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sábado, 15 de setembro de 2012

PASSARINHOS



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


Hoje à tarde Stela me chamou a atenção para uma coisa que me deixa muito triste: muita gente está usando vidro transparente para fazer muros em frente as suas casas. É muito bonito, dá uma sensação de limpeza, o jardim e a frente da casas ficam bem visíveis. Mas está acontecendo algo bastante grave: estão morrendo passarinhos, que batem nos vidros, já eles não imaginam que há uma barreira transparente no caminho que parece livre.

Eles estão acostumados a passar através dos vãos e, de repente, lá está uma barra de vidro a lhes tolher o caminho. E eles esbarram, caem no chão e ficam desamparados, à mercê de gatos, de pisões, de chutes, de tudo.

Então me lembro da passarinhada no meu telhado, de manhã, no meu jardim, na minha porta e penso que, infelizmente, com mais essa predação - existe essa palavra? - dentre tantas outras que já havia, meus passarinhos poderão não cantar nas minhas manhãs, em um futuro próximo, a me acordarem para a vida.

Minha mãe, que colhe passarinhos, lá em Jaraguá, no quintal da casa dela, também não terá mais a cantoria dos pequeninos que vem usufruir das frutas e do milho quebrado que ele serve para eles, num comedouro com proteção feito especialmente para eles.

O progresso é uma coisa cruel – sacrifica-se qualquer coisa por um bom design, a aparência é tudo, no mundo de hoje. O meio ambiente continua em segundo plano, apesar das mostras que temos tido de que a natureza está se rebelando contra o nosso pouco caso.

Ontem ainda encontrei um filhote de passarinho morto na calçada, pisoteado que foi por alguém. Até quando meus passarinhos virão cantar na minha calha, na porta da minha cozinha, nas pedrinhas do meu jardim?



Um comentário:

  1. Sempre leio os teus artigos no Diário de Ilhéus e os acho inteligentemente corretos.
    Abração.

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