. Merecido o primeiro lugar na categoria. Houve outro grupo, de Curitiba, Lótus, que também saiu dos padrões normais na escolha das músicas (músicas?) e dançou a Quinta Sinfonia de Beethoven, rearranjada, remixada, é claro. Mas aplicaram uma coreografia de dança urbana, moderna, diga-se, na música clássica de Beethoven. Foi uma novidade bastante interessante. A, esqueci de dizer que minha filhota, Daniela, também dançou e o grupo do qual ela participa tirou o segundo lugar na categoria jazz.

Então, de uma maneira geral o Prêmio Desterro esteve muito bom, eu não perdi uma noite. Mas ele está crescendo e os organizadores já devem estar pensando em libertá-lo do palco – por enquanto do Teatro Pedro Ivo, enquanto o Teatro do CIC está fechado, irresponsavelmente – alô, alô, governo catarinense, dona Fundação Catarinense de Cultura – levá-lo para as ruas da cidade, a exemplo do Festival de Dança de Joinville e do Festival de Teatro daqui de Florianópolis.

sábado, 20 de agosto de 2011

ESTÃO FECHANDO O OLHO DO CONSUMIDOR

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Recebi um exemplar da cartilha “O Olho do Consumidor”, publicada pelo Ministério da Agricultura em 2009. Ela deveria ter sido distribuída a toda a população brasileira com o objetivo de divulgar o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica. Selo este que pretende padronizar, identificar e valorizar produtos orgânicos, esclarecendo o consumidor para que ele saiba escolher alimentos não contaminados e não modificados geneticamente.

A cartilha foi ilustrada por Ziraldo, o que não deve ter saído barato. Mas o pior é que foram impressos 620.000 (seiscentos e vinte mil livretos), que não foram distribuídos, porque a multinacional produtora de sementes transgênicas Monsanto entrou com um mandado de segurança, conseguindo uma liminar na justiça que impediu que a publicação chegasse até o público. Todos nós sabemos quem pagou a impressão dos mais de seiscentos mil livretos que devem estar amontoados em algum galpão do governo, se já não foram reciclados ou queimados. E o valor é astronômico, devemos prestar atenção à tiragem. Pago com dinheiro público, arrancado de nós, cidadãos brasileiros, com a cobrança dos impostos mais caros do mundo.

Que justiça é essa, que não deixa esclarecer o povo que ele está sendo envenenado com produtos transgênicos ou carregados de agrotóxicos? Deve estar correndo muito dinheiro para que o povo não seja esclarecido, para que a justiça seja comprada assim, falida como a educação brasileira, como a saúde brasileira, como a segurança.

Nós sabemos que as frutas, legumes, verduras, sementes e toda sorte de alimento vegetal tem uma carga enorme de agrotóxicos: o Brasil é o país que aplica a maior quantidade de veneno nas plantas. Não sabemos, isto sim, o que é alimento transgênico, pois parece que não há nenhum interesse em que saibamos.

Pois produtos transgênicos – ou Organismos Geneticamente Modificados - são organismos a cujas células foram adicionadas células de outros seres vivos, para que se tornem mais resistentes a pragas de insetos e para que se conservem mais facilmente. Acontece que experiências demonstram que a toxina BT do milho, por exemplo, polui os solos durante vários anos, e que as plantas geneticamente modificadas matam os insetos que as comem, e também matam as joaninhas que depois comeriam os insetos. Consequentemente, os ecossistemas ficam desestabilizados, pois o cultivo de plantas transgênicas pode, também, matar populações benéficas como abelhas, minhocas e outros animais e espécies de plantas.

Então, como vimos, uma técnica muito utilizada é a introdução de gene inseticida em plantas. Desta forma consegue-se que a própria planta possa produzir resistências a determinadas doenças da lavoura. Mas mata outros seres vivos também. E para o ser humano não há prejuízo nenhum?

Não existem estudos, ainda sobre o efeito dos alimentos transgênicos no ser humano. E, no entanto, eles estão sendo cada vez mais produzidos.

O Brasil, infelizmente, vai na contramão do instinto de preservação do ser humano e, além de não proibir a produção de transgênicos até que tenham sido feitos estudos suficientes para que se saiba se eles podem ser consumidos pelo homem sem problemas, ainda impede que a população seja esclarecida sobre como escolher a sua alimentação, beneficiando uma grande empresa multinacional que vende sementes transgênicas.

Que país é esse?

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O MUTIRÃO DA INCOMPETÊNCIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

O inacreditável episódio do Mutirão de Cirurgias mostra bem como o nosso governo está tratando com descaso a saúde catarinense. As greves dos professores, causadas pelo não pagamento do piso salarial daquela classe evidenciou outro descaso, daquela vez com a educação.

O governador instituiu o Mutirão de Cirurgias, divulgou aos quatro ventos – até propaganda na televisão tinha, ou será que a produção e exibição do comercial foi de graça? – que o Mutirão faria mais de vinte e dois mil cirurgias eletivas em Santa Catarina e o povo estava feliz com o fato de que finalmente o poder público ia fazer alguma coisa por ele. Mas o governo trapalhão anunciou o Mutirão mas organizou o evento, não negociou com os profissionais, de maneira que os médicos foram pegos de surpresa.

Que governo é esse que faz média com a saúde do povo? Hoje o Secretário da Saúde veio a público fazer o mea culpa, dizendo que errou, garantindo que as cirurgias devem ser, efetivamente, feitas nos próximos 8 meses. É bom mesmo, pois seria muita crueldade oferecer cirurgia a pessoas que estão na fila há muito tempo e depois negar.

Há que haver organização, determinar prioridades, selecionar quem precisa das cirurgias e fazer listas, ver onde vão ser feitas, por quem, quando.

Infelizmente parece que as coisas não mudam, está tudo igual como sempre foi. O governo acaba de anunciar que ele próprio vai gerir o plano de saúde dos servidores. O contrato atual,com um plano de saúde, foi prorrogado apenas enquanto se preparam para começar. Não é um bom começo a demonstração dada com a adminstração do Mutirão de Cirurgias.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O CONTO E A LITERATURA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


O conto já foi um dos gêneros literários mais lidos praticados, só ficando atrás da poesia, mas não começou bem este novo século. Embora não sejam os dois gêneros mais vendidos nas livrarias, onde os romances reinam quase que absolutos. Mas há esperança, novos livros de contos estão sendo publicados, novos autores estão surgindo.

Mas não vamos nos ater somente aos títulos exibidos em grandes livrarias. As pequenas edições regionais de quinhentos ou de mil exemplares de conto e de poesia se sucedem e têm revelado bons escritores. E o público leitor parece ter se habituado a ler os livros de contos e de poemas, que pelo próprio gênero não costumam ser livros volumosos e, além do mais, podem ser lidos em partes, pois são constituídos de textos breves – histórias curtas ou poemas pequenos. E justamente por serem objetivos e sintéticos, os livros de contos encontram cada vez mais leitores, pois podem ser lidos em qualquer lugar, em qualquer oportunidade.

O conto é objetivo, linear, atual. É história curta, rápida, de linguagem quase telegráfica, com apenas um núcleo, com apenas uma unidade dramática e de ação, onde o autor vai até o ápice de uma situação.

Não é uma mera leitura de passatempo. É um gênero literário rico e relevante – é considerado a matriz do romance e da novela – porque, além de retratar costumes e modo de vida de uma sociedade em um determinado espaço e um determinado tempo, cumpre a função a que o autor se propõe, seja a de mudar o comportamento das pessoas, criticando, denunciando, sugerindo soluções e chamando a atenção do leitor sobre seus próprios problemas e potencialidades, através de personagens e situações. O conto é uma forma literária onde o autor enfoca apenas o necessário: não pode se perder em descrições ou narrações excessivas, usando apenas os recursos essenciais para colocar o leitor de imediato no contexto da sua criação.

É a verossimilhança do conto com a vida que faz com que esse gênero literário seja, mais do que literatura, um manancial onde se pode aprender mais sobre o ser humano.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

FESTIVAL DO CONTO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Acontece em Jaraguá do Sul, no norte da nossa Santa e bela Catarina, de 18 a 21 deste mês, o Festival Nacional do Conto, quando será colocado em debate, com o propósito de revitalizá-lo, esse que já foi um dos gêneros literários mais populares no nosso país.


Inspirado no Festival Europeu do Conto, Jaraguá traz alguns contistas brasileiros para discutirem o gênero com leituras, oficinas e debates. É uma ótima iniciativa, pois precisamos reavivar o gosto pela história curta, objetiva, com apenas um núcleo dramático, de rápida digestão, mas que pode deixar marcas indeléveis, esse tipo de literatura tão eclético e com ótimos autores brasileiros e catarinenses, também, não podemos esquecer.

O conto já foi mais popular, mas desde o final do século passado a crônica foi tomando o seu lugar e se popularizando cada vez mais. Um gênero literário que pode, até, se confundir com o conto, a crônica está presente em todos os lugares: revistas, jornais, livros, etc.

Feliz iniciativa, essa, de reunir quem escreve, quem publica, quem lê o conto, para tentar recuperar-lhe a popularidade, já que na última década ele foi meio esquecido por editoras e livreiros. O conto é leitura rápida, dinâmica, que pode contar, com objetividade e com linguagem e estilos apurados, deliciosas histórias.

Então um festival de conto veio em boa hora, pois precisamos praticá-lo mais. Voltar a escrevê-lo, publicá-lo mais e lê-lo mais, também. E coincidência ou não, o Instituto Estadual do Livro do Rio Grande do Sul envereda pelo mesmo caminho, lançando o Prêmio Moacyr Scliar de Literatura de Conto e Poesia, que premiará livros publicados nos anos de 2009 e 2010 com 150 mil reais para o autor e trinta mil para a editora. Não é promissor? Mais uma iniciativa para colocar o conto em evidência.

