Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br
Leio, numa dessas grandes revistas semanais de informação, que o conto, a história curta, volta à cena, depois de permanecer no limbo por mais de duas décadas: passa a ser respeitado e publicado por várias editoras e se transforma no ponto de partida para os novos escritores, aspirantes a autores de romances, novelas, etc.
Não há dúvida que é ótimo o assunto ter merecido atenção e destaque num veículo de tão grande alcance. É muito importante registrar o fato para que todos tomem conhecimento daquilo que o mercado editorial está vivenciando. Particularmente, não vejo o conto como um gênero literário que estivesse em vias de extinção, como a matéria sugere. Sei que sempre foi difícil conseguir uma editora que publicasse um livro de contos, principalmente de autor novo. E a dificuldade também existe e existiu desde há muito tempo para livro de poemas e de crônicas. Mas sei também que as edições próprias ou alternativas se sucederam neste período considerado de decadência do gênero e através delas bons contistas se revelaram e se projetaram. Em Santa Catarina, um bom exemplo disso é Enéas Athanázio, que publicou vários livros de contos, muitos deles as suas próprias expensas, sendo reconhecido como um dos melhores contistas do estado não só aqui, mas por quase toda a comunidade literária do país. E há outros exemplos de sucesso, pelo menos por aqui, na escritura de contos, como Francisco José Pereira. Então, depois de ser relegado a gênero "maldito", por carregar o estigma de "não vender", o conto está aí, mais forte do que nunca, alavancando vendas, como é o caso da coletânea "Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século", que vendeu mais de cem mil exemplares, e também servindo de laboratório para renovação da nossa literatura.
A matéria traz depoimentos de editores e escritores que reconhecem que, apesar de ser mais publicado atualmente, o conto ainda vende pouco. Todos sabemos disso e sabemos também que a causa disso não é só a grande quantidade de oferta para poucos leitores. A qualidade de boa parte do que é publicado não anima o leitor a investir na sua leitura.
O fato é que o conto está resgatando o seu valor e as editoras estão percebendo que ele é um gênero que também pode fazer bonito no concorrido mercado editorial.
Como já disse em outro artigo sobre conto, ele é objetivo, linear, atual. É história curta, rápida, de linguagem quase telegráfica, com apenas um núcleo, com apenas uma unidade dramática e de ação, onde o bom autor vai até o ápice de uma situação.
É um gênero rico e relevante - é a matriz do romance e da novela - porque além de retratar costumes e modo de vida de uma sociedade em um determinado espaço e um determinado tempo, cumpre a função de mudar o comportamento do leitor, criticando, denunciando, sugerindo soluções e chamando a atenção para seus problema s e potencialidades, através de personagens e situações.
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