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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

FIM DE ANO, NOVOS JACATIRÕES


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

A primavera está quase no fim, o verão vai chegando, devagarinho. O calor está aumentando, as chuvas também, e as flores do jacatirão nativo já explodiram em cores. Fui, depois de mais de dois meses, para o norte do Estado e vi as matas à beira das rodovias em Joinville, São Francisco, Joinville, Corupá, Jaraguá do Sul, ponteadas por várias ilhas de vermelho. São os pés de jacatirão nativo, que começaram a florescer no início deste mês de novembro e vão até janeiro, espalhando matizes de vermelho e lilaz por todos os caminhos, por encostas e montanhas.
É a natureza anunciando o verão, enfeitando nossos dias mais quentes e avisando que o Natal e o Ano Novo estão próximos. Que a festa maior da cristandade está chegando, que um Menino mágico vai nascer para nós mais uma vez e, por isso ela, a natureza, começa a festejar bem cedo, para que não esqueçamos de festejar também. De dar as boas vindas ao Menino que vem para o nosso renascimento.
A simplicidade e singeleza do jacatirão, que traduz toda a natureza que nos cerca, não lhe tiram a beleza e a importância de ser ele o arauto do Menino de Belém, que nos dá o supremo privilégio de nascer em nossos corações em mais este Natal.
Algumas pessoas, cegas de coração, olham mas não veem o jacatirão florido, a sua belíssima florescência. E é preciso olhar e ver.

domingo, 28 de novembro de 2010

PEDRAS PRECIOSAS ORNAMENTAM DANÇA DE SALÃO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

As plantas podem se expressar, de maneira rudimentar e limitada, mas podem. Elas se inclinam para crescer na direção do sol, por exemplo, e também se inclinam na direção do som de música clássica.
Se as pedras não fossem inanimadas, será que não manifestariam, quem sabe, sua preferência por música? Não admirariam a plástica e o movimento da dança, já que muitas delas se transformam em joias, obras de arte? De uma maneira ou de outra, as pedras se expressam, pois suas cores, texturas e a possibilidade de dar-lhes formas impressionam nossos sentidos. Existem pedras raras de brilho e valor incomparáveis, que podem emprestar suas qualidades excepcionais para enriquecer a dança.
E a beleza das pedras incorporou-se à dança, dando-lhe cores, sentimentos e emoções, no espetáculo Pedras Preciosas, produzido pelo Ateliê da Dança, academia de Dança de Salão de São José.
A Granada Demantoide, por exemplo, uma das pedras preciosas mais raras, representa, com seu verde, a diversidade da natureza.
A Alexandrita, uma Czarina que tem esse nome porque foi descoberta na época do Czar Alexander II, tem a característica de mudar de cor conforme a iluminação. Integra-se harmoniosamente à arte de bailar, pois a sua mudança de cores é bem semelhante à dinâmica de movimentos da dança.
O Citrino, de um amarelo que o faz poder substituir topázios e safiras, é a pedra da energia positiva, que casa muito bem com a música e a dança, artes que emanam bons fluidos.
A Cianita, de cor azul (mas que pode ser, também, verde e cinza), é translúcida e transparente, tal qual os bailarinos, que através de sua arte, deixam sua alma exposta.
Opala quer dizer pedra preciosa. Tem grande variedade de matizes na mesma pedra, fazendo um jogo de luz e cores, conforme o ângulo de que se olha, como se fora uma dança de raios coloridos. É símbolo de pureza e esperança.
Ametista é a pedra do Dia dos Namorados e a tradição diz que ajuda aqueles que a usam para manter a fé e causar a paz. Por isso combina tão bem com música e dança romântica. É violeta, do mais claro ao mais escurto, indo do translúcido ao transparente.
Canga Rosa é a pedra do perdão e da afetividade. É de cor rosa, mesclando para o branco. Translúcida. Combina com a música e respectiva coreografia que demonstra o relacionamento entre as pessoas. A Água Marinha é a pedra da voz e desde muito tempo atrás é considerada também a pedra do amor eterno. A cor da Água-Marinha varia do verde-azul a azul claro. é uma gema da família do berilo azul. Nada mais oportuno, portanto, do que representá-la com uma coreografia romântica e uma música cantada ao vivo.
O Berilo amarelo é uma pedra de grande poder energético, por isso fortalece o espírito. O zouk é uma dança que o representa muito bem.
O Jade é uma pedra ornamental muito dura, com cor que varia do verde claro ao verde escuro. A sua dureza contrasta com a maleabilidade da dança do ventre. A pérola é produzida pela ostra, em reação a corpos estranhos que invadem o seu organismo, como vermes ou grãos de areia. É valorizada como gema e trabalhada em joalheria. Essa transormação do reino animal para o mineral, esse ecletismo é combinado ao dinamismo da salsa e do merengue.
Então a dança absorve a beleza e a transformação das pedras, suas cores e formas. E não são privilegiadas apenas as pedras preciosas ou semi-preciosas: a brita, pedra britada para uso em concreto para construção, de cor cinza, geralmente, também pode e deve ser representada pela dança.
A dança é um universo muito amplo e multifacetado, totalmente plástico e envolvente, que extrapola o mundo animal, invade o mundo vegetal e vai adentrando pelo mundo mineral. É a vida se espraiando, animando nossos sentidos.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A FESTA DA VIDA

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

É primavera e nesta época temos este espetáculo esfuziante de cores e de vida: o verde brotando em todos os lugares e flores colorindo os caminhos da gente. Dentre tantas flores e tanta cor, uma árvore vestida de luz, grávida do sol, chama minha atenção, em alguns trechos dos caminhos: o ipê, majestoso, ainda se veste de amarelo, irradia beleza e depois, devagarinho, estende um manto dourado aos pés dos caminhantes.
E o inverno, que atrasou um pouquinho, fez com que o ipê convivesse, maravilhosamente, com os pés de jacatirão nativo, que começou a florescer no final de outubro, e cruzasse também com o jacatirão de inverno, o manacá da serra, aquele de jardim, que começou a florescer há bastante tempo e ainda exibe, orgulhoso, algumas flores brancas, lilases e rubras, conseguindo participar desta grande festa da mãe natureza. Ele persistiu e seguiu mostrando suas flores, conseguindo dar as boas vindas ao seu irmão nativo, que tinge de vermelho as florestas e as encostas do norte catarinense, anunciando o verão, anunciando o natal e o ano novo.
O tempo parece ter conspirado com ela, a natureza, para juntar as flores e as cores de árvores tão belas e que têm épocas de floração diferentes, para que em todas as estações tivéssemos beleza desabrochando por esse mundo de Deus. E nós as temos, então, flores que normalmente não se cruzam, num festival inédito que temos o privilégio de ter diante dos olhos.
Isso sem falar das petúnias, onze horas, violetas, marias-sem-vergonha, amores-perfeitos que vicejam pelos jardins em verdadeiros arco-íris.
A festa da vida recomeça e eu festejo a primavera! Renasce a esperança: é a vida sorrindo, música ao vento, poesia no ar. Vai embora, com o inverno, a solidão e a saudade e vem com a primavera o sol, com os seus raios de luz, força e cor, essência de vida do ser humano, pequeno filho da terra, irmão gêmeo da natureza.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