Parabéns a Jaraguá do Sul e Porto Alegre, pelas iniciativas que podem dar um novo alento ao conto.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A FAXINA É PRA VALER?

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Está todo mundo falando da “faxina” que a presidente Dilma está fazendo em alguns ministérios. Aliás, está sendo obrigada a fazer, pois senão ela perde toda a credibilidade que já não era tanta assim. Alguns estão até acreditando em moralização da coisa pública, o fim da corrupção ou pelo menos a contenção dela, para que não continue aumentando.

Eu quero acreditar que os corruptos realmente serão varridos, que a roubalheira vai diminuir, mas receio que as ações firmes de Dona Dilma não sejam tão firmes assim, que ela comece a esmorecer um pouco nas iniciativas de combater a impunidade, para não ficar sem apoio no congresso (sim, com letra minúscula, pois quem está lá não tem nada de maiúsculo).

Temo que as medidas sejam mais cosméticas e não tenham um resultado a longo prazo, pois o ex-ministro dos transportes foi demitido do ministério, mas está ativo no seu cargo no congresso, inclusive ameaçando a presidente. Quer dizer: continua impune.

A presidente também não foi coerente quando criticou a prisão dos envolvidos no escândalo do Ministério do Turismo. É evidente que ela não está fazendo o que o ex-presidente Lula, aquele que acha que foi o melhor presidente do Brasil, fez no seu governo: passava a mão na cabeça dos corruptos e fazia de conta que não sabia de nada, isso quando não os defendia.

Já é alguma coisa. Só esperamos que a faxina seja pra valer, que ela consiga extirpar toda a corja que corrói os cofres públicos, que a política seja renovada e que tenhamos representantes no Senado, no Congresso, nas Assembléias, que realmente defendam os interesses do povo, e não os deles.

Sei que é esperar muito, mas temos que cobrar isso. O que temos que fazer, nós, cidadãos e eleitores, é nos indignarmos com a corrupção deslavada de nossos “políticos”, que nos levantemos para tirá-los de seus berços esplêndidos, que saibamos votar melhor e que nos lembremos dessas bandalheiras todas quando formos votar, para escolher melhor.

domingo, 14 de agosto de 2011

DE SMURFS E DE CARÊNCIAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Gabriel me levou, ontem, para assistir “os Smurfs”, pois a escola ofereceu o ingresso para alunos e pais. Fui no lugar do pai dele. Convivo com ele todos os dias, pois quando ele volta da escola, fica em nossa casa até a noite, quando a mãe dele o pega, na volta do trabalho. Na verdade faço um pouco o papel de pai dele, pois sou eu que brinco com ele, sou eu que brigo com ele quando faz alguma coisa errada, eu a tia dele o ensinamos a ler e a escrever antes que a escola o fizesse, pois a sistemática de alfabetização mudou e já não é tão eficiente quanto antes. Sou eu que elogio, que corrijo, que encho o saco, que dou castigo quando precisa. Eu a tia dele, na verdade.

Mas nesses dois dias, principalmente ontem, quando fui com ele ao encontro da escola, com homenagens, presentes e tudo o mais, eu percebi com mais clareza a carência de Gabriel, a falta que o pai dele faz. É claro que o pai dele nunca brigou com ele, nunca lhe deu castigo, mas é porque nunca está presente. E dá um aperto no coração ver a confusão que isso traz àquela cabecinha, àquele coraçãozinho, pois deve ser difícil mesmo, saber que o pai existe, mas não está ali, ao seu lado. Não sei como será mais adiante, mas prefiro não pensar muito nisso, pois não posso fazer nada, além de conviver com ele e tentar suprir algumas carências.

O filme, por coincidência - ou não? - fala de paternidade, de pais que estão apreensivos com a chegada do primeiro filho  e da dedicação de um pai postiço, no caso de Papai Smurf, que serviu de exemplo para a completa aceitação do filho que estava para nascer. Não perguntei a Gabriel se ele captou isso, como ele é um menino muito inteligente, com certeza entendeu.

Então ele me levou, literalmente, para assistir “Os Smurfs”. Foi divertido, porque ele não conhecia, é novidade, mas o desenho animado dos “Smurfs” passou por um bom tempo na televisão, quando a minha filharada ainda era pequena. E o filme – no cinema temos desenho misturado com cenários e personagens de verdade – é muito, muito engraçado. Vale a pena.

Gabriel gostou, riu muito e nós vamos voltar para ver em 3D, pois o que vimos era 2D.

sábado, 13 de agosto de 2011

PAIS & FILHOS

   Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Minhas filhas já estão adultas e não trocaria a ventura de tê-las tido por absolutamente nada neste mundo. Pareceu-me fácil criar minhas meninas, cuidar delas, educá-las, tentar prepará-las para a vida. Presunção? Não, acho que não. Acho que é porque elas me deram muito mais do que eu dei a elas. Estou no lucro, devo estar em dívida com elas, pois penso que elas me deram muito mais carinho do que eu dei a elas, elas me ensinaram muito mais do que eu poderia repassar a elas. Elas me mostraram uma capacidade de amar bem maior do que pensava ter.


