Por Luiz Carlos Amorim (Escritor – Http://br.geocities.com/prosapoesiaecia )
Recebi um filme de pesca de tainha realizada ontem, pela manhã, numa das praias da Ilha. Fico fascinado por esse fenômeno fabuloso do tempo frio que é puxar as redes com toneladas e toneladas de tainha. É de uma beleza incomensurável.
E eu que nunca liguei muito para o peixe em si, só gostava da tainha feito cambira, aquela escalada, salgada e secada ao sol, tenho comido tainha recheada (com ova, camarão, farinha e temperos, como aprendi com minha mãe), caldo de tainha, que fica uma delícia e tainha frita. Nada como morar aqui, pertinho de onde acontece o milagre dos peixes.
Então faço água na boca da minha amiga Fátima de Laguna e ela me pede, como leitora do blog, que eu dê as receitas e ensine como fazer a cambira e o caldo. A cambira eu ensinei, há algum tempo, para os leitores do Coojornal do portal Rio Total, da minha amiga Irene Serra (www.riototal.com.br ).
Muito pouca gente sabe, mesmo os nativos da ilha, pelo que tenho percebido, ao perguntar para alguns, que a cambira é a tainha escalada. A gente pega ela, já sem escamas, eviscerada, sem cabeça e abre ela de fora a fora, cortando encostadinho à espinha. Depois é só salgar, dos dois lados, bem salgado – isso é escalar, conforme quem mora na beira do mar e conforme o Aurélio, também. Aliás, fui procurar no dicionário o que ele dizia sobre cambira, mas não diz nada, apenas “tainha”.
Mas voltando ao nosso peixe, depois de escalado é só pegar um dia de sol e deixar ele secar. Não é preciso deixar torrar, em um ou dois dias ele fica marronzinho e a cambira está pronta, pode ser consumida. É cortar em pedaços, dessalgar – ferver trocando de água umas duas ou três vezes, fritar ou grelhar e comer com o que preferir, mas eu não sei de nada melhor do que um pirão de água. Ah, não sabem o que é pirão de água? É só ferver água, colocar farinha de mandioca no prato, despejar a água quente em cima e misturar. Aí é fechar a porta e comer. Faça um molho de limão com pimenta, mais ardida ou menos ardida, como preferir, e regue a cambira. (Que fome!)
Já o caldo de tainha é feito como os outros caldos de peixe. Minha mãe ensinou assim: pique alguns tomates, sem pele e sem sementes ou como preferir. Refogue com manjericão ou alfavaca (não pode faltar, é condição sine qua non), com alho e outros temperos verdes, a gosto, coloque água o suficiente para a quantidade de peixe que vai cozinhar e não esqueça o sal. Eu não ligo para a cor, mas para quem gosta, pode usar colorau ou massa de tomate. Fervendo o caldo, coloque a tainha cortada em postas e temperada anteriormente com limão, sal e manjericão. Não deixe cozinhar muito, para o peixe não se desmanchar. Já dá pra fazer o pirão com o caldo e farinha de mandioca e comer com o peixe cozido, que está uma delícia. Não é fácil?
Florianópolis já não é aquele paraíso para se viver, como ainda apregoam alguns, temos muita violência, tráfico de drogas, assaltos, roubos, falta de segurança, enfim. Mas ainda somos privilegiados com um lugar tão bonito e que nos possibilita ter uma mesa farta com peixe em abundância e fresquinho. Mãe Natureza ainda está nos dando um voto de confiança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário