Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Tenho falado, repetidas vezes, das várias e criativas formas que as pessoas descobrem ou inventam para incentivar o hábito da leitura, incutir o gosto pela literatura no povo brasileiro. Lembro que uma repórter do jornal A Notícia, de Joinville, fez uma experiência, há um ou dois anos atrás, colocando livros em locais públicos e ficando na espreita, para ver a reação das pessoas em relação às obras largadas em bancos de praças, rodoviárias, terminais, etc. Foi muito divertido e revelador.
Então vejo, em meio às catástrofes das enchentes, num dos estados atingidos, uma repórter entrevistando um dos voluntários que mostrava o lugar onde funcionava a recepção e organização de donativos para enviar às regiões onde muitas pessoas perderam tudo e precisavam de toda ajuda necessária. Era uma associação ou uma entidade de ajuda a pessoas necessitadas e no fundo, na parede, havia uma estante com vários livros. O repórter perguntou sobre os livros, objetos inusitados num lugar onde se recebia água, comida, calçados, material de higiene e limpeza. E o voluntário explicou que a entidade recebia os livros em doação e depois os deixava em lugares públicos para que qualquer pessoa que desejasse lê-lo, levasse. Depois de ler o volume levado, deveria deixar de novo em algum lugar público para um próximo leitor pegar.
A ideia não é original, aqui mesmo em Florianópolis existe ou existiu o “Livro em Trânsito”, que consistia em abandonar livros em vários locais pela cidade para que fossem levados pelos leitores que se interessassem em lê-los.
Nos terminais de ônibus daqui, também há estantes com livros e revistas para que os usuários do transporte urbano leve, leia e devolva para que outra pessoa possa levá-lo também, e outra e outra.
O único senão é que algumas pessoas levam e não devolvem. Mas de qualquer maneira a iniciativa de recolher livros que estão guardados, sem que ninguém os abra, para lhes dar sobrevida, para que sejam abertos de novo e lidos de novo já é uma grande coisa.
A nossa educação cultural ainda não é a desejável, mas quem sabe com o acesso à leitura mais democratizado, traduzido nas tantas iniciativas que visam o incentivo ao hábito de ler, acabemos chegando lá. Vamos chegar.
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