Então esperei ter também um menino, para saber se havia diferença entre o privilégio de conviver, de educar e de aprender com minhas meninas e criar um garoto. Era um desafio: poderia haver diferença? Em quê? Infelizmente, não pudemos, eu e Stela, tirar essa dúvida. Tivemos três meninas, então desistimos, não porque não quiséssemos meninas, se elas viessem, mas porque poderíamos dar tanto menos quanto maior fosse o número de filhos que tivéssemos. E há que se poder dar o mínimo necessário para que os filhos cresçam com dignidade, senão, melhor é não tê-los.

Pensamos até em adotar um menino, mas o tempo foi passando e acabamos desistindo da idéia, pois achamos que nossa idade já não comportava mais uma responsabilidade tão grande, já não tínhamos mais aquela vitalidade de quando nossas meninas chegaram, já tínhamos perdido o jeito. Será que encontraríamos a paciência e a dedicação, a experiência já longe, para oferecer a um novo bebê?

Então, um belo dia, soubemos que Gabriel entraria em nossas vidas. Não iríamos adotá-lo, não. Minha cunhada estava esperando o primeiro filho e logo soube que era menino. E minha esposa ajudaria a cuidar dele, enquanto e mãe estivesse trabalhando. Agora sabemos que nós, a família toda, cuidaríamos de Gabriel.

É fantástico como o ser humano pode se reciclar. Gabriel está nos mostrando isso com uma clareza inquestionável. Fico maravilhado em ver como uma criança pode restaurar em nós, independentemente de qualquer que seja a nossa idade, a alegria de viver e a perspectiva de tempos mais felizes.

Gabriel faz com que me sinta muito mais jovem, fez com que eu passasse a sorrir e a rir muito mais do que antes. Ele faz com que eu me sinta um pouco criança, quando me vejo a brincar com ele, rir com ele, crescer com ele. Fazia tempo que não exercitava aquela cara boba de feliz a falar palavras truncadas que ele parece entender. Fazia tempo que não rolava no chão, fazia caretas e ruídos estranhos para vê-lo dar gargalhadas.

Agradeço por cada segundo desse retorno no tempo. É bom brincar de ser pai de novo, mesmo que seja de mentirinha. Desenvelheci.

Até fiz as pazes com meu pai, com quem não tive uma relação muito boa, infelizmente. Ele já não está mais aqui para eu lhe dizer isso, mas acho que saberá.

Meu pai talvez não tenha sido tão pai quanto eu desejaria que ele tivesse sido, mas é possível que isso tenha servido para alguma coisa, pois procurei ser um pai melhor para minhas filhas. Não sei se consegui, mas o fato é que tenho filhas maravilhosas.

Na época em que eu era criança, as coisas eram bem diferentes de hoje, a maneira de educar os filhos era diferente, mas a verdade é que eu tinha medo de meu pai. E quando eu cresci e saí de casa, não tive motivos para me aproximar dele, embora até mantivéssemos uma política de boa vizinhança, pois estávamos relativamente longe um do outro e nos encontrávamos muito pouco.

Sinto falta, ainda hoje, de um pai mais presente na minha vida. Talvez ele não tenha sabido ser um bom pai e eu, também, não tenha conseguido ser um filho melhor, tentando me aproximar mais, mesmo na idade adulta, para que pudéssemos ser mais amigos.

Conclamo todos os filhos - e todos nós somos - a dar um pouco mais de atenção e carinho a seus pais, mesmo que eles relutem em receber. E a todos os pais, também, a perceber o carinho vindo dos filhos e, principalmente, conclamo-os a retribuir, por mais sutil que isso tenha que ser.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

POLICIAIS E TRÂNSITO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/



Hoje, dirigindo por uma rua de São José, vi coisas no trânsito que a gente vê todo dia. Mas pelo menos duas me chamaram mais a atenção. Primeiro, foi um carro da Polícia Militar, todo caracterizado, que saiu de uma transversal e me cortou a frente com a maior sem cerimônia. Não estava com a sirene ou as luzes de alerta ligadas, o que significa que não era necessário sair em desabalada carreira. Tive que frear para não encostar nele e ele seguiu na minha frente por quase um quilômetro. Entrou à direita, de repente, sem dar sinal avisando que converter para o lado. Aliás, não tinha ligado a sinaleira, também, quando cortou a minha frente.

Pouco depois, em outra rua ,vi um outro carro da polícia, desta vez civil, converter à direita sem ligar a sinaleira indicando o que ia fazer.

O nosso trânsito está um caos, as pessoas não respeita sinais, não respeitam outras pessoas e quem devia dar o exemplo, faz pior. Se os próprios policiais desrespeitam as leis de trânsito, o que esperar do resto dos motoristas?

Dirige-se mal aqui na grande Florianópolis, mas espera-se que pelo menos as autoridades mostrem um bom comportamento no trânsito. Ou elas estão acima das leis de trânsito?

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O ABANDONO DAS ESCOLAS PÚBLICAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Anteontem falei aqui da falta de manutenção de prédios públicos de Joinville, que tem interditado instituições importantes da cidade, como escolas, museus, espaços culturais, etc.

