Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Num desses programas que mostram costumes e tradições singulares de países vários, vi uma prática que me chamou a atenção. Num país distante – não me perguntem qual, pois infelizmente não lembro – chás de bebês têm um detalhezinho diferente daquele que conhecemos e praticamos aqui no Brasil. As pessoas convidadas que comparecem ao chá dão de presente para o bebê que está para nascer e para os pais – adivinhem o quê? Livros! Isso mesmo: os convidados dão livros de presente, livros que representaram muito na vida de quem os está dando, aqueles considerados os melhores e mais importantes, e que poderão acrescentar algo à vida da criança que está chegando. Não é fantástico?
Ao invés de levar apenas um pacote de fraldas, uma roupa, um brinquedo – que serão consumidos rapidamente – dá-se um presente para a vida inteira.
No Brasil, um grupo de pessoas reúne livros – pede doação, recolhe-os aqui e acolá – e junta obras de vários gêneros para sair à rua, de madrugada, e distribuir àqueles que trabalham à noite ou moram na rua.
Aqui em Santa Catarina, troca-se lixo por livros: os alunos das escolas públicas de algumas cidades recolhem o lixo reciclável, levam-no para a escola, que os vende para usar o dinheiro em benfeitorias nos estabelecimentos. As crianças que levam o lixo recebem, em troca, livros que são impressos por uma empresa patrocinadora, através da Lei Rouanet, livros adequados às idades dos estudantes, diga-se de passagem.
Em Florianópolis e em outras cidades do país, criou-se um projeto que recebe livros em doação e os dispinibiliza em estantes nos terminais de ônibus urbanos, para que os usuários do transporte público possam ler enquanto esperam ou levem os livros e revistas para ler em casa, gratuitamente. Embora o público leitor ainda não corresponda à intenção de rodízio dos livros, não devolvendo o que emprestou, muitas vezes, a iniciativa é boa.
São ideias geniais para incentivar a leitura, começar a formação de novos leitores e, conseqüentemente, tornar mais fácil o acesso ao conhecimento e à viagem nas asas da fantasia e da imaginação.
Eu ousaria sonhar mais, espichar essas boas idéias, apanhando crianças nas periferias das nossas cidades, das áreas mais carentes, onde nem as escolas têm bibliotecas, para levá-las a conhecer e freqüentar uma verdadeira biblioteca. É certo que seria muito melhor levar a biblioteca até elas, e já fiz isso – levei livros meus, do meu acervo particular e também os muitos livros infantis e infanto-juvenis e os didáticos das minhas filhas que já cresceram, - para iniciar bibliotecas em escolas do interior, onde elas não existiam. Mas enquanto as bibliotecas não são realidade em todos os lugares onde há crianças estudando, há a necessidade de que alguns de nós leve essas crianças até onde existam livros para que elas possam usufruir deles.
As ideias são muito boas, tanto a de doarmos os livros que temos em casa e que ninguém abre, para iniciar uma biblioteca numa escola que não a tem, como levar as crianças que não têm acesso aos livros até onde eles estão. O que é preciso para melhorá-las, é colocá-las em execução, como aquele pessoal pioneiro, que de dia pede livros a quem quiser doá-los e de madrugada os leva para aquelas pessoas que trabalham à noite ou que vivem nas ruas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário