Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Vi, na terça feira, o seguinte post na página da Isadora, a menina que, com cidadania e coragem, conseguiu atenção e providências para as mazelas de sua escola: “Eu vejo aqui na minha página alguns professores falando que eles não estão lá para educar, que educação vem de casa, que eles estão lá para ensinar. Mas eles também falam que a escola é a segunda casa, então acho que eles pelo menos tem que impor limites, se não não seriam educadores e sim ensinadores.”
Não li os mais de mil e duzentos comentários, porque não queria que eles influissem na minha maneira de ver a reclamação da estudante, mas a denúncia é muito grave. Notem que Isadora não está afirmando que ela acha que os professores não estão na escola para educar, que estão lá apenas para ensinar. São professores que vão à página dela afirmar que “a educação deve vir de casa”, que professor não é educador e sim “ensinador”.
Sabemos que o poder público não valoriza o professor, não paga um salário decente, não dá uma escola equipada, com manutenção adequada para que possam trabalhar. Que a formação do professor, com a derrocada da educação brasileira, não tem a qualidadade que deveria, também. É uma coisa óbvia: se o ensino fundamental é ruim, é falho, e o ensino médio também, vamos ter estudantes que chegam à faculdade com base ruim para acompanhar o ensino superior. Este, por sua vez, também não é dos melhores, pois o conteúdo curricular vem se defasando cada vez mais e o corpo docente das universidades, pelo menos parte dele, vem dessa mesma cadeia de ensino em vias de falência.
Então o professor não é valorizado, não é reconhecido, todos sabemos. Mas um professor que é realmente professor não diria, jamais, que não é um educador. Um professor qualificado, um professor de verdade, dedicado e abnegado, como existem alguns por esse Brasil afora – posso afirmar porque conheço alguns deles – não diria jamais que é apenas um “ensinador”.
A educação começa em casa, é verdade. Mas essa educação continua na escola. Que esperar dos pais das últimas gerações, que saíram de escolas que já vinham sofrendo o abandono de quem devia cuidar e zelar por elas, que já não tiveram uma educação como tinham o direito de ter? É claro seus filhos seriam mais prejudicados ainda, com uma educação bem menos conservadora em casa e uma educação pouco eficiente na escola. E pouco eficiente não por culpa pura e simples de professores, absolutamente: por culpa dos gestores e mantenedores da educação brasileira.
É bom frisar que quando ne refiro à educação e a ensino, não quero estabelecer diferenças entre as duas palavras: os dois conceitos estão entrelaçados. Quando digo educação, não estou me referindo apenas à interação social, aos bons modos em sociedade e em família, ao tato cortês com as pessoas, à moral e aos bons costumes. Aí estão intrínsecos, também e principalmente, a instrução, o conhecimento e a sabedoria que vai nos tranformar em adultos produtivos e autosuficientes, cidadãos úteis à sociedade.
Consta, no artigo 205 da Constituição Federal, que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao plenodesenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” O cumprimento desse artigo não está sendo cumprido como deveria.
Olha, achei o cúmulo! Deveriam existir milhares de Isadora! Não só uma, além do que essa professora está totalmente equivocada! O que não faz a falta de um pouquinho que seja de bom senso!
ResponderExcluirAngela Neves
Luiz Carlos Amorim, concordo com o teu texto. Vemos sempre os professores criticando os baixos salários e as más condições das escolas, no que têm razão, mas poucos se confessam mal preparados para exercer a função e, portanto, são parte do problema.
ResponderExcluirBernardo A.Mallmann
Depois do ex presidente apregoar que não se precisa de diploma, valha-nos Deus!
ResponderExcluirMary Bastian
Excelente artigo Luiz, como professor eu assino embaixo. Vi muitos professores despreparados nas escolas em que passei. Assim como bons professores que do limão recebido conseguiam fazer ótimas limonadas. Então a responsabilidade é de todos, mas se o professor estiver motivado já é meio caminho andado para uma educação de qualidade. E quando falo em motivação nem me refiro a dinheiro...
ResponderExcluirTiago Carpes do Nascimento
Adorei a crônica, Amorim! Vou compartilhar!
ResponderExcluirRosângela Borges Wiemes