Pois isso não é privilégio da Manchester Catarinense, embora isso não justifique a deterioração de espaços públicos naquela cidade. Há coisa muito pior. As escolas estaduais estão caindo aos pedaços.

Aqui em Florianópolis, há muita criança sem aula porque existem escolas que estão literalmente ruindo. O teto cai, as paredes estão rachadas, instalações elétricas são apenas um arremedo oferecendo perigo a todos, as instalações hidráulicas não funcionam, com pias e banheiros interditados, e por aí afora.

E não é um caso ou outro. São vários casos. E sabemos que não é só aqui. De maneira que vemos que a educação, além de estar perdendo qualidade por mudanças do poder público que ao invés de trazer progresso traz retrocesso, além de pagarem mal os professores e de colocarem pessoas não qualificadas em alguns postos, o espaço que acolhe a escola, o lugar onde a escola deve desempenhar o seu papel de educar está deteriorado, destruído, incapaz de acolher alunos e professores.

Onde está o governo, que não está fazendo a manutenção das escolas? Há poucos dias um telhado desabou em sala que estava em horário de aula e por pouco pedaços de concreto não atingem professora e alunos.

A intenção é fazer a escola falir em todos os sentidos? É o que está parecendo. Estão mudando maneiras de ensinar que sempre deram resultado para outras de caráter duvidoso, que estão fazendo com que alunos de terceiro, quarto ano até, não dominem a escrita e a leitura. Os professores não são bem pagos e não lhes é facultada a possibilidade de se atualizarem, de se qualificarem progressivamente. Os prédios escolares não têm manutenção, não têm equipamentos. As bibliotecas escolares do Estado não têm bibliotecários, as bibliotecas são cuidadas por professores que estão impossibilitados, por qualquer razão, de estarem na sala de aula. Pessoas menos esclarecidas são mais fáceis de controlar, não é?

Onde foi parar o ensino público de qualidade? Não é hora de exigí-la de volta?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

NÃO PRECISAMOS DE MAIS VEREADORES

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


A história do aumento da cota de vereadores para as nossas cidades, infelizmente legal, mas imoral, pois quanto mais políticos, mais corrupção – proporcionou, pasmem, pelo menos uma coisa boa. A mobilização do povo, que sempre aceita tudo passivamente, desta vez está na rua para que entendam que não quer mais vereadores, mais despesas, mais gastos desnecessários do dinheiro público, mais “desvios”.


Começou em Jaraguá do Sul. A cidade acha que não precisa de mais vereadores e a comunidade – não sei, na verdade, de quem partir a iniciativa – colocou nas ruas uma série de outdoors com apelos como: “Salário Mínimo: R$ 545,00. Professor: R$ 609,46. Vereador: R$ 7.316,00. Não precisamos de mais vereadores”; “Operário: 44 horas semanais. Professor: 40 horas semanais. Vereadores: 5 horas semanais. Não precisamos de mais vereadores.” ; “Faltam: médicos, medicamentos, creches e leitos hospitalares. Não precisamos de mais vereadores.”

Não é tudo verdade? O exemplo da indignação dos cidadãos jaraguaenses ganhou a mídia e foi divulgado na internet, na televisão, nos jornais, até em grandes revistas. E caiu como luva no anseio das polulações de outras cidades do país, que não querem que aumente o número de vereadores e que seguiram o exemplo de protesto da cidade do norte da nossa Santa e bela Catarina.

Aumentar o número de vereadores não garante, absolutamente, que os “representantes” do povo na administração pública deem mais atenção aos seus munícipes, que defendam o interesse dos eleitores de maneira melhor do que está sendo feito até aqui. O que garante, isto podemos ter certeza, é que mais dinheiro público será gasto para pagar os seus salários milionários, para pagar assessores, motoristas, carros, etc., para não fazer quase nada, além de outras “despesas”.

Aumentar o número de vereadores significa aumentar o número de “políticos”. E não precisamos de mais políticos como a maioria desses que aí estão, protagonizando um escândalo de corrupção atrás do outro. Chega de corrupção e impunidade.

domingo, 7 de agosto de 2011

A CULTURA SEM TETO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Infelizmente, Joinville, a maior cidade do nosso Estado, parece ter tradição em não cuidar bem dos prédios públicos, principalmente aqueles que dão teto às coisas da cultura. É lamentável o fechamento da Casa da Cultura, por falta de manutenção. Três escolas são paralisadas e o município, que até então não havia tomado a iniciativa para sanar os problemas do prédio, não sabe onde colocá-las. Centenas de alunos e os professores são prejudicados.