VOCÊ, PAPAI NOEL

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor –Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Vem chegando o Natal. Apesar de ser propalado aos quatro ventos, por políticos e similares, que tudo está bem no Brasil, que o país nunca esteve tão bem, sabemos que não é bem assim. A educação está falida, a saúde na UTI, a segurança pública nunca esteve tão refém do crime e da violência e a pobreza ainda persiste. Há muita gente carente que precisa do apoio daqueles que tem o privilégio de ter pouco mais do que o mínimo necessário, e as crianças de famílias que não podem comprar presentes para seus filhos escrevem carta para Papai Noel, pedindo não só brinquedos, mas coisas necessárias a sua subsistência.
Como já disse em outra oportunidade, podemos ser Papais Noeis, nós, cidadãos comuns, pobres mortais. As cartinhas que crianças e até adultos escrevem para Papai Noel e enviam para um endereço qualquer, como o Pólo Norte, estão à disposição de quem quiser e puder atender um pedido, nas agências do Correio. De qualquer cidade, segundo afirmaram em uma matéria de telejornal, recentemente.
É só a gente passar lá e escolher uma ou mais cartas que estejam pedindo o que podemos dar e levar ao endereço do remetente, para entregar, pessoalmente, o presente a alguma criança ou até mesmo a um adulto.
É um grande presente para nós, doadores do presente a um irmão carente, a satisfação e a emoção de nos sentirmos Papais Noeis, de fazermos o mito virar realidade. De termos e de proporcionarmos um Feliz Natal.
Porque afinal, todos ganhamos um grande presente em todos os Natais: o nascimento do Menino que vem todo ano para lembrar-nos que Ele está conosco. Por que não dividirmos a alegria de recebê-lo e trocarmos presentes entre nós, também filhos de Deus?
Passe no correio de sua cidade, procure pelas cartas dirigidas ao Velhinho do Natal e seja mais um Papai Noel. Cada cartinha escolhida e atendida significa pelo menos duas pessoas felizes.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DIA DO RIO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Hoje é o Dia do Rio. Nada tão oportuno. Este é um dia que deveria ser mais divulgado, para lembrarmos que precisamos proteger nossos rios, ao invés de poluí-los, de envenená-los, de matá-los.
Já existem muitos rios mortos por esse mundo afora, como o Cachoeira, de Joinville. E há urgência não só em cuidar dos rios que ainda estão vivos, mas também em limpar os rios mortos, fazê-los renascer. Porque os rios é que fornecem a água para as nossas cidades, para as nossas casas. Se destruirmos os rios, ficaremos sem água. E sem água potável, não há vida para nós, seres humanos.
Então precisamos parar de jogar lixo nos rios, precisamos parar de jogar esgoto nos rios, tanto doméstico quanto industrial. Vemos esgotos de prédios e de indústrias desembocando nos nossos rios e ninguém faz nada. Nem nós, que deveríamos exigir que fossem tomadas providências, nem o poder público, que deveria coibir tais práticas.
E não é só isso que mata nossos rios. O agrotóxico usado na agricultura escorre para os rios e os contamina. A criação de animais, da agropecuária, quando não trata os rejeitos adequadamente, também contamina os rios, pois tudo acaba sempre escorrendo para um deles.
Mesmo o lixo comum, que acumulamos todo dia, jogados no rio, ou no riacho, acabam colaborando para matar um pouquinho nossos rios.
Há que reflitamos sobre o nosso tratamento aos nossos rios, melhor dizendo, nosso descaso e desrespeito. Se não nos conscientizarmos urgentemente de que devemos preservar nossos rios, não teremos mais água amanhã. O tempo está correndo e temos pouco tempo. Nossos rios pedem socorro. E eles são o nosso socorro. Sem eles não vivemos. Sem água não vivemos. Então eles precisam viver. Precisamos de rios vivos para podermos viver. O futuro sem água não existe.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

VIGÊNCIA DO ACORDO ORTOGRÁFICO EM PORTUGAL

Algumas semanas atrás, publiquei aqui crônica sobre nota no Diário Catarinense sobre a vigência do Acordo Ortográfico dos países que tem como língua oficial o português. A nota dava algumas informações contraditórias e então anexei a lei sobre o assunto, publicada no Diário Oficial de Portugal, o que também não esclareceu muito, pois é um pouco confuso. Um estudioso português leu a crônica e me enviou mensagem com dados do seu blog comentando o mesmo assunto. Então, para esclarecimento, publico o artigo:


A entrada em vigor do Acordo Ortográfico — 20 argumentos para 1 resposta

João Roque Dias (Lisboa)

