Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Um escritor amigo meu, Enéas Athanázio, participou de uma antologia diferente, inovadora, original: um livro em braile. Uma obra para pessoas especiais, para pessoas deficientes visuais.
A antologia – “Blumenauaçu na Ponta dos Dedos” foi publicada pela Editora Cultura e Movimento e é pioneira em nosso estado: a coletânea tátil reúne trabalhos em verso e prosa de quinze escritores contemporâneos. A edição e impressão foram feitas pelo Centro de Difusão da Literatura para Cegos.
Um público específico, mas considerável, os deficientes visuais tinham acesso, até agora, a poucas obras em braile, quase todos clássicos. Melhor do que nada, necessário até, mas eles não tinham as letras da região, a obra dos autores importantes e atuais de quem ouviam sobre o sucesso, mas não tinham como lê-los.
Isso me chamou a atenção sobre um fato cada vez mais evidente, a capacidade de aprendizado e de realização das pessoas especiais.
Numa entrevista com deficientes visuais, foi marcante e oportuno o repórter abrir um livro em braile e mencionar que, para ele, aquelas eram simplesmente páginas em branco. Em contrapartida, colocou um livro impresso com texto e desenhos na frente de uma menina cega que, tocando-o, afirmou que também ela tinha diante de si páginas vazias. Mas trocando os livros, a menina cega começou a tatear as páginas em branco com uma rapidez e uma sofreguidão que dava idéia da importância de poder ler.
Isto lembrou-me também de uma outra matéria que vi, com pessoas especiais que, educadas e treinadas, trabalhavam em uma empresa e produziam como qualquer outra pessoa.
O livro em braile e a empresa formada pelas pessoas especiais são apenas uma mostra do que eles, marginalizados e subestimados até agora, são capazes de fazer. Já está na hora de aceitarmos as pessoas especiais, de reconhecermos as crianças especiais como especiais que são, capazes de ensinar-nos a sermos nós, os normais, mais humanos e mais felizes.
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