Como dizia lá no início, este não é o primeiro caso. Ano passado, dois ou três dias depois de fazermos uma noite de autógrafos na Biblioteca Municipal Rolf Colin, no centro da cidade, o texto da casa desabou. Isto já faz um ano, e a biblioteca ainda não voltou ao seu lugar de origem, apesar de ter ido para um local muito bom. A estação ferroviária, cedida ao município, era o cartão postal rasgado, que foi restaurado e em seguida teve o telhado caído. Acabou-se o Museu da Bicicleta. O Museu do Sambaqui já foi invadido pelas águas diversas vezes, tanto que está com o acervo comprometido. A Cidadela Cultura Antártica – antiga cervejaria – está com algumas partes interditadas, pois o morro atrás do prédio desabou em cima de parte dela. O Museu Fritz Alt está fechado, desde o começo do ano passado, por falta de manutenção. O telhado não é seguro, entre outras coisas. Não recebe reforma desde 91, conforme matéria do jornal A Notícia. O Museu de Arte de Joinville está com o madeirame da varanda apodrecido, com risco para os visitantes. E assim por diante, há outros casos.

Falei numa crônica recentemente que o Festival de Dança de Joinville precisa de um teatro urgentemente, pois o Centreventos Cau Hansen não é um teatro, é um estádio esportivo, não é apropriado para receber o maior festival de dança do mundo. Mas a manutenção de todas essas casas públicas na cidade é muito mais urgente. Senhor prefeito, senhores vereadores da Manchester Catarinense, da Cidade das Flores, como é que fica esse estado deplorável dos imóveis públicos que dão guarida à cultura?

sábado, 6 de agosto de 2011

ZENÓBIA, FAMOSA E ILUSTRE



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Felizmente o sábado foi um dia lindão com muito sol e fomos levar Gabrilel, meu sobrinho, para ver os jacarés que moram na praia Daniela. Para quem não é daqui da capital, vou contar a história do Refúgio dos Jacarés, que foi implantado na área de preservação permanente situado no Balneário Daniela. Ele ocupa 1.500 metros quadrados de mangue e é mantido pela União dos Moradores e Amigos da Quadra 6.


Quando o refúgio foi criado, já havia dois jacarés-de-papo-amarelo no bolsão de mangue que fica quase no meio do balneário. Como eles chegaram lá, ninguém conta. Em novembro de 97, foi encontrada uma jacaré fêmea perto do Refúgio e ela foi colocada junto com os jacarés no lago com uma ilha no centro, preparado pelos moradores para que os visitantes não perturbassem os bichos. A “moça” ganhou o nome de Zenóbia e logo ficou choca, tendo uma ninhada de quinze filhotes. Em 2002, dez dos quinze filhotes foram capturados para serem levados à Estação Ecológica de Carijós, perto dali, pois não havia comida para uma população tão grande no Refúgio. Logo depois, Zenóbia abandonou o Refúgio com seus cinco filhotes restantes e os levou para o mangue, ali perto. Deixou lá os filhotes e retornou ao Refúgio.

Pois é ela, a Zenóbia, que fomos ver hoje no Balneário Daniela. Chegamos lá, procuramos, demos a volta no lago com a ilha no centro e não vimos nada. Meu sobrinho teve medo que os jacarés surgissem de dentro da água ou do meio do mato, mas não vimos nada. O lugar é muito bem cuidado pelos moradores e é muito bonito. Voltamos a contornar a ilha e eis que vejo Zenóbia, ou a parte do meio para baixo dela, na beirada da ilha, no meio do mato, lagarteando, aproveitando o sol que brilhava gostosamente. Minha esposa já tinha visto, mas como quando ela olhou o rabo da jacaré não estava à vista, parecia mais um toco de madeira, uma tora. Quando olhei, ela tinha tirado o rabo do meio do mato e dava para identificá-la. Mas não se movia. Então decidimos dar uma volta na praia e voltar mais tarde para ver se ela se mostrava de corpo inteiro.

Pois mais de uma hora depois, quando voltamos, ela estava no mesmo lugar, só tinha recolhido o rabo. Mas pelo menos agora dava para lhe ver a parte de cima da cabeça, e os olhos abertos piscavam para nós, mas ela continuava imóvel.

O importante é que o objetivo da nossa incursão pela Daniela era ver os jacarés, que na verdade não eram jacarés, era apenas uma jacaré fêmea, a Zenóbia. E conseguimos vê-la, ela até piscou para nós. Acenamos para ela e fomos embora, satisfeitos, deixando-a em paz. Afinal, Zenóbia é figura famosa na capital: é muito fotografada e filmada e tem sido assunto de várias reportagens em jornais, revistas e na televisão.

Foi muito bom ver que a comunidade respeita e protege a sua vizinha mais ilustre. Zenóbia é muito querida por todos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

POETA COM P MAIÚSCULO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Já falei, aqui no blog, da poesia de Júlio de Queiroz. Mas não tinha ouvido ainda um CD com o qual ele me presenteou, com declamações dos seus poemas por ele mesmo. A poesia dele, tão densa, tão bela, tão cheia de conteúdo, já havia me encantado, mas não sabia que ela ficaria ainda mais bonita, mais forte, mais lírica, declamada pelo próprio poeta. É um presente espetacular. Gosto de todos os poemas, mas Minha Cidade, Paisagem com aceno, Um amor tão de leve merecem destaque. São belíssimos.