Na sequência da publicação de um aviso do Ministério do Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal em que se define a data de 13 de Maio de 2009 como a de entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990 em Portugal, o tradutor João Roque Dias assina aqui um texto em que levanta dúvidas sobre a validade desse documento e dessa data.
No Diário da República, 1.ª série — N.º 182 — 17 de Setembro de 2010, foi publicado o
Aviso n.º 255/2010 do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Saltando rapidamente para o último parágrafo, lemos que o acordo ortográfico (AOLP) entrou “em vigor para Portugal nesta data”, i. e., 13 de Maio de 2009.
Isto é, a 17 de Setembro de 2010 (data da publicação do aviso no Diário da República), o Governo português informou, pela via oficial, que o AOLP tinha entrado em vigor 1 ano, 4 meses e 4 dias ANTES.
E será mesmo assim? Afinal quando entrou em vigor o AOLP em Portugal? Para responder a esta pergunta, basta ler os documentos do acordo ortográfico e mais umas leis portuguesas, uma das quais a própria Constituição Portuguesa.
Comecemos então por ler o aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal.NOTA: como o AOLP é um tratado internacional, de que Portugal é o Estado depositário (alguém tem de guardar a papelada), é, de facto, ao MNE que compete manter o expediente e o calendário do acordo ortográfico e deles dar conta aos cidadãos portugueses e aos restantes Estados signatários.
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Ministério dos Negócios Estrangeiros
Aviso n.º 255/2010
Por ordem superior se torna público que tendo a República Federativa do Brasil e a República de Cabo Verde procedido, em 12 de Junho de 2006, ao depósito dos instrumentos de ratificação do Acordo do Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, adoptado em São Tomé e Príncipe em 25 de Julho de 2004, e tendo a República Democrática de São Tomé e Príncipe efectuado o respectivo depósito em 6 de Dezembro de 2006, o referido Acordo do Segundo Protocolo Modificativo entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2007, nos termos dos seus artigos 1.º e 3.º, que alteraram o artigo 3.º do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1).
Por parte de Portugal, o Acordo do 2.º Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 35/2008, tendo sido ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 52/2008, ambos publicados no Diário da República, 1.ª série, n.º 145, de 29 de Julho de 2008 (2). O depósito do respectivo instrumento de ratificação foi efectuado em 13 de Maio 2009 (3), tendo o referido Acordo entrado em vigor para Portugal nesta data (4).
Direcção-Geral de Política Externa, 13 de Setembro de 2010. — O Director-Geral, Nuno Filipe Alves Salvador e Brito.
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20 ARGUMENTOS PARA UMA RESPOSTA:
1. Nos termos da nota (1) acima, tudo está de acordo com o Acordo do 2.º Protocolo Modificativo do AOLP, que estipula: «3 — Estabelecer que o presente Protocolo Modificativo entrará em vigor no 1.º dia do mês seguinte à data em que três Estados-membros da CPLP tenham depositado, junto da República Portuguesa, os respectivos instrumentos de ratificação ou documentos equivalentes que os vinculem ao Protocolo.»
Isto é, como o último dos 3 depósitos dos instrumentos de ratificação (por parte de São Tomé e Príncipe) foi realizado a 6 de Dezembro de 2006, o AOLP entrou em vigor — para os Estados que o tivessem ratificado até 31 de Dezembro de 2006 — a 1 de Janeiro de 2007.
2. Nos termos da nota (2) acima, os factos e datas indicados são factuais e não necessitam de mais comentários.
3. Nos termos da nota (3) acima, a indicação da data do depósito do instrumento de ratificação do Acordo do 2.º Protocolo Modificativo (13 de Maio de 2009) é da responsabilidade do Governo, sendo o Aviso n.º 255/2010 o instrumento jurídico necessário para definir tal cumprimento por parte de Portugal.
4. Nos termos da nota (4) acima, o Governo dá fé de o AOLP ter entrado em vigor nesta data, i. e., a 13 de Maio de 2009. Ora, a referida nota não poderia indicar esta data como a da “entrada em vigor” do acordo ortográfico.
5. E, facto estranho, o depósito da ratificação do acordo do 2.º protocolo modificativo ocorreu apenas a 13 de Maio de 2009, ou seja, 9 meses e 14 dias após a publicação do decreto de ratificação pelo Presidente da República.
6. E, facto ainda mais estranho, disso só informa os cidadãos 1 ano, 4 meses e 4 dias depois!
7. Ora, a Constituição Portuguesa estipula o seguinte, no seu artigo 119.º, ponto 1.b: «São publicados no jornal oficial, Diário da República: As convenções internacionais e os respectivos avisos de ratificação, bem como os restantes avisos a elas respeitantes.»
8. E a Constituição Portuguesa diz também no n.º 2 do mesmo art.º 119: «A falta de publicidade dos actos previstos nas alíneas a) a h) do número anterior e de qualquer acto de conteúdo genérico dos órgãos de soberania, das regiões autónomas e do poder local, IMPLICA A SUA INEFICÁCIA JURÍDICA.»
9. Também a Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, alterada pelas Leis n.ºs 2/2005, de 24 de Janeiro, 26/2006, de 30 de Junho, e 42/2007, de 24 de Agosto, estipula que (art.º 1-1) «A EFICÁCIA JURÍDICA dos actos a que se refere a presente lei DEPENDE DA SUA PUBLICAÇÃO NO DIÁRIO DA REPÚBLICA».
10. Nos termos do parágrafo anterior, os actos referidos na lei mencionada são (art.º 3.º 1-b) «As convenções internacionais, os respectivos decretos presidenciais, os avisos de depósito de instrumento de vinculação, designadamente os de ratificação, e demais avisos a elas respeitantes».
11. Temos assim duas leis, a Constituição Portuguesa e uma lei em vigor, que estipulam, sem margem para dúvidas ou interpretações enviesadas, que o depósito da ratificação do Acordo do 2.º Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa por parte de Portugal:
a) é de publicação obrigatória no Diário da República;
b) apenas adquire eficácia jurídica pela sua publicação no Diário da República.
12. Só pode de facto assim ser! Afinal, estando o Governo obrigado a publicar oficialmente os actos próprios da sua administração, como se poderia saber da sua existência, senão através de tal publicação? Apenas o Governo português sabe quando efectuou o depósito do instrumento de ratificação do Acordo do 2.º Protocolo Modificativo do AOLP. Mas nós, e os restantes Estados signatários do AOLP, apenas ficamos a saber que tal acto foi realizado depois da publicação de tal informação no Diário da República. Sem isso, o acto não existe, ou, como dizem a Constituição e a Lei, é JURIDICAMENTE INEFICAZ.
13. A “entrada em vigor” (redacção utilizada no Protocolo Modificativo) só pode ter EFICÁCIA JURÍDICA nos termos definidos pela Constituição Portuguesa e pela Lei n.º 74/98. Afinal, a “entrada em vigor” pode ter diversas vias nos outros Estados signatários do AOLP. Em Portugal, é EXCLUSIVAMENTE pela publicação no Diário da República!
14. Logo, a entrada em vigor do AOLP adquiriu eficácia jurídica APENAS na data da publicação em Diário da República do acto necessário para tal: o aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros dando fé do depósito do instrumento de ratificação do Acordo do 2.º Protocolo Modificativo por parte de Portugal. Tal data é 17 de Setembro de 2010.
15. E, face ao exposto, como pode o Sr. Director-Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros declarar no aviso que assinou ter o AOLP entrado em vigor na data do depósito da ratificação do Acordo 2.º Protocolo Modificativo, i. e., 13 de Maio de 2009, sem estar cumprido o requisito legal para tal acto ter adquirido a necessária eficácia jurídica?
16. Regista-se, ainda, o facto de a publicação ter ocorrido 1 ano, 4 meses e 4 dias depois da ocorrência do acto a que se refere!
17. Tal publicação poderia ter ocorrido a 14 de Maio de 2009 (i. e., no dia a seguir ao depósito do instrumento de ratificação). Por razões que apenas o Governo pode explicar, a publicação do acto ocorreu apenas 1 ano, 4 meses e 4 dias DEPOIS. E é verdade que tal publicação é uma exigência para a aquisição da eficácia jurídica do acto a que se refere!
18. Sobre o período de transição para a entrada em vigor efectiva das disposições do AOLP, o Decreto do Presidente da República n.º 52/2008, publicado no D. R. a 29 de Julho de 2008, no art.º 2.º 2. (Declaração), estipula que «No prazo limite de seis anos após o depósito do instrumento de ratificação do Acordo do 2.º Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, a ortografia constante de novos actos, normas, orientações, documentos ou de bens referidos no número anterior ou que venham a ser objecto de revisão, reedição, reimpressão ou de qualquer outra forma de modificação, independentemente do seu suporte, deve conformar-se às disposições do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa».
19. Ora, adquirindo o Acordo do 2.º Protocolo Modificativo eficácia jurídica apenas a 17 de Setembro de 2010, o prazo limite de seis anos referido no decreto de ratificação do Presidente da República decorre até 17 de Setembro de 2016. Como poderia, afinal, um prazo limite para obter o propósito definido numa lei ser contado a partir de uma data em que essa lei não tinha, ainda, adquirido eficácia jurídica?
20. E quem estipula tal data é a Constituição da República Portuguesa e a Lei n.º 74/98, de 11 de Novembro, alterada pelas Leis n.ºs 2/2005, de 24 de Janeiro, 26/2006, de 30 de Junho, e 42/2007, de 24 de Agosto.
Comentário final: e faz algum sentido o Governo declarar a entrada em vigor de uma lei (ainda que em data errada), sem estar cumprido um requisito fundamental dessa mesma lei, a preparação do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa, nos termos do art.º 2.º do AOLP?

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

QUEM FALA O QUE NÃO DEVE...

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

O dono da verdade do Jornal do Almoço da RBS, Prates, foi um dos campeões da You Tube, mas por dizer asneira no ar. Não é de agora, ele já falou muita sandice no decorrer de todo este tempo que ele está ali, mas desta vez a coisa pegou. Ele disse, entre outras coisas, que “qualquer miserável pode ter carro”, por causa da facilidade de financiamento que existe, atualmente. Isso é preconceito. E ele é cheio de preconceitos bestas, parece meio (meio?) nazista e vive metendo os pés pelas mãos. Ele sabe tudo sobre tudo. E sabemos que quem pensa que sabe tudo sobre tudo, não sabe nada.
O caso foi parar no Senado. O amigo corre o risco de ser processado, ou a RBS deverá responder pela batatada do seu “jornalista”.
Saiu até na revista Época. E faço questão de esclarecer: ele trabalha na RBS de Santa Catarina, mas não é catarinense, não. Ele é gaúcho. Quem fala o que não deve, ouve o que não quer.

domingo, 21 de novembro de 2010

COMPUTADORES NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

No início do ano letivo de 2010, uma escola pública de Florianópolis, então a única do Estado, recebeu cerca de quinhentos laptops para os professores e alunos de primeira a sexta séries. A escola básica Aricomedes da Silva teve o privilégio de ser uma das primeiras escolas do país a receber os computadores portáteis, enviados pelo Ministério da Educação, para seus estudantes. Além de usar em sala de aula, em substituição a livros e cadernos, os alunos podiam levar o aparelho para casa, estudar e pesquisar, já que usando um computador, não há necessidade de escrever/anotar nada em cadernos, pois tudo está registrado em programas de informática, livros digitalizados e processadores de texto.
O projeto era auspicioso, verdadeira inclusão digital de escolas públicas que, de outra maneira, nunca poderiam oferecer tal tecnologia aos seus alunos, filhos de pais de classe média a baixa. Na época, haviam apenas seis escolas no Brasil que estavam iniciando o projeto, mas a previsão era de que, até o final deste ano, trezentas delas tivessem recebido computadores para seus alunos e professores.
Não vi mais nenhuma notícia a respeito, por isso não sei se a previsão se concretizou. Tenho minhas dúvidas e se houvesse uma maneira de conferir seria bom. Num ano de eleições, quando todas as “verbas” são usadas para eleger os “políticos” de plantão...

