Por Luiz Carlos Amorim (escritor – http://br.geocities.com/prosapoesiaecia )
Pituxa, a nossa pinscher Xuxu, tem quatorze anos. Quase não enxerga mais, talvez já não ouça bem, também. Mas é a nossa menina. Quando a gente está em casa, ela está sempre procurando alguém em quem se encostar. Não reconhece a gente de pronto, quando chegamos em casa, mas faz uma festa quando ouve a nossa voz.
Ocorre que eu e Stela viajamos e ficamos quase um mês fora. Fomos a Portugal, para conhecer a terrinha e sempre mantivemos contato com as filhas, que ficaram em casa. E soubemos que Pituxa não comeu por três dias, depois que saímos. Mas isso não foi o pior: ela ficou dias a fio de plantão, sentadinha em frente ao portão da garagem, esperando que chegássemos. Dava vontade de voltar, ao saber disso.
Quando chegamos ao aeroporto de Florianópolis, ela estava lá esperando, junto com o resto da família. Ela não deve ter entendido porque ficamos tanto tempo longe, mas agora fica mais desesperada quando a gente começa a arrumar malas para viajar.
Não resisti ao registro do fato, pois encontrei um outro bichinho parecido com Xuxu em Coimbra e queria poder falar dela também. Tratava-se um uma chiuaua (ou chihuahua), de pelo avermelhado, pequena, devia pesar um dois ou três quilos. O seu dono era um tocador de violão que, enquanto tocava, colocava-a sentada a sua frente, imóvel, com um porta- -moedas pendurado no pescoço. Havia uma cesta, também, para quem não quisesse colocar as moedas a fazer peso no pescoço da cachorrinha. Ela era mantida em uma coleira e de vez em quando o dono a puxava, para mudar de local e de público. Perguntei a idade dela e ele me disse que ela tinha nove anos. Perguntei se era mansinha, se podia fazer um carinho, ele disse que sim. Tentei passar a mão em sua cabeça, ela até deixou, mas encolheu-se, assustada, como se eu fosse machucá-la. Não falei nada, mas pensei que ela poderia ter sido maltratada para se submeter àquele trabalho. Espero estar errado.
Fiquei comparando a nossa Pitucha, cercada de tanto carinho, com aquela cadelinha que era obrigada a trabalhar. E imaginei a chiuaua (ou chihuahua) na rua, com os dias frios que estavam por vir em Portugal, que agora está na primavera, mas já conta com algumas temperaturas que exigem agasalho. E olhem que a menininha ajudava o rapaz a ganhar a vida...
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