Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiecia.xpg.com.br
Para amenizar o desrespeito da cultura oficial catarinense – Secretaria de Estado da Cultura, Esporte e Turismo, Fundação Catarinense de Cultura – com o mais importante poeta catarinense, o maior simbolista do Brasil, Cruz e Sousa, temos uma boa notícia advinda das comemorações do Ano do Brasil em Portugal.
O descaso para com os restos mortais do Cisne Negro é gritante. O Estado de Santa Catarina fez questão de reivindicar os despojos do poeta que é o maior patrimônio cultural dos catarinenses, para colocá-lo em um Memorial, que seria construído anexo ao Palácio Cruz e Sousa. A urna com os restos mortais do poeta chegou, mas o tal Memorial demorou mais de dois anos para ser inaugurado. O Estado prometeu um Memorial amplo, com espaço para eventos culturais, mas o seu espaço era tão exíguo que não era possível realizar, absolutamente, nenhuma reunião ali.
Pior: descobriram, depois de todo o tempo que demorou para construir o Memorial, que ele estava em cima da casa de força do Palácio Cruz e Sousa, onde não poderia ter sido construído nenhuma benfeitoria. E o Memorial ficou abandonado, deteriorando no tempo, interditado. Agora esperamos pela ação dos setores competentes (competentes?) do Estado, no sentido de reconstruir o jazigo do grande poeta, com as especificações iniciais, com espaço para eventos, biblioteca, etc., para que possamos, enfim, honrá-lo como ele merece e ele possa, finalmente, descansar em paz.
Quando a imprensa começa a cobrar esse desrespeito com o poeta, aqui em Santa Catarina – eu venho escrevendo sobre isso desde a demora para inaugurar o Memorial e cronistas e repórteres vêm abordando o tema – a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e os Correios de Portugal lançaram, simultaneamente, no dia 7 de setembro, na abertura do Ano do Brasil em Portugal, dois selos em homenagem aos grandes poetas Fernando Pessoa e Cruz e Sousa.
Os poetas brasileiro e português trazem, assim, a poesia para os selos, com Cruz e Sousa estampando o poema “Ser Pássaro” e Fernando Pessoa “Mar Português”.
É uma grande homenagem que os dois países irmãos fazem aos seus maiores poetas e para o nosso grande simbolista o tributo vem em boa hora, para compensar a desonra feita com ele aqui em Santa Catarina.
Transcrevo o poema estampado ao lado da caricatura de Cruz: “Ah! Ser pássaro! / ter toda a amplidão das aves / para as asas abrir ruflantes e nervosas / dos parques através e dos moitais de rosas, / nos floridos jardins, nas hortas e pomares.”
Transcrevo também o poema de Pessoa: “Ó mar salgado, quanto do teu sal / são lágrimas de Portugal? / Por te cruzarmos, quantas mães choraram, / quantos filhos em vão rezaram.”
Ótima notícia mesmo, caro Amorim. Inclusive há um ator português que trabalha no Brasil (várias novelas) e está veiculando uma bonita propaganda sobre o Ano do Brasil em Portugal - Portugal no Brasil.Gostei de ver você encimando, seguido de Sérgio da Costa Ramos e Flávio José Cardozo, os protestos acerca da interdição do memorial de Cruz e Sousa a página 5 da edição de ontem do Diário Catarinense. Abraço da Fatima de Laguna/SC P.S.: Eu estava lá naquele dia quando chegou o caminhão dos Bombeiros trazendo a urna com os restos mortais do poeta.
ResponderExcluirMaria de Fátima Barreto Michels
Luiz Carlos Amorim, li sua opinião sobre a interdição do Memorial de Cruz e Sousa no Diário Catarinense deste sábado (15/09). Parabéns! E parabéns também por mais um número do Suplemento A Ilha."
ResponderExcluirAntonio Michels