sábado, 20 de novembro de 2010

LEITURA PARA JOVENS

Por Luiz Carlos Amorim - Escritor - Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Li uma nota em um jornal, recentemente, a respeito do reflexo positivo do sucesso de livros como aqueles das aventuras do bruxinho Harry Poter, na leitura de nossos jovens, adolescentes e pré-adolescentes. Achei oportuno o tema, pois tudo o que colaborar para que nossos jovens leiam mais, gostem de ler, adquiram o hábito da leitura, é muito salutar.
E a afirmação é verdadeira, pois desde as crianças que liam a coleção de textos infantis e infanto-juvenis de Monteiro Lobato, nunca se viu tantos leitores de pouca idade lerem tanto. Quase sempre as crianças tiveram medo de livros com muitas páginas, mas com o surgimento de livros como os de Harry Potter, isso mudou bastante: pequenos leitores tem enfrentado bravamente os romances com trezentas, quatrocentos páginas, lendo com avidez e prazer até o fim.
Outros livros de aventuras, desenroladas em mundos terríveis e fantásticos, totalmente desvinculados da nossa realidade, de outros autores, mas no estilo das histórias de Harry Potter vêm vendendo milhares de exemplares pelo mundo afora. É o caso da saga “O senhor dos Anés”, de J. R. R. Tolkien, de “As Crônicas de Nárnia”, de C. S. Lewis, da coleção “Memórias de Idhún”, da espanhola Laura Gallego Garcia, a saga Crepúsculo, etc.
Esses livros e outros mais estão fazendo com que leitores muito jovens comecem a lê-los e não parem até terminá-los. Mas não são só os estrangeiros que fazem boa literatura para incutir o gosto pela leitura nos leitores jovens. Já disse isso em relação à literatura infantil e repito em relação à literatura juvenil: existem bons autores brasileiros que têm ótima produção de novelas e romances para gente jovem. Como Ana Maria Machado, como Cecília Meireles, Ganymedes José, Lygia Bojunga, Pedro Bandeira, Elias José, Domingos Pelegrini, Lya Luft, Apolônia Gastaldi, Else Sant´Anna Brum e tantos outros.
Autores que escrevem histórias fantásticas-maravilhosas, histórias de ação, histórias didáticas, histórias do cotidiano, de amor e de vida, com altas doses de fantasia, imaginação e criatividade.
Como o clássico Lobato, que tem a coleção de toda a sua obra sendo relançados. Boa oportunidade para quem não leu ainda o mestre, seja jovem ou não.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O SUCATEAMENTO DA EDUCAÇÃO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

E o fiasco do Enem continua a espichar a irresponsabilidade do MEC – Ministério da Educação e Cultura, desse nosso governo tão preocupado com a educação neste Brasilzão de Deus, que faz um exame nacional sem conferir a sua elaboração e sem ver a prova da gráfica para autorizar a impressão.
Primeiro, foi a suspensão do Enem por Juíza Federal do Ceará, derrubada pelo Tribunal Federal. Depois, outra decisão da mesma juíza dando o direito a todos aqueles estudantes que foram prejudicados com as trapalhadas nas provas, de prestarem de novo os exames, também foi derrubada hoje, agora à noite.
Que exame é esse que se transformou numa bagunça e agora querem que ele valha? Que país é esse, que Ministério da Educação é esse que não teve um mínimo de cuidado com o exame, nem com a elaboração nem com a impressão, como todos viram, e agora “não quer ter mais despesas desnecessárias” para corrigir os erros absurdos?
O juiz que derrubou as decisões da juíza do Ceará ressalta, em sua sentença de hoje, “ser inadmissível que paixões a teses jurídicas venham aflorar e contaminar o Judiciário, trazendo insegurança para milhões de jovens atônitos à espera da definição das respectivas situações escolares.” Ora, a insegurança foi causada justamente por quem aplicou a prova, ou seja, o Ministério da Educação. Que não parece estar minimamente preocupado com o estresse dos estudantes, com a incerteza que paira sobre o resultado dos exames prestados, com a indefinição e irresponsabilidade no que diz respeito ao seu esforço e dedicação em estudar para tentar conseguir uma vaga na universidade. A incompetência de quem gerencia a elaboração das provas, a impressão e a aplicação é patente e não é de agora.
Será que isso vai mudar algum dia? Essa coisa de sucatear cada vez mais a educação deste país, de maneiras diversas, já está dando muito na vista. Lembram a mudança no Ensino Fundamental, quando mudaram a sua duração de oito para nove anos? Pois é, mas não foi só isso: mudaram também o sistema de alfabetização, que sempre deu certo, para um outro que faz com que alunos cheguem ao segundo, terceiro, quarto anos sem saber ler e escrever.
E, como já disse antes, não é só a educação – a saúde, a segurança pública e até a justiça – neste caso, atrelada ao MEC, também estão falidos.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

CRUZ E SOUSA, 149 ANOS



Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Cruz e Sousa, o maior simbolista brasileiro, completa cento e cinquenta anos do seu nascimento no próximo ano, 2011. No rastro das comemorações desse marco, foi lançado hoje, na UFSC, aqui em Florianópolis, o livro “Cruz e Sousa, o Poeta Alforriado”.
Segundo a divulgação – eu não li o livro – trata-se de um biografia romanceada, com o objetivo de resgatar a memória do grande poeta catarinense que não foi reconhecido em vida.
Isso me lembra o nosso saudoso Lauro Junkes. Ele não falou nada a respeito, mas tenho quase certeza de que estava preparando alguma obra sobre Cruz e Sousa para lançar no próximo ano. Lauro era um estudioso dos grandes escritores da terra e, se não tivesse ido para o andar de cima, fazer companhia a Quintana, Coralina, Delfino e outros, teríamos, sem dúvida, mais um trabalho seu sobre o Cisne Negro.
Que continuemos divulgando Cruz e Sousa, não só em Santa Catarina, mas em todo o Brasil, para que nossos leitores em formação saibam quem ele foi, para que conheçam a grandiosidade da sua obra.


SAUDADES DE CRUZ E SOUSA
(Luiz Carlos Amorim)

A poesia catarina
tem um nome:
Cruz e Sousa.
A nossa poesia tem cor:
tem a cor da sua pele,
a cor alva dos seus dentes,
tem a cor do seu olhar,
tem a cor da sua alma,
a cor do seu coração;
tem todas as cores.
A poesia tem idade,
a idade da saudade:
mais de cem anos
sem o poeta...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

EM DEFESA DA CIDADE DAS CACHOEIRAS


Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/


Alguém se lembra da Pequena Central Hidrelética de Corupá, que se construída, diminuiria consideravelmente a vasão de uma das cachoeiras mais bonitas e mais visíveis da cidade, a Bruaca, que é vista quando se está chegando no Vale das Águas?
Isso, além de outros males, como interferência na natureza, ameaça de extinção de animais da região, risco de enchentes em Corupá no caso de rompimento da hidrelética, etc.
Até agora a PCH não saiu, mas para evitar que ela venha a ser construída, foi fundada a Associação de Desenvolvimento Socioambiental Corupaense (ADESC), sucedendo o movimento SOS Bruaca. A finalidade maior da associação é trabalhar pela defesa, preservação, recuperação e manejo sustentável do meio ambiente, dos recursos naturais, dos bens e valores culturais, objetivando a melhoria da qualidade de vida.
A ADESC pretende participar efetivamente da fiscalização e da aplicação da legislação ambiental em vigor, conforme a diretoria da associação.
E é isso que Corupá precisa, que sejam reunidos todos os cidadãos que lutaram, no movimento SOS Bruaca, pela não instalação da hidrelétrica que não traz nenhum benefício para a cidade, pelo contrário, para que continuem o trabalho de defesa da Cidade das Cachoeiras.
Não se falou mais da PCH, não fiquei sabendo se a Fatma emitiu um relatório final sobre a concessão ou não da licença ambiental para a construção da malfadada PCH. Esperemos que a vontade dos cidadãos corupaenses seja levada em conta.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