Então enviei mensagem a ele dizendo isso, e ele respondeu: “Meus Deus, amigo, não faça isso comigo.” Ora, meu amigo poeta, eu tenho que fazer. Como disse na resposta ao Júlio, a gente lê poesia boa, mas também se lê muita coisa fraquinha, hoje em dia. De maneira que, quando descobrimos alguém que faz poesia de verdade, há que se dizer a todos que temos um poeta com P maiúsculo.

O CD é muito bom, o poeta está de parabéns por dar ainda mais vida aos seus já perfeitos poemas. Talento de poeta é isso.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

LIVROS PARA INCENTIVAR A LEITURA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Num desses programas que mostram costumes e tradições singulares de países vários, vi uma prática que me chamou a atenção. Num país distante – não me perguntem qual, pois infelizmente não lembro – chás de bebês têm um detalhezinho diferente daquele que conhecemos e praticamos aqui no Brasil. As pessoas convidadas que comparecem ao chá dão de presente para o bebê que está para nascer e para os pais – adivinhem o quê? Livros! Isso mesmo: os convidados dão livros de presente, livros que representaram muito na vida de quem os está dando, aqueles considerados os melhores e mais importantes, e que poderão acrescentar algo à vida da criança que está chegando. Não é fantástico?


Ao invés de levar apenas um pacote de fraldas, uma roupa, um brinquedo – que serão consumidos rapidamente – dá-se um presente para a vida inteira.

No Brasil, um grupo de pessoas reúne livros – pede doação, recolhe-os aqui e acolá – e junta obras de vários gêneros para sair à rua, de madrugada, e distribuir àqueles que trabalham à noite ou moram na rua.

São idéias geniais para incentivar a leitura, começar a formação de novos leitores e, consequentemente, tornar mais fácil o acesso ao conhecimento e à viagem nas asas da fantasia e da imaginação.

Eu ousaria sonhar mais, espichar essas boas idéias, apanhando crianças nas periferias das nossas cidades, das áreas mais carentes, onde nem as escolas têm bibliotecas, para levá-las a conhecer e frequentar uma verdadeira biblioteca. É certo que seria muito melhor levar a biblioteca até elas, e já fiz isso – levei livros meus, do meu acervo particular e também os muitos livros infantis e infanto-juvenis e os didáticos das minhas filhas que já cresceram, - para iniciar bibliotecas em escolas do interior, onde elas não existiam. Mas enquanto as bibliotecas não são realidade em todos os lugares onde há crianças estudando, há a necessidade de que alguns de nós leve essas crianças até onde existam livros para que elas possam usufruir deles.

As idéias são boas, tanto a de doarmos os livros que temos em casa e que ninguém abre, para iniciar uma biblioteca numa escola que não a tem, como levar as crianças que não têm acesso aos livros até onde eles estão. O que é preciso para melhorá-las, é colocá-las em execução, como aquele pessoal pioneiro, que de dia pede livros a quem quiser doá-los e de madrugada os leva para aquelas pessoas que trabalham à noite ou que vivem nas ruas.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A RESSURREIÇÃO


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Eis que recebo, da minha amiga Norma Bruno, uma mensagem belíssima sobre o renascimento de um ipê amarelo. Ela sabe que sou maluco por árvores, principalmente as floríferas, e me deu de presente um quadro ímpar da Mãe natureza.

Trata-se de uma foto de um ipê que havia sido cortado para usar a sua madeira como poste de fiação elétrica. Há crime maior do que este, cortar uma árvore que floresce tão fantasticamente, para transformá-la em poste? Sei que não é incomum, infelizmente, também cortam, ainda, pés de jacatirão para fazer lenha, dá para acreditar?

Pois cortaram o pé de ipê e fincaram na beirada da rua para suportar os fios de luz. Mas ele não se deu por vencido, rebelou-se e brotou, floresceu cores. Lutou contra a maldade humana, criou raízes de novo, brotou folhas e galhos e floresceu triunfalmente.

A força da natureza é incomensurável e o homem não pode com ela. Por isso precisamos respeitar mais a natureza, respeitá-la como ela merece. Se continuarmos a desrespeitá-la, ela revelará muito mais da sua força, como já tem dado mostras pelo mundo.

O pé de ipê de Porto Velho, a árvore que revoltou-se e se recusou a morrer, é um marco naquela cidade, florescendo majestosamente, irmã gêmea do sol. Rondônia tem uma sol a mais em seu chão, refletindo luz e vida.

