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terça-feira, 9 de junho de 2009

A CRIAÇÃO LITERÁRIA

Por Luiz Carlos Amorim (escritor e editor – http://br.geocities.com/prosapoesiaecia )

A criação literária é um dom. Podemos aprimorar nossa escritura, estudando para dominar a língua, a correção no uso da palavra, ler muito e escrever sempre e assim podermos crescer e produzir uma literatura de qualidade. É claro que nem sempre conseguiremos construir obras primas, mas o dom que praticamos deverá nos levar a caminhar para isso, embora saibamos que não é fácil chegar lá. Só saberemos da qualidade da nossa obra quando ela chegar até o público e, para isso, há que se ter um livro publicado e, mais que isso, com uma boa distribuição. O público leitor é que vai sinalizar se nossa literatura é boa ou não.
O assunto me veio à baila, mais uma vez, quando uma poetisa amiga de Joinville me anunciou a publicação, enfim, do seu primeiro livro. Ela tem talento, sua poesia flui natural, com ritmo e essência. Mas não tinha um livro solo publicado. Agora ela me comunica que uma editora mineira está publicando o seu livro, embora esteja arcando com parte do custo dele.
Então o dom da criação não é suficiente para que possamos ser, verdadeiramente, escritores. É preciso que consigamos chegar até o leitor. Já se disse que escritor não é aquele que escreve, mas sim aquele que é lido. E para ser lido é preciso colocar nossa obra sob os olhos do leitor. E como o livro ainda é o suporte tradicional e insubstituível da criação literária, embora ainda se tente convencer uns e outros de que o meio digital o substituiria, precisamos da nossa obra impressa em papel para submetê-la ao público.
Em palestras por escolas e meios literários, já me perguntaram como é que nascem os textos, como é que aparecem as ideias, como é que se cria a obra literária. Respondia, invariavelmente, que as ideias para escrever um conto, um poema, uma crônica acontecem a qualquer hora, em qualquer lugar, pelos mais diferentes motivos. Alguma coisa que se vê, algo que a gente lembra, algo que se ouve. Pode ser qualquer coisa: um objeto, uma pessoa, uma situação, um cenário. Já me convenci de que devo ter sempre comigo uma caneta e papel, mesmo ao lado da cama, quando estou dormindo, pois temos de anotar as idéias na hora em que elas surgem. Não dá para deixar para depois, pois o que lembrarmos já não será mais a mesma coisa. É claro que a idéia, depois de anotada, precisa ser trabalhada e, às vezes, no final, o tema se desvia completamente. Ou o que sobra vai para o lixo.
Há, eu sei, aqueles escritores metódicos, que sentam à frente de um teclado, seja de computador ou máquina de escrever, num determinado horário, todos os dias e escrevem por determinado tempo. Se vai ser bom ou não o que escreverem é outra história. É um exercício de disciplina, um hábito, um trabalho diário.
Acredito que deva funcionar, para alguns deles, mas não para mim. Para quem tem uma coluna diária, por exemplo, ou quem escreve um romance, talvez precise se disciplinar dessa maneira. Eu tenho o compromisso de escrever uma crônica por dia, e procuro escrever mais que uma, quando a inspiração permite, mas há dias em que não é tão fácil.
Por falar em inspiração, é outra coisa que se pergunta muito a escritores. De onde vem a inspiração, o que nos leva a escrever. Como disse lá em cima, escrever é um dom. Se tivermos facilidade para escrever e se soubermos manejar o instrumento para isso, que é a palavra, tudo pode inspirar uma crônica, um conto, um poema, até um romance. Ah, mas deve haver alguma coisa que inspire mais do que as outras. Acho que pode haver, sim. Eu, particularmente, diria que é a natureza. Até porque só podemos escrever sobre o que conhecemos bem. E, talvez, sobre o que gostamos. O mais importante, mesmo, é o leitor gostar da maneira como escrevemos. E termos estilo. Aí, o tema flui, o conteúdo se define.

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