PELOS CAMINHOS DO MAR

Em uma visita ao professor Lauro Junkes, pesquisador e crítico literário mais atuante em Santa Catarina, com um trabalho constante e sério, sempre divulgando as letras do estado, seja a obra de novos escritores ou de autores consagrados, ganhei um grande presente. Foi engraçado, pois fui cobrar um presente que ele me prometera e ele me deu mais outros. O presente que não havia sido prometido é o livro “Caminhos do Mar” - Antologia Poética Açoriano-Catarinense. Corria o ano de 2005.
Reputo de grande importância essa integração de poetas catarinenses com os poetas de além-mar, porque afinal de contas, foram eles que trouxeram para cá a nossa língua, a língua portuguesa. A única língua, aliás, que tem a palavra saudade.
Mas não me surpreende que tenha sido o professor Lauro a estar a frente do grupo que organizou a antologia luso-catarinense. Incansável, além das inúmeras resenhas sobre a obra de quase todos os escritores de Santa Catarina – e de outras plagas, também – ele tem algumas dezenas de livros publicados sobre literatura, foi o presidente da Academia Catarinense de Letras, numa gestão das mais atuantes e tem resgatado a obra de grandes nomes da literatura de nosso estado, republicando suas obras. Ele organizou e publicou, por exemplo, a obra de Luiz Delfino, o grande lírico da poesia brasileira, o segundo maior poeta catarinense, ficando apenas atrás de Cruz e Sousa. São mais de 1.300 (mil e trezentas) páginas, divididas em dois volumes: “Poesia Completa – Sonetos” e “Poesia Completa – Poemas Longos”.
O professor Lauro publicou, também os Contos Completos de Virgílio Várzea, em dois volumes, a Poesia Reunida de Maura Senna Pereira, o Teatro escolhido de Horácio Nunes Pires. E mais resgates de obras importantes estavam sendo feitos e seriam publicados, não fosse a morte do escritor e pesquisador recentemente.
Ele já havia escrito “Açores – Travessias”, mostrando a influência da cultura açoriana sobre escritores catarinenses, como Almiro Cadeira, Flávio José Cardoso, Virgílio Várzea, Othon D´Eça e Franklin Cascaes. O livro analisa as obras dos cinco escritores, destacando a sua ligação com a cultura açoriana. “Açores – Travessias” foi lançado, em meados de 2005, no evento Travessias - Encontro de Escritores Atlânticos - Açores-Brasil, que tinha o objetivo de estabelecer, pela primeira vez, um diálogo entre autores dos dois lados do Oceano, açorianos e catarinenses. Então, por tudo o que já fez pela literatura até aqui, não me surpreende que Lauro Junkes tenha se juntado a outros escritores, catarinenses e portugueses, para organizar a antologia poética açoriano-catarinense.
Na antologia encontramos, na primeira parte, poetas do Arquipélago dos Açores: Antero de Quental, Roberto de Mesquita, Armando Côrtes Rodrigues, Vitorino Nemésio, Pedro da Silveira, Eduíno de Jesus, Madalena Ferin, Emanuel Félix, José Martins Garcia, Álamo Oliveira, J. J. Santos Barros, Vasco Pereira da Costa e outros.
Na segunda parte, temos os Poetas da Ilha de Santa Catarina: Marcelino A. Dutra, João Silveira de Souza, Luiz Delfino, Lacerda Coutinho, Delminda Silveira, Cruz e Sousa, Araújo Figueiredo, João Batista Crespo, Othon D´Eça, Maura Senna Pereira, Aníbal Nunes Pires, Júlio de Queiroz e outros.
Um documento que perpetua a sensibilidade, emoção, lirismo, estilo e criatividade de poetas catarinenses e portugueses.

domingo, 14 de novembro de 2010

VISITANDO O ZOOLÓGICO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Dia destes, meu sobrinho me levou ao zoológico de Balneário Camboriú, que na verdade chama-se Parque Cyro Gevaerd. A última vez que fui lá minhas filhas ainda eram pequenas, então eu já nem lembrava mais como era.
O mantenedor do Parque seria a Santur e diz-se que ele é um dos mais completos do Estado. Eu discordo, pois acho que o de Pomerode é maior, pelo menos em número de bichos. Mas é muito interessante, abriga várias espécies de animais e plantas e tem até um museu, com Sala de Fauna Marinha, Sala de Arqueologia, Sala de Fauna Terrestre e Salda de Morfologia Óssea. Até sambaquis estão lá preservados.
O parque está dividido em várias seções, como Mundo das Aves, Terrário Aquário, Tartarugário, Museu Oceanográfico e Arqueológico, do Pescador, Minicidade e minifazenda.
Gostei muito do Mundo das Aves, com grande variedade de pássaros e bem cuidado, ainda que houvesse algumas gaiolões vazios, com o mato crescendo dentro. O Aquário também é interessante, embora haja alguns nichos vazios e faltasse informação sobre os peixes e moluscos, no corredor, além de haver trechos muito escuros. A Minicidade é uma maquete muito antiga e talvez o lugar onde ela está pudesse ser ocupado por outra atração.
Aliás, espaço é o que não falta no Parque. A Minifazenda é um exemplo disso. Tem poucos animais e muitas baias vazias, com o mato crescendo dentro delas. Um cavalo que existe lá parece estar doente, pois deita no chão e parece morto. Mas tem também tigres, lhamas, leões, jacarés, emas, avestruzes, maçados, etc.
No geral o passeio é bom, há o que se ver, mas também há coisas que não deveríamos ver. A Santur, ou o Instituto Catarinense de Fauna e Flora, que segundo um banner na entrada é quem administra o parque desde 2007 e deve ser uma empresa do Estado, precisa cuidar melhor do parque. Além do que já comentei, a cobertura de metal logo na entrada do parque, onde fica a bilheteria, está com os canos de sustentação tão podres em alguns pontos que alguns já estão soltos. Aquela estrutura ameaça vir abaixo.
O Zoo de Balneário Camboriú é necessário, é muito importante que tenhamos um parque como aquele, para levar nossos filhos e netos, que moram, a maioria, em apartamentos e não conhecem nem uma galinha. Não sei se o ingresso que os visitantes pagam para visitá-lo é suficiente para mantê-lo, mas se não é, o Estado precisa contribuir para que ele seja melhor cuidado. Há animais em estado duvidoso, lá, que deveriam ter melhor assistência.

sábado, 13 de novembro de 2010

RESUMOS

Por Luiz Carlos Amorim – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Descobri, em uma papelaria perto de casa, um volume da coleção “Clássicos da Literatura Brasileira”. Até aí, tudo bem. Acontece que o livro, “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, era muito fininho, apenas cinquenta páginas. Fui verificar como fizeram para colocar a obra do mestre, encorpada, em tão poucas páginas. Então vi, abaixo do título, em letras pequenas, “versão resumida”.
A coleção, de resumos de clássicos que caem nos vestibulares, vinte deles, como “Helena”, de Machado de Assis, “Iracema”, de José de Alencar, “A moreninha”, de Joaquim Manoel de Macedo, “Casa de Pensão”, de Aluísio de Azevedo e outros, traz também biografia do autor, análise da obra do autor, um pouco da escola literária em que o livro abordado se enquadra, alguns capítulos integrais da obra.
Muita informação, boa informação, mas a coleção peca por entregar aos estudantes um resumo de cada livro. Precisamos incentivar nossos estudantes a lerem os livros na íntegra, não apenas resumos, orelhas e prefácios, que não dão a real dimensão nem da obra, nem do estilo do autor e outras peculiaridades.
Se toda a informação complementar que contém essa coleção viesse num volume com a obra integral, aí sim, o estudante estaria bem servido, pois conheceria o clássico literário na sua totalidade, mais complementos que o ajudariam a compreender melhor a peça literária e o autor.
Calculo que a coleção não tenha alcançado sucesso, apesar do apelo fácil do tudo em um, pois o preço de capa é R$ 4,99 e eu comprei por R$ 1,99. E o preço original é alto, diga-se de passagem, pois por cinco reais podemos comprar edições não muito sofisticadas de cada um dos livros focalizados na coleção, até por menos.
Para conhecermos um livro, para termos opinião própria sobre uma obra, precisamos lê-la na íntegra. Então qualquer outro recurso, seja ele resumo, adaptação para o teatro, etc., deve servir apenas para incentivar o estudante/leitor a procurar ler cada obra na sua totalidade.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