Junto com a foto veio um pequeno poema, sem crédito de autoria, que eu tomo a liberdade de transcrever: “Um Ipê Amarelo foi cortado e seu tronco / foi transformado em um poste. / Após o poste ser fincado na rua, / foram instalados os fios da rede elétrica. / Eis que a árvore se rebela contra a maldade / humana e resolve não morrer. / Mas a reação foi pacífica, bela e cheia de amor. / Rebrotou e encheu-se de flores. / Assim é a natureza...vencedora !”

terça-feira, 2 de agosto de 2011

POLÍTICOS BRASILEIROS E SUECOS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Acabo de ver uma reportagem sobre a Suécia, o país dos políticos sem mordomia. Lá, os políticos não têm privilégios: os deputados, por exemplo, ocupam apartamentos funcionais de no máximo quarenta metros quadrados, com sala e quarto. É o suficiente para eles viverem na capital do país, durante a semana. Os apartamentos não têm máquina de lavar e as roupas são lavadas pelos próprios moradores, em lavanderias coletivas, com agendamento prévio.
Alguns apartamentos têm somente dezoito metros quadrados e nestes, até a cozinha é comunitária. E eles, os políticos que usufruem dela, é que tem que mantê-las limpas, assim como os apartamentos, pois eles não têm empregados.
Os gabinetes dos deputados têm dezoito metros quadrados e eles não têm secretárias ou assessores, assim como também não têm direito a carro com motorista. Eles não têm vida de luxo, com em alguns países que conhecemos e têm que trabalhar de verdade.

O primeiro ministro tem casa própria, mas também não tem empregados e é ele próprio quem faz a limpeza e as tarefas domésticas.
Não parece o Brasil? Os políticos trabalham, não gastam o dinheiro público, são honestos e desempenham o seu papel na sociedade, como deve ser.
Bem semelhante ao Brasil, onde todo dia há denúncia de corrupção, os culpados nunca são penalizados, no máximo perdem o cargo, mas além de já estarem com os bolsos cheios, ainda continuam na política, como o ex-mandachuva do Dnit, que foi demitido e voltou para o Senado, para reinar absoluto. E devolver o que foi “desviado”, nem pensar. São tantas e tão freqüentes as denúncias, que a corrupção e a impunidade estão sendo banalizadas.
Por exemplo: leio hoje no jornal que há deputado catarinense que gastou, em um mês, mais de oito mil com passagens, seguido de perto por vários outros. Pior: com telefone, houve quem gastasse, também em apenas um mês, mais de sete mil. E alguns outros acompanham de perto. Com gráfica e correspondência, um deles gastou quase nove mil, seguido por outro que gastou mais de oito mil. E isto tudo está no Portal da Transparência da Assembleia Legislativa, para quem quiser ver e conferir os nomes dos ilustres políticos.
Não parece a Suécia? Pouca diferença, não é?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

CRÍTICA LITERÁRIA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Muito já se disse sobre a crítica literária e, resumindo, o principal é ter-se conhecimento, experiência e bom senso, para fazê-la.

Apesar disso, não há dúvida de que, por mais que ela seja imparcial, sempre há, nela, um reflexo do gosto pessoal de quem está criticando.

Até aí, tudo bem, é normal. Mas já vi situação extrema, para não dizer inaceitável, no que diz respeito a este tema. Um “poeta”, após ler o terceiro livro de poemas recém-lançado, de uma colega, tomou para si ares de crítico e reescreveu quase metade do livro – suprimiu versos, acrescentou outros, modificou outros tantos – e os remeteu à autora, arrematando: “... para ficarem bons, os poemas teriam que ser assim.”

Ora, se cada leitor fosse alterar um poema lido para que ficasse da forma que teria se ele, leitor, o tivesse escrito, não haveria leitores, mas apenas autores e “co-autores”.

A realidade é que, se quisermos ajudar o colega, quando o texto comprovadamente – e quando digo comprovadamente, quero dizer após a apreciação de vários leitores – não alcançar a qualidade mínima desejável, o que podemos fazer é aconselhar o autor ou autora a repensar, a refazer o seu trabalho, acreditar na capacidade de fazer melhor. E isto, ainda, considerando que o autor dê abertura para tanto.

Esse mesmo “poeta” de quem falamos, publicou, também, o seu primeiro livro de poemas. E, quando do lançamento do mesmo, ao invés de falar da sua obra, preocupou-se em declarar que “os poetas da nossa cidade preocupam-se apenas com a quantidade, esquecendo-se de trabalhar melhor os seus poemas”.

Nós, os poetas da cidade, chamamos a atenção desse “poeta” para o fato de que aquela afirmação faz com que, em primeiro lugar, se espere que o livro dele seja uma obra excepcional, uma vez que ele se insinuou melhor que todos os outros. E, apesar da boa apresentação gráfica, o conteúdo não chega, por mais que ele queira, a ter aquela excepcionalidade.

Nós, os poetas da cidade, trabalhamos os nossos poemas nós mesmos. Não alteramos a obra de ninguém, apenas sugerimos, uns aos outros, a necessidade de reformularmos os nossos trabalhos, refazendo para tentar fazer melhor. Sabemos que nossa poesia não é nenhuma obra-prima, mas ele é tão somente a obra de cada um que a assina, sem a co-autoria de ninguém.

O que é bom permanecerá. E quem diz o que é bom é o leitor, não somos nós. Vale o registro do triste fato, para que nenhum de nós venha a repeti-lo. Humildade e respeito são qualidades fundamentais para um bom escritor, para qualquer outra profissão, para um ser humano, enfim.