LIVROS "EMPRESTADOS"

Por Luiz Carlos Amorim – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Hoje foi publicada, num jornal aqui de Florianópolis, um trecho da crônica na qual eu elogiava o Projeto Floripa Letrada, que consiste em estantes nos terminais de ônibus urbanos com livros e revistas à disposição dos usuários. Eu havia passado por um terminal e havia livros nas estantes, havia gente abastecendo de livros os pontos do projeto e fiquei feliz, pois já tinha visto aquilo bagunçado, sem livros, abandonado ao léu.
Pois o texto saiu bastante tempo depois de eu tê-lo enviado. Já passei pelo terminal de novo e encontrei de novo as estantes sem livros, com apenas algumas revistas espalhadas.
O problema não é só o abastecimento das estantes, que depende de doações. O poder público, que criou o projeto, não está comprando livros. E apesar de as doações serem bem generosas em quantidade – nem tanto em qualidade, pois tenho visto muito livro antigo, lá – a verdade é que os livros são “emprestados” pelos usuários do transporte coletivo, mas não são devolvidos, na grande maioria, quase totalidade.
Então peço que, se alguém que emprestou livro do Projeto Floripa Letrada, está lendo esta crônica, por favor leve o livro de volta e o coloque na estante para que outra pessoa possa usufruir dele.
E peço às pessoas que têm livros em casa, já lidos e guardados, às vezes sem lugar na estante, escondidos dentro de armários e gavetas, por favor, levem-nos para o projeto, ou para uma biblioteca de escola, para um lugar onde eles possam ser lidos de novo. Por que o livro só existe a partir do momento que o seu conteúdo está sendo recriado, está sendo lido.
Vou reunir tudo os livros que eu puder, vou pedir até a amigos, e vou chamar o pessoal do projeto para pegar e abastecer as estantes do projeto. Já doei muito livro para bibliotecas de escolas, para campanhas de livros e não custa fazê-lo de novo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

AS CANÇÕES INFANTIS E OS ANIMAIS

Em uma crônica anterior, um tanto polêmica, falei das canções infantis tradicionais, aquelas que vem sendo cantadas por crianças de sucessivas gerações, o que me lembra outra crônica, mais polêmica ainda, sobre as fábulas, os contos de fadas importados e antigos que encantam nossas crianças.
O tema foi polêmico, porque mencionava as letras de canções como "Atirei o pau no gato", "O Cravo brigou com a rosa" e outras mais, onde encontramos cenas de violência em cima de músicas gostosas e cadenciadas. Recebi muitas mensagens, de pessoas que concordavam, de outras que nunca tinham parado para pensar mas perceberam que realmente havia alguma coisa e de outras que achavam que era exagero.
Achei ótimo ter provocado uma discussão a respeito e essa discussão ter resultado em mudanças, que podem ser até localizadas, mas que já começaram a acontecer. E o melhor resultado disso foi uma matéria em um programa na TV a cabo, atingindo todo o país, sobre as inovações implantadas nas conhecidas canções infantis por professores e educadores aqui de Florianópolis. E o programa tem o poder de difundir a idéia, de disseminar a novidade.
A matéria mostrava educadores de crianças na pré-escola, cantando com seus alunos aquelas mesmas famosas canções infantis que tínhamos denunciado pelo conteúdo aparentemente inocente, embora tendendo à violência, mas com letra reescritas, repensadas. Politicamente corretas, como disseram, termo que eu nem considero muito simpático, embora talvez seja apropriado.
"Atirei o pau no gato" ficou mais ou menos assim: "Não atirei o pau no gato / porque isso não se faz / O gatinho é nosso amigo / Não devemos maltratar os animais / Jamais!" E "O cravo brigou com a rosa..." está sendo cantado assim: "A rosa deu um remédio / e o cravo logo sarou / O cravo foi levantado / E a rosa o abraçou." Não ficou melhor? Transmite uma mensagem positiva e a música continua gostosa e vibrante.
O "boi da cara preta" virou "boi do Piauí" e por aí vai. As crianças gostaram, pois perguntadas pela reportagem, disseram que preferiam as novas versões, como "NÃO atire o pau no gato" e explicaram o porquê.
Uma doutora em educação, perguntada a respeito pela repórter, disse não concordar porque acha exagero pensar que as crianças possam ser influenciadas pelas letras das músicas. Eu peço licença para discordar, porque as próprias crianças já responderam a ela, crianças de dois, três, cinco anos. Quando pediram a elas que justificassem porque preferiam as novas versões, responderam que não se deve maltratar nenhum animal, nenhum ser vivo, nunca. Então não é correto dizer que as crianças não prestam atenção ao conteúdo das letras. Elas entendem, sim, e até copiam. Elas são pequenos discos rígidos vazios que gravam tudo.
Melhor se pudermos passar-lhes boas mensagens, para que sejam adultos mais responsáveis amanhã.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

NÃO SOMOS CACHORROS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Hoje não vou falar do Enem, embora eu e todo o resto do Brasil estejamos indignados com o “presidente” Lula, que vem a público dizer que o exame foi um sucesso total e indiscutível, apesar de toda o desastre, o fiasco em que ele foi transformado, em detrimento de milhares de estudantes.
Quero falar de uma apresentação que recebi da minha amiga Márcia (http://marciavilarinho.blogspot.com), sobre cães. São fotos belíssimas de cães de todos os tipos, com pensamentos e máximas de famosos e de anônimos. Numa época em que a crueldade com os cães chega a níveis intoleráveis, como tivemos a infelicidade de comprovar, quando queimaram a cadela Pedra VIVA e o pobre animal sofreu quatro dias até morrer e quando, dias depois, em outra cidade do Estado, amarraram outro cão a uma moto e saíram arrastando o infortunado animal. O ser humano está cada vez menos humano, a violência aumenta e se alastra cada vez mais.
Um dos pensamentos da apresentação, então, me chamou a atenção mais do que os outros, pois comparava justamente nós, seres humanos, com os cães: “Não me chame de cachorro. Não mereço tão alto qualificativo. Não sou tão fiel nem tão leal... Sou só um ser humano.” Não é a máxima das máximas? Não há, mesmo, nada mais fiel e leal do que nosso cão. E nós os maltratamos, abandonamos, nós até os matamos. Não há registro da autoria do texto, mas ele devia estar em out-doors por todas as ruas de todas as cidades, nas páginas dos jornais, no rádio e na televisão.
Outros pensamentos, dos vários, também são profundos e verdadeiros: “ Um cão é a única coisa na terra que te amará mais do que tu amas a ti mesmo” – Josh Billings; “Quando você abandona um cão porque já ‘não lhe serve’, seus filhos aprendem a lição. Talvez façam o mesmo quando você ficar velho. Pense nisso”; “Amor é quando seu cão lhe lambe a cara, ainda que você o deixe só o dia inteiro” – Anita, 4 anos; “Podes julgar o coração de um homem segundo ele trata os animais” – Kant; “É vergonhoso que, sendo o cão o melhor amigo do homem, seja o homem o pior amigo do cão” – Eduardo Lamazón; “A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pela forma como seus animais são tratados.” – Gandhy.
Essas não são palavras jogadas ao léu, devíamos refletir, e muito, sobre elas. Talvez consigamos, ainda, resgatar nosso lado mais humano e tentar, quem sabe, nos equipararmos aos cães.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

OUTRO ENEM SUSPENSO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

E o os organizadores do Enem – Exame Nacional do Ensino Médio, que não se presta mais à avaliação do ensino praticado pelas escolas brasileiras, transformou-se em aspirante à substituto do vestibular, pois as notas são usadas para ingresso na universidade – deram atestado de incompetência, de novo.
Provas com questões repetidas, faltando questões, etc., etc., fizeram o exame ir parar na justiça, e já existe até uma suspensão da prova, por juíza da Sétima Vara Federal do Ceará, a pedido do Ministério Público.
O MEC está descuidando demais deste exame, que representa o ingresso na universidade para os formandos do segundo grau por todo o Brasil, ou não está dando o devido valor a uma prova que deveria ser cuidada com o maior carinho. Muito dinheiro público é gasto para a realização deste exame e desde quatro anos atrás os problemas vêm acontecendo, cada vez mais graves. Ano passado vazou a prova da gráfica.
O Ministro da Educação esteve hoje na televisão dando desculpas esfarrapadas, dizendo que apenas uma pequena porcentagem do total de provas estava com problema de impressão, que havia um número muito maior de provas “sobressalentes” sem erro e que por isso o problema não era grave. Ora, se existiam provas sem erro suficientes, porque entregaram para os estudantes justamente as erradas?
E cá pra nós, a empresa encarregada de elaborar e imprimir as provas não conferiu uma amostra da impressão, antes de mandar rodar toda a quantidade necessária? Todo mundo, qualquer pessoa confere um prova de qualquer trabalho antes de autorizar a impressão. E ninguém do Ministério da Educação ou seu preposto conferiu a elaboração da prova, para evitar os erros, para ver se estava de acordo, para detectar a bagunça feita com repetição de questões, falta de outras, questões iguais com números diferentes e questões diferentes com mesmos números?
Ninguém da importância, apenas manda fazer e pronto, seja o que Deus quiser, apesar de todo o dinheiro que é gasto nisso? Ninguém pensa no estresse dos estudantes, antes e durante a prova, que se prepararam, estudando muito, e vão ter que passar por tudo novamente?
E a maioria votou na continuidade disso que está aí.

domingo, 7 de novembro de 2010

FEIRAS DO LIVRO DE BLUMENAU E DE FLORIANÓPOLIS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Li o artigo “A Feira do Livro em Blumenau”, do escritor Viegas Fernandes da Costa, onde ele comenta e complemente crônica de Maicon Tenfen, acerca do fracasso do evento citado naquela cidade. “Tenfen aponta dois principais problemas na realização do evento: o espaço onde este é realizado, nas dependências acanhadas e decrépitas da Fundação Cultural, bem como a ausência de políticas públicas municipais voltadas à cultura. Concordando com os argumentos do colunista, queremos contribuir com o debate.
Não é possível culpar a população por não participar de uma feira de livros quando o próprio poder público se omite diante da necessidade de políticas culturais para a cidade. Com exceção do Fundo Municipal de Cultura, Blumenau não dispõe de políticas próprias e claras para o fomento da criação artístico-cultural e da formação de público. Vale lembrar que uma Feira do Livro, promovida pelo poder público, deve ser estratégia inserida no contexto de um planejamento para a cultura, e não mera ação voluntariosa, sem objetivos claros, estrutura digna e organização prévia, como ocorre em Blumenau. Afinal, para quem a Feira é promovida? Para o público leitor? Para a formação de um público leitor? Para os escritores locais? “
Parabéns, Viegas, você está completamente certo. Padecemos das mesmas coisas aqui na capital. A Feira do Livro de Florianópolis na verdade são duas, uma em maio e outra no final do ano, mas as duas poderiam reduzir-se a apenas uma, para melhorá-la. O Estado não dá apoio, apesar desse apoio (financeiro) ser solicitado há mais de três anos.
Antes da feira de início de ano, vimos no jornal Diário Catarinense e em out-doors pela cidade, propaganda do Donna Fashion dando conta de que a Câmara Catarinense do Livro era a patrocinadora do evento. Todo o meio literário do Estado estranhou, mas ninguém disse nada. Eu escrevi uma crônica e publiquei no meu blog e em alguns jornais, mas ninguém se acusou. Eu pedi explicações, alguém tinha que dar uma satisfação, um esclarecimento: se a Câmara não tinha dinheiro nem para fazer a sua feira, como podia "patrocinar" um evento de moda de uma empresa privada? Pois fui falar com o pessoal da Câmara e o presidente anterior me disse que o Estado "atendeu" o pedido de ajuda para a feira do livro, mas o dinheiro apenas passou pela Câmara e foi para o Donna Fashion, para pagar o “patrocínio” no evento de moda.
Aí acontece a feira como está acontecendo hoje, com uma pessoa só cuidando da organização, e é claro que assim não consegue nem agendar os lançamentos de escritores locais. Sem nenhum convidado ilustre, sem debates, sem palestras, apenas venda de livros e contação de histórias, declamação de poemas e alguns lançamentos.
Como bem disse Viegas, não há um objetivo declarado, não se sabe para quem é feita a feira, não há uma preparação, é tudo feito em cima da hora.
Uma pena. Tenho combatido muito, pedido soluções, mas sou só eu. O Olsen é outro que abre a boca, mas não está publicando em nenhum jornal.

sábado, 6 de novembro de 2010

PROJETO PRIMEIRO LIVRO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

A vigésima quinta Feira do Livro de Florianópolis está em andamento, no Largo da Alfândega. A Câmara Catarinense do Livro está tentando revitalizar o evento, que estava quase sem eventos paralelos, oferecendo quase que exclusivamente livros. Esta nova edição tem apenas um estande de livraria a mais do que a última e as atrações extras, como contação de histórias, alguns recitais, exibição de filmes, música, teatro e lançamento de livros de autores locais, em menor escala do que poderia ser oferecido, talvez, são quase as mesmas de outras feiras.
Não há grandes nomes da literatura convidados, como tem acontecido nas feiras do livro de Jaraguá e Joinville, por exemplo.
A novidade, bem-vinda, é o Projeto Primeiro Livro da Câmara Catarinense do Livro, lançado no início do ano, que já está com dois volumes sendo lançados nesta edição da Feira do Livro de Florianópolis, inaugurando a Editora da Câmara.
O projeto quer dar oportunidade aos novos escritores da terra que não tem, ainda, nenhum livro publicado. Segundo o presidente da Câmara, as quinze primeiras obras serão bancadas pela casa, com o apoio de empresas públicas e privadas.
Vem em boa hora a iniciativa, pois o Estado não tem nenhum projeto que beneficie os novos autores catarinenses e a Câmara está dando essa oportunidade. Existe uma lei que visa gerar oportunidade de publicação de obras para escritores catarinenses em geral, que não têm condições de custear a edição do próprio livro, foi aprovada, recentemente, pela Assembléia Legislativa. Falta ser sancionada pela governador, ainda, o que se espera que aconteça brevemente.Trata-se do Programa 100 Cópias, Sem Custo, projeto que é muito bem recebido pela classe literária catarinense. O programa autoriza a Imprensa Oficial de Santa Catarina a publicar obras de autores catarinenses. Mas não é apenas e simplesmente isso. A primeira edição, os cem primeiros exemplares impressos de obra avaliada e aprovada sairão de graça para o autor. Cada escritor terá direito de imprimir gratuitamente as cem primeiras cópias do seu livro. A avaliação do material enviado para a IOESC a fim de ser publicado será realizada por um Conselho Editorial vinculado à Secretaria de Administração do Estado, composto por representantes das secretarias de Administração, de Turismo, Cultura e Esportes, da Fundação Catarinense de Cultura e por um representante do Conselho Estadual de Cultura. Não vi mais notícia sobre o assunto, não sei se foi sancionado pelo governador, mas volto ao assunto.
A verdade é que falta apoio financeiro do Estado para que a Câmara realize mais eventos, como a publicação de livros e antologias, encontros de escritores e a própria feira do livro mais encorpada, mais interessante, com mais atrativos. Espera-se que o novo governo que está para tomar posse dê mais atenção a esse segmento da cultura em nosso Estado.
O regulamento para tentar a publicação do primeiro livro será publicado no site da Câmara Catarinense do Livro, logo depois que a feira terminar, segundo o presidente da casa. O endereço é http://www.cclivro.org.br/ .

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

RENASCIMENTO E MORTE

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Tenho duas notícias, uma boa e outra ruim. Vou começar pela boa. Em uma ou duas crônicas, no decorrer do mês passado, falei do sol particular da minha rua, que parecia ter definhado. Falo do ipê que floresce espetacularmente todo ano, mas nesse 2010 ele perdeu todas as folhas e parecia ter secado. Os outros ipês foram florescendo, por aqui e por outras regiões do Estado, mas ele continuou com os galhos desnudos, inerte e eu temia que estivesse morto.
Pois há alguns dias vi abrir uns poucos botões no galhos mais baixos e pensei, escrevi até, que ele estava com os galhos da metade para cima sem vida. Mas os pedacinhos de sol foram subindo de galho em galho e hoje já vi alguns botões se abrirem nos galhos mais altos, lá da copa. Fiquei muito feliz de ver que o nosso segundo sol renasceu, está vivo, que ele continuará brilhando na nossa rua, mesmo que em épocas desencontradas.
Hoje parece que vai chover, o tempo está nublado, e será uma pena, pois cairão muitas flores. Mas há muitos botões para abrir e acho que nos próximos dias nosso sol brilhará muito, mesmo que chova. Abençoado seja.
Agora, infelizmente, a notícia triste: lembram da minha crônica “Crueldade em Vida”, de anteontem, sobre a cadela que foi queimada viva aqui na grande Florianópolis? Pois estavam tentando salvá-la, embora ela estivesse com queimaduras de terceiro grau em mais de oitenta e cinco por cento do corpo, inclusive na cabeça, mas ela faleceu ontem de manhã, depois de quatro dias de agonia.
Transformou-se em símbolo da crueldade máxima que assola o mundo dos tidos como “racionais”. Acabou-se o sofrimento da pobre criatura, mas persiste a indignação da maioria, que com esse e outros exemplos, acabam sentido vergonha de pertencer à raça humana.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CRUELDADE EM VIDA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Mais um caso de monstruosidade contra animais está sendo mostrado pela mídia. Atearam fogo a uma cachorra de rua, em Palhoça, e ela tenta sobreviver, com a ajuda de uma veterinária, a mais essa agressão, com noventa por cento do corpo queimado.
A crueldade foi tanta que já estão pensando em eutanásia, pois o animal está sofrendo muito e a recuperação está sendo muito difícil, pois a pele toda foi queimada e é difícil até medicar.
Recentemente foi um cavalo, que tendo quebrado uma perna, ficou dias num atoleiro, até que alguém fosse acudir o pobre animal. Nesse caso ninguém provocou o ferimento, o que houve foi a falta de ajuda em tempo hábil, deixando o cavalo sofrendo debaixo de chuva.
Mas nesse caso da cadela Pedra, que teve o nome mudado para Vida, pela sua luta em sobreviver a mais esta desumanidade, é caso de polícia, pois quem comete uma crueldade assim com um animal dócil e carinhoso pode fazer o mesmo com um ser humano.
A verdade é que quem é capaz de fazer uma coisa dessa com um ser vivente não é um ser humano. A violência está se tornando corriqueira, está sendo banalizada, mata-se animais, pessoas, por qualquer coisa.
No caso de Pedra, ou Vida, cogita-se que o que causou toda a crueldade foi o fato dela estar no cio. Isso justifica o que fizeram com ela? Nada justifica. O autor desse crime precisa ser identificado e preso, para que atos como esse não se repitam.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

LIVROS OU APOSTILAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Uma matéria sobre livros e apostilas, numa grande revista semanal de informação, me despertou a atenção. Em três páginas, a matéria mostra as vantagens da apostila, tentando explicar porque centenas de escolas públicas, pelo Brasil, mas principalmente em São Paulo, estão recusando os livros didáticos do MEC – gratuitos para as escolas – e substituindo-os pelas apostilas, que cada município tem que pagar dos próprios cofres, tanto a elaboração quanto a impressão.
Os autores do texto ficam meio em cima do muro, pois colhem muitos depoimentos e aqueles que estão usando, defendem, já outros professores, de universidades como a Unicamp e USP, olhando de fora, condenam.
Já falamos bastante de apostilas, em outras oportunidades, mas o uso delas nas escolas públicas é novidade. Os livros didáticos distribuídos pelo MEC podem não ser os melhores, mas já estão pagos, a União já pegou dinheiro dos cofres públicos e pagou-os, ou seja, nós pagamos, porque são os impostos que pagamos que compõe a receita federal.
As apostilas, em contrapartida, além de precisarem ser pagas pelos municípios, de novo com o mesmo dinheiro do contribuinte, que estará pagando duas vezes, então, tem a péssima característica de ser, não raro, colchas de retalho, com material extraído dos mesmos livros didáticos que estão sendo preteridos.
Não sei como as apostilas são usadas hoje, mas sou professor e quando dava aula em colégio particular, via alguns professores usando apostilas de maneira totalmente errada: chegavam na sala, mandavam abrir a apostila na página tal, mandavam ler a lição, depois mandavam fazer os exercícios e alguns nem sequer faziam a correção. Isso sem contar que as apostilas, na escola particular, custam uma fortuna. Esperemos que nenhum aluno de escola pública tenha que pagar qualquer valor por elas.
A verdade é que se o professor não for bom, não for qualificado, não vai adiantar usar nem livros, nem apostilas. Depende muito do professor. Um professor dedicado, abnegado, como já tive o privilégio de conhecer alguns, com minhas incursões em escolas municipais e estaduais, pode usar a apostila com muita sabedoria, em proveito dos alunos, com vantagens para ambos. Ou o livro didático. Ou nenhum dos dois.
O que deixa a todos nós indignados, é o fato de jogarem dinheiro fora: recusar livros que já estão pagos, gastar mais dinheiro com apostilas que podem ter qualidade duvidosa e que podem não trazer benefício nenhum para os estudantes.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

BIBLIOTECÁRIOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/

Um deputado estadual apresentou, no mês de julho, um projeto que cria o cargo de bibliotecário escolar na rede pública de Santa Catarina. A proposta vem sendo cogitada há uns quantos anos, pois o Conselho de Biblioteconomia e a Associação Catarinense de Bibliotecários, ao contrário da Secretaria de Educação, vem percebendo a necessidade de um profissional qualificado, nas escolas públicas, apto a cuidar e manter uma boa biblioteca, para que seja de uso pleno para os estudantes.Eu sei bem o que ocorre nas escolas estaduais e municipais, pois tenho visitado algumas e verifiquei in loco a falta que o bibliotecário faz. Em algumas escolas, um professor “readaptado” – aquele que voltou de uma licença saúde e não está em condições de enfrentar a maratona das salas de aula, por exemplo, pelo que entendi – e dedicado, diga-se de passagem, se encarrega de receber, catalogar, emprestar e receber de volta, entre outras tantas coisas, dando utilidade ao acervo que compõe a biblioteca de uma escola.Em boa hora aparece alguém para, finalmente, providenciar o preenchimento dessa lacuna enorme que o Estado não teve, até agora, interesse nenhum de preencher, não disponibilizando um profissional para cuidar dos livros das escolas.Uma escola sem livros não é escola e é lamentável ver uma casa de educação com seus livros fechados em uma sala, amontoados sem que ninguém se ocupe deles, cuide deles para que a sua função, a função dos livros se cumpra junto aos estudantes, seja permitir pesquisas e ter opção de escolha para leitura.O projeto se baseia na Lei federal 9.674/98, que não cita as bibliotecas das escolas, e sim as bibliotecas municipais, mas regula o exercício da profissão de bibliotecário, as atividades e competências do profissional, assim como registro, penalidades, recursos, etc.Então estamos torcendo para que essa lei, que vai tornar as bibliotecas das escolas municipais bibliotecas de verdade, funcionais e eficientes, seja sancionada logo. Nossos estudantes merecem isso e precisam disso.